Amar o próximo

    A liturgia deste XXIII Domingo do tempo comum nos focaliza a realidade do perdão e do amor: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, “o amor é o cumprimento perfeito da Lei” (Rm 13, 9c-10). Em todas as leituras deste Dia do Senhor, a Palavra de Deus vem insistir que somos responsáveis uns pelos outros e devemos ser um suporte para os fracos, indecisos, tíbios, apáticos na fé e no seguimento de Jesus.
    A primeira leitura Ez 33,7-9 – A missão do profeta Ezequiel é a missão de cada um de nós: Vigiar e zelar pela vida e felicidade dos próprios irmãos! Somos responsáveis pela transmissão da Palavra de Deus junto a nossos irmãos. O profeta não somente é o porta-voz de Deus, mas também uma sentinela para o povo. A sentinela era alguém que estava de prontidão, que permanecia acordado enquanto todos dormiam. Era alguém que percebia a aproximação de um inimigo ou de um viajante noturno aos portões da aldeia. Esse simbolismo nos ajuda a ver nossa responsabilidade para com as pessoas com as quais convivemos em casa, no trabalho, na vizinhança, nos círculos de amizade, na Igreja.
    A Segunda leitura Rm 13,8-10 – enuncia que os Mandamentos da Lei de Deus não são caprichos de Deus! São caminhos seguros de felicidade! Eles não escravizam; pelo contrário, libertam e conduzem para a salvação. O “amor não pratica o mal contra o próximo” e também não quer o mal para os outros. O fato de alguém não fazer nenhum ato de maldade não significa que possa ficar confortável, dizendo a si mesmo: “Não roubei, não matei, logo sou bom para meu próximo”. Quem não pratica o mal, mas omite ou negligencia a responsabilidade pelo outro, não ama verdadeiramente o seu próximo.
    No Evangelho Mt 18,15-20 – Jesus não veio para abolir as Leis e os Profetas; Ele veio para aperfeiçoar as normas de Deus. As normas de Deus são sabedoria e caminhos seguros de salvação e de felicidade! Aqui nesta página do Evangelho de hoje, Jesus ensina como corrigir um membro da comunidade. Primeiro, corrigi-lo a sós. Se isso não adianta, é necessário levar consigo uma ou duas testemunhas, conforme a Lei de Moisés (Dt 19,15). Se isso não basta, deve-se apresentar o caso à comunidade eclesial. E se, mesmo assim, o indivíduo não quer ouvir, seja expulso da comunidade, à qual é dado o poder de “ligar (obrigar) e desligar (deixar livre)” (Mt 18,18). Pois quando dois ou três se reuném em seu nome, Deus está no meio deles (18,19). Diz Jesus: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo”(Mt 18,15).Este primeiro momento demonstra o respeito e o amor para com o próximo. Muitas vezes acontece que se espalha o erro da pessoa aos quatro ventos. Esta atitude não é cristã! É necessário rezar, pedindo as luzes do Espírito Santo para saber quando se deve calar… quando se deve falar… e como falar…
    O Evangelho deste domingo situa-se no contexto do “sermão sobre a comunidade”, cujos textos são direcionados especificamente para orientar a vida na Igreja. E um tema muito precioso para o Evangelho de Mateus é a correção fraterna, essencial para o crescimento pessoal do cristão na comunidade. O amor cristão não é simplesmente amizade ou simpatia humana, mas o fruto da presença do próprio Espírito de Amor, o Espírito Santo em nós: “O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado! ” (Rm 5,5) É desse amor que fala São Paulo no capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios; é esse amor que “cobre uma multidão de pecados” (Tg 5,20), é esse amor que é “a plenitude da Lei”. Só ama assim quem se abre para o amor de Cristo, deixando-se guiar e impregnar pelo seu Espírito de amor! A Igreja deve ser o ambiente impregnado desse amor, mais forte que nossas diferenças de temperamento, de opiniões, de modo de agir… “Onde está o amor, a caridade, Deus aí está”; onde o amor reina, o Reino de Deus está presente neste mundo! A Igreja deve ser o lugar do amor, lugar do Reino!
    É nesssário saber que a correção é um modo de amar, é um modo de preocupar-se com o outro e com a Comunidade que é ferida pelo pecado e o mau exemplo. A correção pode salvar o irmão. Quantos escândalos nas nossas Comunidades poderiam ter sido evitados se houvera a correção no momento oportuno e do modo discreto e sincero que Jesus nos recomenda.
    Somos convidados a encarnar a Palavra de Deus em nossa vida. Sendo assim, olhando para a liturgia deste domingo, o Senhor nos chama a praticar o amor e a correção fraterna. Acolher com amor e no amor. Nossa maior preo¬cupação deverá ser de caridade fraterna para conduzir os irmãos que se distanciaram de volta à comunhão com Deus expressa na comunidade crente. Se fizermos isso, certamente a Igreja desempenhará bem seu papel de mediação da boa-nova de Jesus Cristo.

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