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segunda-feira, 23 dezembro, 2024.
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Cristã orfã testemunha sobre ataque no Cairo

“Minha mãe foi morta por um terrorista quando ela o estava ajudando”. Depoimento da filha de uma das vítimas de ataque no Cairo.

Homens armados atacaram os fiéis que saiam de uma igreja ortodoxa copta na periferia sul do Cairo, em 29 de dezembro de 2017. Posteriormente assumido pelo grupo autodenominado Estado Islâmico (EI), o ataque – que ocorreu cerca de 10 minutos após o término da missa na Igreja de St. Mina – matou nove pessoas. Uma das vítimas foi uma jovem mãe, Nermeen Sadiq. Sua filha de 13 anos, Nesma Wael, estava ao lado dela quando foi baleada. Nesma deu o seguinte relato do terrível ataque no Cairo à ACN:

Um tiro como resposta da ajuda

“Depois que a missa terminou, saí da igreja com minha prima e minha mãe. Minha mãe usava uma cruz em volta do pescoço e nós três não usávamos os véus islâmicos. Nos bairros mais pobres, as mulheres muçulmanas costumam usar véus para se distinguirem das mulheres cristãs.

“Quando entramos em uma rua lateral, vimos um homem em uma motocicleta indo em direção à igreja. Logo depois vimos que o homem caiu de sua moto depois de cair em um buraco. Minha mãe correu até ele para ajudar, tranquilizando-o, quando ela disse: ‘Em nome de Jesus Cristo, você está bem?’ Ele se levantou rapidamente e em um piscar de olhos ele abriu fogo contra nós com uma arma automática que ele puxou debaixo de seu colete.

A fuga

“Assim que minha prima e eu vimos a arma, nos escondemos atrás da mãe, que gritou para nós fugirmos; o terrorista atirou no braço dela pela primeira vez, enquanto ela tentava nos proteger; enquanto fugíamos, ela caiu e não pôde escapar com a gente. A distância entre nós e o terrorista quando ele tirou sua arma automática não passava de alguns metros. Minha prima e eu corremos para um pequeno supermercado, onde a vendedora nos escondeu atrás de uma geladeira; do nosso esconderijo, vimos o atacante nos procurar. Quando ele não conseguiu nos encontrar, voltou-se para minha mãe novamente e disparou mais tiros contra ela.

Tentativa de resgate

“Tudo isso aconteceu em poucos minutos. Depois que o atirador saiu, corremos para minha mãe. Muitas pessoas se reuniram, mas todas se recusaram a tocar na minha mãe, para vira-la, apesar dela ainda estar viva. Eu continuei gritando a fim de que alguém me ajudasse, mas ninguém o fez. Corri, então, até a casa do meu tio, que veio imediatamente.

“Uma ambulância parou, mas os funcionários da emergência se recusaram a levar a mãe para a ambulância até que eles obtivessem permissão dos oficiais de segurança que estavam nas ruas, caçando o terrorista, bem como outro atirador que atacou algumas pessoas em frente à Igreja.

“Um tiroteio começou e as pessoas fugiram. Meu primo, meu tio e eu ficamos com minha mãe. Ela olhou para mim, dizendo: “Não tenha medo, estou com você. Obedeça ao seu pai e cuide da sua irmã”.

“Minha mãe permaneceu deitada na rua por cerca de uma hora. Assim, depois que o tiroteio parou, eu voltei para a igreja para buscar minha irmã mais nova Karen, que tem oito anos e permaneceu na igreja porque a liturgia para as crianças ainda não havia terminado – eu vi três pessoas que eu conhecia em poças de sangue na frente da Igreja; eu sabia que elas tinham sido mortas.

Agora, orfã

“Quando finalmente a mãe foi levada para a ambulância, ela morreu.

“Hoje, eu não ando mais nas ruas sozinha. Meu pai, portanto, sempre vai comigo em qualquer lugar. Apesar da dor dentro do meu coração – eu sinto falta da minha mãe desesperadamente – eu estou feliz porque ela é uma mártir e eu não sinto mais medo dos terroristas. Eu estava com ela no momento do ataque e não me machuquei: pois foi a vontade de Deus que especificamente a escolheu para ir para o céu.

“Eu não quero deixar meu país, mas certamente quero encontrar uma chance melhor de viver e estudar, especialmente porque nossa situação financeira não é boa. Meu pai, que tem 35 anos, trabalha como motorista, mas não tem trabalho regular; minha mãe era a principal fonte de renda para nossa família; ela era enfermeira no Centro do Fígado do Cairo. Espero me tornar uma médica nefrologista; esse foi o sonho da minha mãe para mim.

“Esta é, então, a minha mensagem para todas as pessoas perseguidas em todo o mundo e as outras vítimas de ataque no Cairo: ‘Não tenham medo! Nossas vidas estão nas mãos de Deus: e nós temos que aderir à nossa fé ”.

Fonte: ACN

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