Convidados ao banquete

    Celebramos neste final de semana o XXVIII domingo do tempo comum. Domingo passado a liturgia falava-nos da vinha; a liturgia deste domingo fala-nos de banquete! Na Sagrada Escritura, muitas vezes o Reino de Deus é comparado a um banquete! Na cultura oriental, o banquete é sinal de bênção, pois é lugar da convivência que dá gosto de existir, da fartura que garante a vida e do vinho que alegra o coração. É por isso que Jesus hoje nos diz que “o Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho”. Deus faz esse convite desde a criação do homem: pouco a pouco, ele foi preparando as núpcias do Cordeiro, Jesus nosso Senhor, com a humanidade!
    Na primeira leitura (Is 25, 6-10ª) Deus nos fala: “O Senhor dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos. Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos. O Senhor Deus dominará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces”. É um banquete suntuoso que revela a grandiosidade e a generosidade de quem o oferece. Numa terra cercada por desertos, é de admirar um banquete de carnes gordas regado com vinhos finos. Trata-se não somente de uma ocasião de grande alegria, mas também de uma manifestação de abundância e de muita fartura.
    A segunda leitura (Fl 4, 12-14. 19-20) São Paulo nos mostra a realidade onde ele sabe viver na miséria e na abundância. Ele fica muito grato pela comunidade de filipenses que em meio a sua dificuldade na prisão estende a mão para ajudá-lo em suas necessidades materiais. São Paulo sabe que tudo pertence a Deus e que Deus é rico em bondade e misericórdia: “O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus” (Fl 4, 19).
    O Evangelho (Mt 22, 1-10) nos conta a maneira como Jesus vê a realização do banquete. O rei organiza um banquete para o casamento de seu Filho. Jesus alude aqui uma das mais conhecidas figuras para representar o tempo do Messias o povo reunirá a Deus ou a seu Enviado, o Messias, numa nova aliança: “as núpcias messiânicas”.
    Os primeiros convidados se recusam a participar. Inventam mil coisas: “foram-se um para seu campo, outro para seu negócio, e outros ainda agarraram os servos (que vieram convidá-los) e os maltrataram e mataram” (Mt 22,5). Não é difícil reconhecer nesta frase aquilo que aconteceu aos profetas, a Jesus e aos seus seguidores que ele mesmo enviou à “casa de Israel” (Mt 10,6). Diante da recusa dos primeiros convidados, porém, aquele que oferece o banquete manda convidar a qualquer um que se encontre pelas ruas e pelas praças. A recusa dos primeiros convidados não o compromete o plano de Deus. A aliança messiânica pode ser celebrada por todos aqueles que de boa vontade aceitam o convite de Deus. Os primeiros convidados eram os do povo de Israel; diante de sua recusa, todas as nações são convidadas.
    A história não termina aqui. Também os novos convidados devem corresponder a determinados critérios. Devem usas traje conveniente que, em geral, era fornecido (Mt 22,11-13). Podemos achar isso um pouco estranho. Os servos do rei foram pelas estradas e campos convidar a todos que encontrassem, “bons e maus” (Mt 22, 10), e quando estes aceitam, são de repente, jogados fora por não terem o traje correspondente! De fato, até os maus podem, ser convidados, mas devem preparar-se para participar colocando a veste fornecida gratuitamente. A pregação da Boa Nova (Evangelho) começou com as palavras: “Convertei-vos”, isto é, mudai de vida (Mt 4,17). “Trajai uma veste nova, uma vida nova”.
    O pré-requisito para participar do Reino de Deus, na hora em que ele é celebrado em sua plenitude, não é mais a pertença à uma etnia, como na aliança feita por intermédio de Moisés (Ex 19). O novo pré-requisito é a conversão pessoal. Sem esta, fica impossível participar da manifestação de Deus no mundo, simbolicamente representada pela imagem do banquete.
    A adesão a Cristo requer uma resposta radical, que envolva a totalidade da vida. “Muitos são chamados, e poucos são escolhidos”: isso significa que o número dos que entraram na aliança é inferior ao dos chamados, por causa da superficialidade da resposta ao convite de Deus.  Contudo, busquemos sempre responder o chamado que Deus nos faz. O primeiro grande chamado é a vivência do nosso Batismo. A cada dia o Senhor nos chama a sermos testemunhas de seu Reino neste mundo que tanto necessita de seu amor e de sua misericórdia.

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