Depois que Jesus falou sobre o pão da vida houve acentuada rejeição entre os discípulos e muitos já não andavam mais com Ele. Foi quando Jesus indagou aos doze se eles também O queriam abandonar. Notável a resposta que em nome de todos lhe deu Simão Pedro: “Para quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna, e nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,60-69). Jesus não obrigaria a adesão a ele, forçando a liberdade de cada um. A adesão a ele deveria ser de fato fruto da fé em suas palavras e isto por ser ele o todo poderoso Filho de Deus. A fidelidae a ele devia, portanto, fluir da realidade sublime de sua doutrina e de sua profunda santidade, dado que ele e o Pai, embora fosse duas pessoas distintas, possuíam a mesma natureza divina. Daí uma oblação integral a ele, sabendo que não haveria nenhum absurdo no que ele afirmara ao dizer que era o pão da vida, procedendo do céu e dando vida ao mundo. Tratava-se de um amor mútuo oferecido e recebido em função da vida em plenitude, fruto de uma verdadeira dileção Tudo isto alicerçado nesta realidade: de ser ele, de fato, o santo de Deus, que tudo podia, levando a uma crença fundada na divindade de quem se dizia o pão da vida. Jesus, portanto já havia manifestado para os doze a grandeza e a profundidade do amor verdadeiro.do qual a Eucaristia seria um prova extraordinária. Participação maravilhosa, fruto de uma escolha gratuita: “Fui eu que vos escolhi e estabeleci no amor de Deus” (Jo 15,16). Assim sendo, ele nos deu a capacidade de amá-lo. e de ser por ele amado. Isto torna o cristão feliz quando vive esta realidade sublime. Esta disposição de se voltar para Deus, torna o ser humano profundamente feliz quando ele está cônscio desta excepcional prerrogativa que o eleva acima de todos os outros seres terrenos. Se Deus nos mandasse amá-lo sem nos dar a aptidão de assim agir, terrível seria a situação humana. Entretanto, o homem tem a capacidade de amar o Ser Supremo, ainda que isto exija esforço, embora isto seja bom para a criatura racional. Eis porque o Senhor dá o mandamento do amor a Ele, o que é o verdadeiro caminho da realização plena do ser humano. Quando amamos a Deus somos felizes, dando frutos e frutos que permanecem para sempre. Se a manifestação da dileção a Deus se torna difícil é ir até Jesus, repetindo com os Apóstolos, “Senhor a quem iríamos nós, só vós tendes palavras de vida eterna”. Aí está a grande questão que Jesus apresenta a quem se diz ser seu discípulo. O ensinamento de Jesus ultrapassa o entendimento humano. Os judeus da época não compreenderam o alcance da palavra do Mestre divino, mesmo tendo vistos os prodígios que operava, não podiam aceitar a ideia de que Ele daria seu corpo a comer e seu sangue a beber. Por isto muitos o abandonaram, dado que não entendiam o que Ele dizia e, assim, não mais o podiam seguir. Os Apóstolos mesmos estavam perplexos e cabia então a eles decidir se iam ou não também O deixar de lado.Pedro que toma a palavra, mostrando ser impossível deixar o Mestre bem amado e o silêncio dos outros confirma a postura de todos. Pedro deixava claro que somente Jesus tinha palavras de vida eterna e que Ele era o Santo de Deus, Portanto, não compreendiam o que Jesus dizia, mas sabiam que Ele era o Senhor, o Messias e ponto final! Eles continuariam a caminhar com Jesus na fé e na confiança. Este texto nos leva então a questões importantes, ou seja, o que venha a ser o mistério da Eucaristia. Para cada um de nós, o que é a Hóstia consagrada para nossas vidas? É verdadeiramente o Corpo de Cristo? Como se transforma o nosso coração quando nós comungamos? Em função da Eucaristia como temos vivido? Isto sobretudo no que diz. Sobretudo, ao amor ao próximo, ao perdão cordial, ao bem que devemos praticar para com os irmãos. Sempre há algo supérfluo que pode ser partilhado, quando impera o desapego das coisas materiais. Nunca se deve dizer a Jesus, ao Santo de Deus, que não queremos ir um pouco mais longe com Ele. Cumpre estar sempre disposto a dar o passo da fé e aceitar plenamente sua palavra e não somente a que nós compreendemos com nossa inteligência ou que convém a nossos interesses pessoais. É preciso caminhar verdadeiramente com Ele ultrapassando nossos raciocínios humanos. É preciso ter não uma mentalidade fechada à Palavra salifica e vivificante de Jesus, mas se entregar inteiramente a Ele. É que Ele, e somente Ele, tem palavras de vida eterna. Todas as ações de Cristo foram manifestações de seu poder, de sua glória e de sua divindade Todos os seus milagres, seu batismo no Jordão, suas pregações, sua Transfiguração, O mostram como sendo Filho de Deus e. mesmo os espíritos maus o reconheciam como o Santo de Deus. Cristo, porém, continua a se manifestar ao mundo de hoje, e devemos fazê-lo conhecido e amado.