A massa humana manipulada

    “O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho”.

    Theodor Adorno (1903-1969), foi filósofo, sociólogo, psicólogo e compositor alemão.

    Os comportamentos são revelativos por sinais que a muitas pessoas não conseguem ocultar ou desconstruir. Tais sinais indicam comportamentos doentios. Tem indivíduo que é tão ridículo em suas atitudes que não enxerga o quanto é doente e indelicado! Fica muito difícil a busca de tratamento devido à falta de cultura psicoterapêutica. O povo alienado não desfruta da riqueza do “divã” e da “terapia psicológica”. A massa humana foi condicionada ao estado misoneísta, boçal, vicioso, maus-costumes, etc. Boçalizaram e estupidalizaram exacerbadamente o povo, daí as perturbações mentais, desigualdade social, a violência e o descaso da: ARTE, CULTURA, CIÊNCIA, POESIA, LITERATURA CLÁSSICA, TERAPIA E ESPIRITUALIDADE. O povo é manipulado por crendices, superstições, magias, espetacularizações religiosas, com uma liderança sádica, patológica e capitalista, a mídia enganosa, educação ideológica e a fatal patologia: ANOSOGNOSIA!

    Já dizia a famosa Sentença Latina: “VULGUS VULT DÉCIPI” – O POVO QUER SER ENGANADO OU GOSTA DE SER ENGANADO’’.

    Pão e Circo

    PANEM ET CIRCENSES” – PÃO E CIRCO – comida e diversão para o povo.

    Segundo uma das sátiras do escritor e poeta latino Décimo Juvenal (entre 55 e 60-127), a plebe romana só queria saber de pão e circo, comida e diversão, sendo esta uma das razões do declínio do Império. Vários imperadores providenciaram o cumprimento desta máxima, entre os quais Lúcio Vero (130-169), que partilhava com o povo o gosto pelos esportes, principalmente os espetáculos de gladiadores, bem antes das perseguições que levaram os cristãos à maior arena do Ocidente para serem comidos por leões. A frase, retomada por autores de diversas épocas e países, consolidou-se como sinônimo de uma certa preguiça, manipulação e ignorância universal.

    Elias Canetti

    Elias Canetti conhecia profundamente a manipulação da massa humana e ele retrata de forma abissal em sua obra magna: “Massa e Poder”.

    Assustado e pesaroso diante do espetáculo de adesão crescente das massas populares às organizações nazistas, na Alemanha e na Áustria dos anos 1930, o então jovem escritor Elias Canetti passou as três décadas seguintes tentando decifrar os segredos profundos da humanidade em suas manifestações mais corriqueiras e terríveis: mandar e obedecer; matar e sobreviver; medo e voracidade; paranoia e poder. O resultado dessa obsessão é esta obra-prima do ensaísmo, que une descrição narrativa a diversas áreas do saber, entre elas: antropologia, psicanálise, economia política, história das religiões, ciência política e sociologia da cultura, e destrincha de modo singular a propagação do mal na contemporaneidade.

    Elias Canetti (1905-1994) foi um romancista e ensaísta de nacionalidade búlgara e britânica que escrevia em língua alemã. Foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1981.

    Escreve Canetti: “A ambição do poder é o núcleo de tudo. A paranoia é, no sentido literal da palavra, uma enfermidade do poder”, (Canetti, 1983, p. 498). Veja o que pode fazer o orador, o líder com a massa humana: “A arte do orador consiste em conseguir resumir e expressar vigorosamente tudo o que deseja em palavras de ordem que ajudam a constituição e a manutenção da massa. Ele gera a massa e a mantém viva através de uma ordem superior. Depois de ter conseguido isso, não tem muita importância o que ele realmente irá exigir dela. O orador pode insultar e ameaçar um aglomerado de indivíduos isolados da maneira mais terrível; mesmo assim eles o amarão, se dessa maneira ele conseguir formá-los como massa”, (Canetti, 1983, p. 346).

    Conclusão

    Sempre existiu e sempre existirá uma “Elite Poderosa”, “Aguerridos Intelectuais”, que mantém o controle, o poder e a manutenção do capital em detrimento do projeto de dominação da massa humana enganada, ignorante, preguiçosa e doente. Daí a demência, o tédio e desânimo para estudar, ler, pesquisar, de procurar meios de libertação, sair das armadilhas do sistema e não ser fonte econômica de sustentação de instituições com a sua liderança que vivem no luxo, na luxúria e louca por lucro!

    A verdade liberta, o conhecimento triunfa, a consciência configura a dignidade, a sabedoria faz o comportamento agir de forma culta, justa, educada, respeitosa, elegante, solidária e virtuosa. Mente sadia, comportamento salutar para bem de todos.

    Fonte:

    CANETTI, Elias. Massa e poder. São Paulo: Melhoramentos, 1983.

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