O Clamor de Bartimeu e o Caminho da Fé!

    No 30º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho (Mc 10,46-52) nos apresenta a tocante história de Bartimeu, um cego mendigo que encontra a cura e transformação ao colocar sua fé em Jesus. Esta passagem não é apenas um relato de uma cura física, mas também uma poderosa lição sobre a importância da fé e do seguimento a Cristo.

    Bartimeu, sentado à beira do caminho em Jericó, ouve que Jesus está passando e, com toda a sua força, grita: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47). Esse grito é mais do que um simples pedido de cura; é a expressão de uma fé profunda e de uma esperança renovada. Bartimeu reconhece que, em Jesus, está a sua única chance de libertação, tanto física quanto espiritual.

    Muitas vezes, nós também nos encontramos à margem, em momentos de escuridão e solidão. Assim como Bartimeu, somos convidados a clamar por Jesus, confiando que Ele ouve nossos apelos e responde ao nosso desejo de cura e libertação. Essa fé encontra ressonância na primeira leitura do dia, em Jeremias 31,7-9, onde o profeta anuncia que Deus reunirá Seu povo e trará de volta os cegos e aleijados, cuidando deles com ternura e misericórdia.

    Ouvindo o clamor de Bartimeu, Jesus para e pede que o chamem até Ele. “Chamem-no” (Mc 10,49), diz Jesus. Este é um detalhe importante: Jesus sempre responde ao clamor daqueles que O buscam com fé. No entanto, Ele nos convida a dar um passo à frente, a nos movermos em direção a Ele com confiança.

    Bartimeu, sem hesitar, joga fora seu manto e corre até Jesus. Este gesto simboliza o abandono de tudo o que o mantinha preso, em especial sua antiga vida. Muitas vezes, também precisamos deixar para trás nossos “mantos” – nossas inseguranças, medos e pecados – para nos aproximarmos de Cristo e recebermos Dele a cura que tanto necessitamos.

    Quando Jesus pergunta: “O que queres que eu te faça?” (Mc 10,51), Bartimeu responde com clareza: “Mestre, que eu veja!” Ele não hesita em expressar sua fé e desejo, confiando plenamente que Jesus pode restaurá-lo. Jesus, por sua vez, confirma a fé de Bartimeu: “Vai, a tua fé te salvou” (Mc 10,52). Aqui, vemos como a fé verdadeira não apenas clama por ajuda, mas também age com confiança na presença de Cristo.

    Depois de ser curado, Bartimeu não retorna à sua antiga vida, mas segue Jesus pelo caminho (Mc 10,52). Este seguimento é a prova de que sua cura não foi apenas física, mas também espiritual. A partir daquele momento, Bartimeu torna-se um verdadeiro discípulo, movido pela fé que transformou sua vida.

    Na segunda leitura, da Carta aos Hebreus (Hb 5,1-6), vemos Jesus como o sumo sacerdote que oferece Sua própria vida por amor a nós. O seguimento de Jesus implica em acolher esse sacrifício e viver uma vida de serviço e entrega aos outros, assim como Bartimeu foi chamado a fazer após sua cura.

    O Evangelho deste domingo nos desafia a refletir sobre nossa própria fé. Estamos buscando Jesus com a mesma intensidade de Bartimeu? Estamos dispostos a deixar nossos “mantos” e seguir o chamado de Cristo, mesmo que isso implique em mudanças significativas em nossa vida? A fé que cura e salva é aquela que se expressa não apenas em palavras, mas em uma disposição para seguir Jesus, confiando plenamente em Sua misericórdia e poder.

    Assim como Bartimeu, também somos convidados a buscar Jesus com todo o nosso coração, sabendo que Ele nos escuta e está sempre pronto para nos curar e nos guiar no caminho da vida.

    Bartimeu nos ensina que o primeiro passo para a cura é reconhecer nossa própria cegueira e buscar em Jesus a verdadeira luz. Ao responder ao nosso clamor de fé, Jesus nos chama não apenas à cura, mas também ao seguimento, a uma vida nova transformada pela graça. Que, neste 30º Domingo do Tempo Comum, possamos ter a coragem de buscar a cura em Cristo e, uma vez transformados por Ele, nos tornarmos fiéis discípulos que seguem Seu caminho de salvação.

    +Anuar Battisti
    Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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