Ser povo de Deus não é privilégio, é compromisso sério que requer discernimento constante. Esse discernimento provoca posicionamento decisivo e atitude profética contra as manipulações do poder e da religião.
Essa missão, iniciada nos tempos de Jesus, continua hoje. Nestes vinte séculos, na Igreja sempre houve homens e mulheres dispostos a sair de suas terras levando apenas um cajado e deixando para trás segurança e comodidades para ir anunciar o Evangelho. Esses missionários nem sempre são bem recebidos. Alguns foram mortos de maneira violenta. Mas muitos outros foram acolhidos com o coração aberto e, nos países que os receberam, desgastaram suas vidas a serviço das populações locais. Educaram seus filhos, cuidaram de seus doentes, libertaram os oprimidos e deram alegria aos tristes.
Assim, os missionários e as missionárias realizam – e continuam realizando em muitos lugares – o Reino de Deus. Fazem muitas coisas diferentes, mas em tudo que fazem levam a mesma mensagem: que Deus nos abençoou em Cristo com todo tipo de graças; que nele escolheu para que sejamos santos no amor; que nos destinou a sermos seus filhos e que, nele, perdoou todos os nossos pecados. A vontade de Deus é a de reunir todos em Cristo, fazer de todos nós uma única família. Essa é a mensagem que os missionários levam não apenas aos lugares distantes, mas também aos mais próximos. Porque aqui, bem junto de nós, às vezes em nossa própria família, há pessoas que desconhecem essa mensagem de salvação e se deixam levar pela tristeza e falta de esperança.
As leituras desse domingo nos ensinam que a missão da Igreja não afeta apenas os missionários que deixam seus país de origem e partem para lugares distantes. Toda a comunidade cristã, cada pessoa que a integra deve ser também missionária. Todos somos responsáveis por anunciar o amor de Deus, o perdão dos pecados, o Reino de salvação aos que não o conhecem e aos que vivem sem esperança. Não é necessário conhecer línguas ou ter estudado bastante. Basta apenas fazer de sua própria vida um testemunho do amor de Deus, do amor com que Ele nos ama e presentear esse amor aos que vivem ao nosso redor. Se assim vivermos, descobriremos, com surpresa, como expulsaremos muitos demônios que oprimem a vida das pessoas que nos rodeiam.
Nesse sentido quero unir-me ao querido irmão e amigo Dom Pedro Cunha Costa, novo bispo coadjutor da Campanha, que inicia seu ministério para ajudar o meu querido irmão e amigo Dom Diamantino Prata de Carvalho, OFM. Ele vai como missionário do Rio de Janeiro para a episcopal cidade da Campanha. Vai como arauto do amor e da misericórdia. Homo dei que nos encaminha para o caminho do Homem de Deus!