Conclui-se o G20 e tem início a Rio+20. Entre esses dois eventos, o Dia Mundial dos Refugiados, que se celebra esta quarta-feira.
Justamente quando economia e meio ambiente não são bem geridos, essa equação produz refugiados, como nos explica o diretor do Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS), Pe. Peter Balleis:
O Dia 20 de junho é o Dia Mundial do Refugiado que este ano se celebra com a abertura da reunião da Rio+20 e, ao mesmo tempo, a reunião dos 20 países mais ricos ou poderosos do mundo. É o tema da economia e o da ecologia que muito tem a ver com o tema do refugiado. Falamos dos refugiados na perspectiva da ecologia: existem essas mudanças climáticas no mundo e isso causa também refúgio e conflitos. Por exemplo, o conflito na Somália no ano passado. Uma seca naquela parte da África é uma causa natural, mas combinada com uma fraqueza econômica do Estado causa conflito, e conflito causa refugiado. Não é somente uma única causa, é uma combinação de fatores, de política, etnia, religião, mas também podemos provar que têm causas naturais.
Outra questão: em tempos de crise, os mais fracos são os primeiros que perdem, e os mais fracos são também os migrantes forçados, migrantes sem documentação e, particularmente, refugiados, pessoas que necessitam de proteção. Isso nos preocupa. Claro, em tempos de crise também tem o perigo de perder certos valores numa sociedade. Quando tudo vai bem, podemos ser generosos, abertos. Se há uma crise, começamos a pensar só em nós mesmos. Grandes países na Europa só pensam em si mesmos, preocupados com suas crises. Mas esquecem, perdem a visão ampla dos problemas fora da Europa, que são os problemas de conflito, de refúgio. E nossa proposta e preocupação é que não percamos a visão mais global e essa abertura que nós chamamos hospitalidade.
Eu gostaria de mencionar um país que está agora muito presente na mídia, que tem muito esta cultura da hospitalidade: com todos os problemas que a Síria tem agora, não podemos esquecer que a Síria recebeu seis anos atrás quase um milhão de refugiados iraquianos, também por causa de sua abertura cultural, baseada no Islã, no Cristianismo, e na cultura do Oriente Médio de receber os outros como hóspedes. Infelizmente, agora a Síria sofre a mesma crise como o Iraque.
E o Brasil neste contexto? Para o Pe. Peter, ser líder significa assumir maior responsabilidade.
Quando chegaram os primeiros haitianos em Tabatinga, nós ajudamos com recursos financeiros as atividades da Igreja local, de algumas irmãs e também os jesuítas envolvidos. O Brasil recebeu bem os refugiados, todo mundo falou disso, circulou na mídia. Mas se fala de 250 ou pouco mais refugiados: tem uma diferença em receber um milhão. Nós trabalhamos onde falta esta capacidade que o Brasil tem. Na realidade o Brasil poderia aceitar mais, porque está vivendo este crescimento econômico. Todos esses eventos demonstram que o país tem um poder, mas tem que assumir mais responsabilidade na região. Não basta somente poder e viver bem, mas esses grandes países têm que assumir mais responsabilidade.
Fonte: Rádio Vaticano
Local: Cidade do Vaticano
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