ESTAR ATENTO AOS SINAIS

                Cristão alheio a seu mundo, aos fatos que rodeiam seu dia a dia, aos acontecimentos que permeiam a história, aos sonhos e ambições presentes na vida de todos, não pode se dizer cristão. A vida de fé, antes de tudo, é compromisso com a verdade. E esta emerge dos fatos e acontecimentos, dos sonhos e ambições que constituem a história de todos nós. Por isso a necessidade de vigilância também pede renovação, reposição de energias. Por isso a sintonia com a realidade também nos pede sintonia com Deus, oração. Daí o apelo de Jesus para se respeitar e tentar compreender os sinais dos tempos: vigiai e orai!

                O tempo litúrgico nos conduz a uma nova expectativa de vida, através do milagre que se realiza em Belém. Não só aquele de dois mil anos passados, mas igualmente agora, no tempo presente, quando o advento cristão nos propõe renovação, vida nova, esperança redobrada no simbolismo de uma criança que nasce. É hora de refazer os propósitos, retomar projetos e intenções que o cansaço e as desilusões acumuladas deixaram no caminho até aqui. É hora da reformulação dos nossos itinerários de vida. “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida e esse dia não caia de repente sobre vós” (Lc 28,34). Belos conselhos do médico de nossas almas, o evangelista Lucas que tão bem nos reportou a mensagem desse novo tempo. Advento, novos dias, novo ano que há de vir.

                Portanto, esse novo ciclo que iniciamos não é e não pode ser somente uma etapa no calendário. A vida é cíclica, mas o propósito do espírito visa a eternidade. Está atento a tudo, aos sinais positivos e negativos que rodeiam nosso dia a dia, às desilusões que marcam o comportamento humano, mas igualmente às suas conquistas mais belas e repletas de humanismo e solidariedade, as duas maiores virtudes presentes no indivíduo desse ser feito “à imagem e semelhança” dum Deus criador. Não importa os erros passados. O que vale são as correções do presente e os acertos futuros. O passado já passou. O futuro? Ah, esse sim, importa!

                Então se chega ao desafio final, ao conselho quase apelo que o Mestre nos faz; “Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 28, 36). Melhor traduzindo para os ouvidos moucos: Se você deseja se apresentar de cabeça erguida diante de Deus, precisa estar atento a tudo que vai contra aquilo que acreditamos. É preciso vigilância. É preciso oração. Isso tudo é o mínimo que se espera de quem deposita suas esperanças nas promessas de um novo tempo, uma nova era advinda da estrebaria onde nasceu e se revelou a luz do mundo, o Messias sonhado e esperando por tantas gerações. Para não sermos surpreendidos com falsos profetas e falsas promessas, somos convidados à vigilância. Não faz sentido um soldado relapso, sonolento, desatento em sua função de defesa. Não faz sentido um cristão incapaz de exercer sua profissão de fé, aquilo que jura defender e testemunhar com sua própria vida, se preciso. Esse é nosso Credo. Essa é nossa missão! Portanto… Bate um sino, pequenino, sino de Belém! Uma criança vem aí.

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