A Revelação como Palavra de Deus O segundo volume da Coleção Cadernos do Concílio Vaticano II em preparação ao “jubileu da esperança” que viveremos no próximo ano trata do tema: “A Revelação como Palavra de Deus”. Esse tema está intimamente ligado à Constituição Apostólica “Dei Verbum”, que trata explicitamente da Palavra de Deus. A partir da Palavra Deus criou o Universo e depois de um determinado tempo essa Palavra que estava com Deus, e era Deus, se fez carne. Deus se revela à humanidade através de seu Filho, Jesus Cristo. A revelação de Jesus é cumprimento perfeito da revelação de Deus. Em um determinado momento da história Deus enviou um anjo para anunciar a Maria que ela seria a Mãe do Filho de Deus. Ele quis que seu Filho nascesse em uma família humana, que fosse igual aos homens e ensinasse à humanidade o caminho do amor. Permitiu que Ele morresse na Cruz para salvar a todos nós. A “Dei Verbum” nos diz que a revelação foi uma iniciativa gratuita de Deus, entra em relação com o homem para mostrar a sua intimidade. “Aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-se e dar a conhecer o mistério de sua vontade” (DV n.2). Como nos diz São João em seu Evangelho “A palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós”. Ao longo da história da salvação há momentos certos para as três pessoas da Santíssima Trindade se revelarem: Primeiro Deus Pai se revela ao criar o universo, depois Ele revela o seu Filho à humanidade e por fim é revelado o Espírito Santo. Segundo a Dei Verbum, a única fonte para sabermos que Deus verdadeiramente se revelou a humanidade é através da Sagrada Escritura. Na Palavra de Deus está contida toda a história da salvação e a presença de Deus na vida da humanidade ao longo do tempo. No antigo testamento, Deus faz uma primeira aliança com a humanidade, só que esse povo era um povo de “cabeça dura” e por vezes se desviava dos caminhos de Deus e optava pelo pecado, mas Deus sempre teve paciência com esse povo e perdoava as suas transgressões. Na Sagrada Escritura consta também que num determinado momento da história Deus revela o seu Filho Jesus, com o intuito de selar uma eterna aliança de amor com a humanidade e renovar aquela primeira. Por fim, consta na Sagrada Escritura também que o Espírito Santo é revelado quando Jesus sopra sobre os discípulos esse mesmo Espírito e nasce assim a Igreja primitiva, e esse mesmo Espírito nos acompanha até os dias de hoje. Uma das preocupações da “Dei Verbum” é passar aos fiéis o caráter vivo da Palavra de Deus, ou seja, as palavras contidas na Escritura não devem ficar apenas na teoria, mas aquilo que ali está escrito deve nos levar a praticar. Em via de regra, a Palavra de Deus nos leva a praticar o amor a Deus e ao próximo, pois toda a lei se resume no amor. Portanto, a Palavra de Deus não é um livro qualquer e que lemos um capítulo e depois esquecemos o que lemos, a Palavra de Deus é diferente, não podemos esquecer o que lemos e ainda devemos pôr em prática aquilo que lemos. A Palavra de Deus faz parte de todas as culturas, a mesma Palavra pode ser anunciada aqui no Brasil, como em outros países e culturas. Ao anunciar a Palavra de Deus devemos exortar as pessoas a deixarem a vida de pecado, acolher a Palavra, e a partir da Palavra comungar da Eucaristia. Devemos exortar as pessoas a acolherem a Palavra como Palavra de Deus de fato, e por meio dessa acolhida amar o próximo. A Igreja Católica não exige que carreguemos a Bíblia debaixo dos braços e nem exige para irmos com a Bíblia na missa, mas ao longo da missa ouvimos a Palavra e temos que colocar em prática aquilo que ouvimos. E ainda, ler e meditar a Palavra em casa, e não deixá-la apenas aberta na prateleira. A “Dei Verbum” nos diz ainda que a nossa resposta à Palavra de Deus deve ser a escuta, ao escutar é uma forma de acolhida da Palavra e ela vai se interiorizar em nosso coração. Da mesma forma quando rezamos e oramos a Deus, a oração é um diálogo, onde eu falo e devemos parar para escutar Deus em nosso coração. Não podemos somente nós falarmos, se não, não saberemos qual caminho seguir. Do mesmo modo, ao ler a Palavra de Deus, temos de ler e fazer um silêncio para interiorizar e escutar com o coração àquela Palavra. A “Dei Verbum” fala ainda de uma tríplice resposta que a Igreja deve colocar em ação após a acolhida da Palavra. A primeira é o “narrar”, ou seja, a Palavra de Deus conta diversas histórias que constituem a história da salvação, essa narrativa deve envolver o leitor para que responda aquela história com fé. A segunda resposta é o “evocar”, ou seja, ao meditarmos a Palavra de Deus evocamos a Deus e mergulhamos no mistério. A Palavra de Deus nos conduz para o mistério da Eucaristia, ou seja, quando participamos da missa, participamos de duas grandes mesas: Palavra e Eucaristia. A terceira resposta é a “performatividade”, essa terceira resposta nos estimula a colocar em prática aquilo que ouvimos. A Palavra de Deus deve nos levar a uma mudança de vida e conformar a nossa vida com aquilo que está na Palavra. Por fim, a “Dei Verbum” termina dizendo que a Palavra de Deus corre, ou seja, ela tem que ser anunciada de maneira urgente e exortando as pessoas para que se convertam. Se faz necessário nos dias de hoje essa urgência de anunciar a Palavra, muitas pessoas estão afastadas de Deus e sedentas da palavra. Do mesmo modo que Maria Madalena saiu correndo para anunciar aos discípulos que Jesus havia ressuscitado, assim deve ser o anúncio da Palavra de Deus, percorrendo bairros, casas e comunidades. Que a alegria de Cristo ressuscitado tome conta do mundo. A Igreja celebra o mês missionário em outubro, mas a missão não deve ficar somente no mês de outubro, deve ser realizada todos os meses do ano. O anúncio da Palavra não pode parar, temos que sair de nossas casas, das sacristias de nossas igrejas para evangelizar aqueles que estão afastados da Igreja. Como nos exorta o Papa Francisco temos que ser uma Igreja em saída e não podemos parar no tempo. Convido a cada um a ler o documento “Dei Verbum” que fala sobre a Palavra de Deus, e convido ainda a meditar e anunciar a Palavra. Que Deus nos ajude nesse bom propósito e sejamos discípulos e missionários do Senhor. Amém.

Mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais 

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