1º Domingo do Advento

    Ao iniciarmos o Tempo do Advento, ajustemos o coração para acolher Aquele que vem.

    A primeira leitura, do profeta Isaías – Is 2,1-5 –, apresenta uma visão que exige decisão: “Acontecerá, nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firme no alto das montanhas… para ele afluirão todas as nações” (Is 2,1-2). Isaías convoca cada povo a subir ao monte do Senhor e a aprender seus caminhos. Ele não descreve espectadores, mas pessoas que tomam a iniciativa de se mover em direção a Deus. O profeta anuncia ainda a grande transformação que nasce dessa escolha: “De suas espadas forjarão arados, e de suas lanças farão podadeiras” (Is 2,4). Quem caminha na luz abandona a lógica da violência e acolhe a paz. Com firmeza, Isaías conclui: “Vinde, casa de Jacó! Caminhemos à luz do Senhor!” (Is 2,5). O Advento exige exatamente isso: levantar-se, escolher a luz e iniciar o caminho.

    O salmo reforça essa disposição interior: “Que alegria quando me disseram: Vamos à casa do Senhor!” (Sl 121,1). O salmista não espera; ele sobe para Jerusalém com alegria e firmeza. Ele pede paz para a cidade santa: “Rogai que viva em paz Jerusalém” (Sl 121,6). Essa alegria nasce de uma decisão concreta: entrar na presença de Deus, aproximar-se do seu templo, deixar-se conduzir pela sua Palavra.

    Na segunda leitura – Rm 13,11-14 –, São Paulo fala com um tom direto e urgente: “Já é hora de despertar. Agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). Paulo nos chama a romper com toda acomodação espiritual. Ele ordena: abandonem as obras das trevas e vistam “as armas da luz” (Rm 13,12). Não descreve um processo passivo; exige atitude. E conduz ao centro do Advento: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,14). O tempo de preparação para o Natal não permite indiferença; pede escolhas claras e corajosas.

    No Evangelho segundo São Mateus – Mt 24,37-44 –, Jesus retoma essa urgência com exemplos duros. Ele recorda os dias de Noé, quando muitos se perdiam nas distrações diárias: “comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento” (Mt 24,38). O problema não estava nessas atividades, mas na cegueira espiritual que impede o reconhecimento da ação de Deus. Por isso Jesus adverte: “Vigiai, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor” (Mt 24,42). Ele usa uma imagem firme: se o dono da casa soubesse a hora da invasão, ficaria alerta e impediria o ladrão. Com essa comparação, Jesus conclui: “Ficai preparados, porque o Filho do Homem virá na hora em que menos pensais” (Mt 24,44). Essa vigilância não nasce do medo, mas do amor atento. Quem ama Cristo não se entrega à dispersão; mantém o coração desperto e disponível.

    O Advento não se resume a um tempo simbólico. Ele exige movimento interior, decisão e vigilância real. Isaías chama a caminhar na luz; o salmo desperta a alegria da busca; Paulo ordena o despertar; e Jesus exige prontidão. Cristo vem, e sua vinda pede resposta. Neste início de ano litúrgico, avancemos com coragem, deixemos a luz do Senhor iluminar cada área da nossa vida e preparemos o coração para acolher o mistério do Natal com fé viva, clareza interior e amor vigilante.

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