Cidade do Vaticano (RV) – O Papa começou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta (30/10).
Em sua homilia, Francisco comentou o episódio narrado por Lucas no Evangelho do dia, da cura da mulher encurvada.
Na sinagoga, no sábado, Jesus encontra uma mulher que não conseguia endireitar-se, “uma doença na coluna que há anos a obrigava a viver assim”, explicou o Papa. E o evangelista usa cinco verbos para descrever o que faz Jesus: a viu, a chamou, lhe falou, impôs as mãos sobre ela e a curou.
Cinco verbos de proximidade, destacou Francisco, porque “um bom pastor está próximo, sempre”. Na parábola do bom pastor, ele está próximo da ovelha perdida, deixa as outras e vai procurá-la. Não pode ficar distante do seu povo.
Ao contrário, os clérigos, doutores da Lei, fariseus, saduceus, os ilustres viviam separados do povo, repreendendo-o continuamente. Eles não eram bons pastores, esclareceu o Papa, estavam fechados no próprio grupo e não se interessavam pelo povo. “Talvez estivessem preocupados, quando acabava o serviço religioso, em controlar quanto dinheiro havia nas ofertas”. Mas não estavam próximos às pessoas.
Jesus, ao contrário, é próximo, e a sua proximidade vem daquilo que Cristo sente no coração: “Jesus se comoveu”, diz outro trecho do Evangelho.
“Por isso, Jesus sempre estava ali com as pessoas descartadas por aquele grupinho clerical: estavam ali os pobres, os doentes, os pecadores e os leprosos; estavam todos ali, porque Jesus tinha essa capacidade de se comover diante da doença, era um bom pastor. Um bom pastor que se aproxima e tem a capacidade de se comover. Eu diria que é a terceira característica de um bom pastor é a de não se envergonhar da carne, tocar a carne ferida, como fez Jesus com esta mulher: tocou, impôs as mãos, tocou os leprosos, tocou os pecadores.”
“Um bom pastor”, prosseguiu o Papa, “não diz: sim, está bom. Sim, sim eu próximo a você no Espírito. Isso é distância. Mas fazer o que Deus Pai fez, aproximar-se, por compaixão, por misericórdia, na carne de seu Filho”.
O grande pastor, o Pai, nos ensinou como faz um bom pastor: abaixou-se, esvaziou-se a si mesmo, aniquilou-se, tomou a condição de servo.
“Mas, e esses outros, aqueles que seguem o caminho do clericalismo, aproximam-se de quem?” Aproximam-se sempre ao poder de turno ou ao dinheiro. São pastores maus. Eles pensam apenas como subir no poder, ser amigos do poder, negociam tudo ou pensam nos bolsos. Estes são hipócritas, capazes de tudo. O povo não tem importância para essas pessoas. Quando Jesus lhes diz aquele adjetivo que utiliza muitas vezes com eles, hipócritas, eles se ofendem: Mas nós, não, nós seguimos a lei”.
Quando o povo de Deus vê que os maus pastores são espancados, fica feliz, recorda Francisco, e isso é um pecado, sim, mas eles sofreram tanto que “gostam” um pouco disso.
Mas o bom pastor, enfatiza o Pontífice, é Jesus que vê, chama, fala, toca e cura. É o Pai que se faz no seu Filho carne, por compaixão:
“É uma graça para o povo de Deus ter bons pastores, pastores como Jesus, que não tem vergonha de tocar a carne ferida, que sabem que sobre isso – e não apenas eles, mas também todos nós – seremos julgados: estava com fome, estava na prisão, estava doente … Os critérios do protocolo final são os critérios da proximidade, os critérios dessa proximidade total, o tocar, o compartilhar a situação do povo de Deus. Não nos esqueçamos disso: o bom pastor está sempre perto das pessoas sempre, como Deus nosso Pai se aproximou de nós, em Jesus Cristo feito carne”. (BF-MJ-SP)
Fonte: Rádio Vaticano