A importância do espaço sagrado

    A celebração da Santa Missa, em concordância com a universal tradição da Igreja, têm uma importância extrema para todo católico. Nela, atualizamos diariamente o mistério pascal de Cristo (cf. SC 47). Na Instrução Geral do Missal Romano, encontramos uma orientação bastante importante, sobre o espaço sagrado para celebrar a Eucaristia: as Igrejas e demais lugares devem prestar-se à execução das ações sagradas e à ativa participação dos fiéis (288), para que alimentem a fé e a piedade e correspondam ao seu verdadeiro significado e ao fim a que se destinam (289). Portanto, convém que a disposição geral do edifício sagrado seja tal que ofereça uma imagem da assembleia reunida, permita uma conveniente disposição de todas as coisas e favoreça a cada um exercer corretamente a sua função (294).

    Para melhor o serviço da ação evangelizadora e o bem pastoral, expressão do mistério da salvação realizada na vida do povo de Deus, a normativa canônica orienta que no cânone 1210: no lugar sagrado, apenas se admita aquilo que serve para exercer ou promover o culto, a piedade e a religião; e proíbe-se tudo o que seja discordante da santidade do lugar. Estejamos cientes e atentos às normas, assim reafirmo, que o espaço sagrado deve ser usado, exclusivamente, para a celebração da missa, devendo-se evitar todo e qualquer outro tipo de manifestação. O templo abençoado ou dedicado a Deus e o altar são consagrados, são espaços sagrados e, por isso, devem ser respeitados e deve-se evitar tudo aquilo que não é litúrgico. Convém que esse tipo de ação seja realizada do lado de fora da Igreja ou no salão paroquial.

    Recordo ainda que, algo de suma importância e que às vezes presenciamos em determinadas celebrações, como por exemplo, batizados e casamentos, que é nosso dever orientar os pais, padrinhos e noivos, quanto às vestimentas, para participar da ação litúrgica e o respeito ao espaço sagrado, onde ela se realiza.

    A Igreja não se trata de um local turístico ou de passeio, mas de um lugar sagrado, santo e que podemos ouvir ressoar em nossos ouvidos: “tira as sandálias dos pés, pois o lugar que estás é Santo” (cf. At 7,33), do mesmo modo que ressoou nos ouvidos de Moisés. Não que tenhamos que entrar descalços na Igreja, mas é necessário respeitar. Do mesmo modo que nós somos “templos vivos” de Deus e temos que respeitar e cuidar do nosso corpo, temos que respeitar e cuidar do “templo de pedras”, que foi consagrado ao Senhor.

    Ademais, o assunto em pauta vale para o nosso comportamento durante a celebração da Missa. A começar pela vestimenta: temos que usar roupas adequadas próprias de ir à Igreja. Um segundo ponto, importante, trata-se dos gestos e posições do corpo durante a celebração. Diz assim a Instrução: os gestos e posições do corpo, tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do povo, devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, se compreenda a verdadeira e plena significação de suas partes e se favoreça a participação de todos (42).

    Temos observado, durante a celebração da missa, um excesso de gestos, que dificulta perceber os gestos e posições do corpo como “sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia” (42), o que não exprime e não estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes. Como terceiro ponto e não menos importante, devemos evitar durante a Santa Missa o uso de celular e focar nossa atenção, no mistério que está sendo celebrado.

    Dada à importância deste sacramento, a Igreja se empenha com todo seu zelo para que os fiéis não se comportem como estranhos, nem como meros espectadores, mas sim bem-motivados pelos ritos e pelas orações, participem consciente, piedosa e ativamente da ação sagrada. Se ficarmos na missa olhando o celular, não conseguiremos prestar atenção nas duas coisas, ou focamos no celular ou no mistério celebrado. Portanto, não podemos esquecer que a liturgia é uma escola de vida cristã e o momento forte de motivação da fé. Para participar da celebração Eucarística, devemos respeitar o espaço sagrado; participar ativa e conscientemente; escolher a melhor roupa; e esquecer celular e tudo aquilo que está no mundo externo. Tudo isso para nossa santificação e para a glória de Deus.

    Descreve o Papa Francisco em sua Carta Apostólica Desiderio desideravi que toda a celebração eucarística é imersa no silêncio que precede o seu início e marca cada instante do seu desenvolvimento ritual. Efetivamente, está presente no ato penitencial, após o convite à oração, na liturgia da Palavra (antes das leituras, entre as leituras e após a homilia), na oração eucarística, depois da comunhão (52). A Igreja é um local de oração, onde deve se fazer silêncio. O silêncio litúrgico é o símbolo da presença e da ação do Espírito Santo que anima toda a ação celebrativa. Por esse motivo, muitas vezes constitui o ápice da sequência ritual (52). Ao verificar a presença e participação dos fiéis nas ações litúrgicas, percebemos, muitas vezes, que se comportam como se estivessem numa feira, ou mercado. A Igreja é a casa de oração, local de respeito, onde se consagra diariamente o Corpo e Sangue de Cristo.

    Em primeiro lugar, ao chegar na Igreja, devemos ir direto à capela do Santíssimo e saudar o “dono da casa”, que é Jesus que está lá no sacrário. Diante do sacrário, nós fazemos genuflexão e nos ajoelhamos em perfeita adoração. Ao sair de diante do sacrário, devemos ir ao local que vamos nos sentar e aguardar em silêncio o início da celebração, respeitando aqueles que estão em oração. A missa, normalmente, tem a duração de uma hora. Que ao longo desse tempo possamos centralizar nossa atenção, mente, coração e alma na celebração da Eucaristia e deixar o celular e as preocupações do mundo de lado.

    O silêncio ao templo sagrado vale não somente para a celebrações Eucarísticas, mas em qualquer momento em que entrarmos na Igreja, seja para rezar diante do santíssimo, para fazer o nosso momento de oração ou para a celebração Eucarística. Inclusive, em nossa oração, para ouvir Deus falar conosco, temos que fazer silêncio, pois a oração é um diálogo, falamos e deixamos Deus falar conosco.

    O Catecismo da Igreja Católica ensina a respeito de nosso comportamento durante a celebração Eucarística: “A atitude corporal (gestos, trajes) deve traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede” (CIC §1387). Devemos participar da Santa Missa com alegria e entusiasmo, devemos deixar as preocupações e tristezas do lado de fora e focar na alegria de servir a Cristo. Ao mesmo tempo, não devemos buscar ser o centro da celebração, o centro deve ser sempre o “Cristo”.

    Deus para revelar-se e comunicar-se usa sinais sensíveis. Por isso, a Liturgia é feita também de sinais sensíveis. A presença real e viva de Jesus na Liturgia deve ser percebida e sentida, como que de maneira palpável. O próprio espaço celebrativo deve comunicar esta presença. (Pontifical Romano). Segundo o Pontifical Romano, a Igreja deve ser reservada única e exclusivamente para a celebração do mistério pascal de Cristo.

    Como dizemos na doxologia final, antes da oração do Pai Nosso, finalizando a celebração eucarística: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”. Todo o nosso louvor deve ser para Cristo, Ele deve estar em nós e nós com Ele.

    Respeitemos sempre o espaço sagrado, que o templo seja dedicado única e exclusivamente para a celebração Eucarística e as outras manifestações para-litúrgicas, festejos e encenações sejam feitos fora da Igreja.

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