A eficácia da comunhão eucaristica

    Nunca se reflete demais sobre as maravilhas que a Eucaristia oferece ao cristão, quando este emprega todos os meios para usufruir ao máximo deste sacramento. As palavras textuais de Cristo encerram em si a grandiosidade do momento da Comunhão: “Quem come minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu permaneço nele” (Jo 6,57). Presença inefável, reduplicada, ou seja, Ele em nós e nós nele. Eis por que as almas piedosas crescem espiritualmente sob o influxo desta união íntima e profunda com Aquele que é o “Santo de Deus” (Jo 6,68). A prova disto é a mudança radical que se dá na existência do comungante. Este pode bem avaliar os efeitos admiráveis da Comunhão. Desde que haja uma preparação eficaz para a recepção do Corpo de Cristo, maravilhas acontecem para o seguidor de Jesus que passa a irradiar por toda parte o amor ao divino Redentor e ao próximo. Na verdade, quando há as devidas disposições da parte do fiel, os resultados são perceptíveis na sua existência e em seu derredor. Os defeitos vão desaparecendo e as virtudes florescendo. Isto é sinal inequívoco de que, humanamente falando, tudo foi feito para bem receber a graça sacramental inerente a este contato com o Filho de Deus. Quem assim procede vai tendo gosto pela oração e passa a cumprir com mais empenho os deveres de cada dia. Aparta-se da improbidade e de tudo que contraria a vontade de Deus expressa em seus sagrados mandamentos e em suas inspirações. Em consequência, evita o que possa manchar a própria consciência. Está no mundo, mas não pertence ao mundo e suas ilusões. Dá-se a transformação em Cristo. Fruto de uma vigilância permanente, uma segurança interior é o prêmio daquele que vive em função das realidades eternas.  Quem se alimenta do Corpo de Cristo vai se abandonando em suas mãos divinas e, ainda que venham as tribulações inseparáveis à passagem por esta terra de exílio, pode repetir com São Paulo: “Eu tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13). O colóquio com Cristo no instante da Comunhão é o penhor seguro de todas as vitórias contra as más inclinações.  É o momento propício para agradecer as graças recebidas e pedir, sobretudo, a perseverança no bem. Santo Agostinho ensina que se deve ir à mesa eucarística com alegria e ostentando profundo respeito. Acrescenta o sábio mestre de Hipona: “Se te chegares a Ele, te incorporares nele, serás humilde” […] “O soberbo tem corrompido o paladar do espírito” […] “O soberbo tem o ouro em suas arcas; o humilde tem Deus em seu coração”. Assim sendo, humildemente, quem vai comungar, no dizer do mesmo santo, deve se reconhecer mendigo dos favores divinos; débil, porque cercado de fraquezas; cego necessitado das luzes daquele que pôde afirmar: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”. (Jo 8,12) Santo Tomás de Aquino no seu Sermão para a Festa de Corpus Christi deixou este conselho: “Aproxima-te da Mesa do Senhor, desta Mesa magnífica e poderosa, de tal maneira que possas chegar um dia às Bodas do verdadeiro Cordeiro, lá onde seremos inebriados da abundância da Casa de Deus; lá onde veremos o Rei da glória, o Deus das virtudes em toda sua beleza; lá onde degustaremos o Pão vivo na realeza do Pai, pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, cujo poder e império perduram para sempre”. São João Maria Vianney lembrava a seus paroquianos que “a Comunhão nos diviniza de tal forma que, ela é uma extensão da Encarnação”. É que, como escreveu São João Crisóstomo, “quando nos unimos a Jesus Cristo neste sacramento, nos fazemos um com Ele”. O referido Cura d`Ars com razão asseverou que “uma alma bem disposta recebe na Comunhão um favor incomparavelmente maior do que todas as visões ou revelações que todos os santos juntos jamais tiveram”. O cristão que comunga, realmente, percebe em si um fogo divino, um tal poder que é, de fato,  capaz de vencer todas as invectivas do inimigo de sua salvação eterna. Santa Teresinha do Menino Jesus assim se expressou: “A fé na Eucaristia é um tesouro que é preciso procurar pela interioridade, guardar pela piedade e defender através da austeridade de vida”. São Cipriano advertiu: “uma alma cai nas garras do demônio, quando não é sustentada pela Eucaristia”.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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