A FORÇA DA PALAVRA

                Os maiores e mais enigmáticos mistérios que cercam a existência humana estão registrados na sua escrita. Desde que os sumérios, a quem se atribui sua invenção, passaram a documentar nossa história, a ciência humana ganhou vida e espiritualidade e nossa sabedoria evoluiu. Resta saber se positiva ou negativamente. Se considerarmos os registros sagrados dos povos tementes a Deus, sim, foi uma evolução para melhor. Mas se considerarmos as crendices e superstições advindas das tradições pagãs, pobres de nós!

                O fato é que dessa evolução da escrita herdamos muitos dos fragmentos que hoje constituem a coletânea de livros sagrados que fundamentam muitas das grandes religiões hoje conhecidas, dentre elas o próprio cristianismo. A Bíblia é uma dessas heranças cujo teor histórico e religioso atribuímos como obra divina, registrado por criaturas humanas, mas inspirado pelo próprio Criador. Livros históricos com mensagens que ultrapassam a realidade humana.

                Seus enigmas estão presentes já nas primeiras páginas, num registro extremamente poético da genealogia humana, bem representada na odisseia de Adão e Eva, nossos pais e personagens míticos da nossa origem. Antes deles, a Palavra era tudo. Ou seja, da Palavra criativa de Deus tudo se originou. “Deus disse” – e tudo se fez! E aqui estamos…

                Compreender esse pequeno detalhe da Palavra de Deus é um grande passo para quem deseje aumentar sua fé e redimensionar sua vida à luz das Revelações divinas. Tudo se criou com a força da palavra! Tudo se cria a partir dum desejo proferido, proclamado, desejado. É esse o grande segredo que muitos ainda ignoram em suas vidas e que não valorizamos ou dele usufruímos para continuar a obra criativa de Deus entre nós e em nós. Publicar nossa fé e proferi-la sobre nossos telhados, acima da realidade que cerceia nossa espiritualidade e nossa força interior é o que nos ensinam muitos dos textos bíblicos. O poder criativo está na palavra proclamada, na expansão da nossa fé.

                Os grandes desastres da humanidade aconteceram exatamente em momentos de crises de identidade pelos quais atravessamos, deixando de lado muitos dos ensinamentos bíblicos. Sempre que a história se distanciou das questões espirituais e a descrença se generalizou, algo de muito ruim marcou o livro da vida que continuamos a escrever. Os vinte anos das torres gêmeas, tombadas pela prepotência de uma religiosidade sem compaixão, é um exemplo bem vivo de onde pode chegar nossa espiritualidade sem a compreensão da simplicidade de Deus. Basta que Deus diga e que nós o compreendamos! Deus o diga e possamos obedecê-lo! Que se proclame a Palavra e tudo será transformado…

                Tudo isso ainda digo motivado pela experiência pessoal da minha própria conversão – que não difere de nenhuma outra. Um dia nos deparamos com o enigma bíblico, a grande pergunta da humanidade: “Para onde vais?” Para onde caminha a humanidade sem Deus? A resposta do pequeno profeta ainda ecoa nas páginas da Revelação: “Aqui estou, Senhor! Envia-me”! Isto é, se não tem “tu”, vai “tu” mesmo. Deus ainda conta conosco para salvar o mundo. Ouve nossos dilemas, respeita nossas opiniões, mas avalia nossa fé. E condiciona: “Quem quiser ser meu discípulo, tome sua cruz e me siga!”. Ainda que possamos admirar a poesia da Palavra e sua força criativa, há um caminho a seguir e este passa pela cruz. Pela purificação de nossos corações conturbados!

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