Humildade, gratuidade e amor para melhor servir ao Evangelho!

    A liturgia do 21º Domingo do tempo comum, iniciando o mês de setembro, dedicado às Sagradas Escrituras, propõe-nos uma reflexão sobre alguns valores que acompanham o desafio do “Reino”: a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado.

    O Evangelho(Cf. Lc 14,1.7-14) coloca-nos no ambiente de um banquete em casa de um fariseu.  Jesus, ao ser convidado para uma refeição na casa de um fariseu, observa que os outros convidados escolhem os primeiros lugares. A partir deste fato, ele conta uma parábola acerca das atitudes necessárias em outro banquete, o que realmente é o maior e mais generoso, o banquete do reino. A primeira atitude é a humildade: “Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar(…) vai sentar-se no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima”(Cf. Lc 14,8-10) O enquadramento é o pretexto para Jesus falar do “banquete do Reino”. A todos os que quiserem participar desse “banquete”, Ele recomenda a humildade; ao mesmo tempo, denuncia a atitude daqueles que conduzem as suas vidas numa lógica de ambição, de luta pelo poder e pelo reconhecimento, de superioridade em relação aos outros… Jesus sugere, também, que para o “banquete do Reino” todos os homens são convidados; e que a gratuidade e o amor desinteressado devem caracterizar as relações estabelecidas entre todos os participantes do “banquete”.

    Depois da humildade o Evangelho ressalta uma segunda atitude para o Banquete da Vida: a generosidade: “Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”(Cf. Lc 14,13-14). A generosidade consiste em dar sem esperar retribuição, ou seja, a pessoa se experimenta realizada em poder dar algo ou servir ao próximo. De certo modo, a generosidade é como um fruto da humildade. Quem cultiva a humildade e a generosidade se assemelha sempre mais ao Filho de Deus e à sua Mãe Santíssima: Ele despojou-se de sua glória, fez-se o último, o Servo de todos, para nos libertar do poder do pecado e da morte; Ela, cheia de graça, diz de si: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”(Cf. Lc 1,38). Em Jesus e em Maria fica evidente “quem se humilha, será elevado”(Cf. Lc 14,11).

    Na primeira leitura(Cf. Eclo 3,19-21.30-31), um sábio dos inícios do séc. II a.C. aconselha a humildade como caminho para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. É a reiteração da mensagem fundamental que a Palavra de Deus hoje nos apresenta. Como no Evangelho, na primeira leitura a advertência de Jesus é clara: “na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim encontrarás graça diante do Senhor!”(Cf. Eclo 3,20). A humildade consiste em reconhecer que as qualidades que temos são puro dom de Deus, pobres e limitados diante do Senhor. A pessoa humilde sabe avaliar-se na justa medida porque sabe ver-se à luz do Senhor. Tal experiência da própria verdade não nos deprime(quando verdadeiramente vivida e testemunhada), mas nos enche de gratidão e confiança, pois o Senhor é a nossa força; Cristo é a nossa única e inalienável riqueza.

    A segunda leitura(Cf. Hb 12,18-19.22-24a) convida os batizados instalados numa fé cômoda e sem grandes exigências, a redescobrir a novidade e a exigência do cristianismo; insiste em que o encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de proximidade, de amor, de intimidade, que dá sentido à caminhada do cristão. Aparentemente, esta questão não tem muito a ver com o tema principal da liturgia deste domingo; no entanto, podemos ligar a reflexão desta leitura com o tema central da liturgia de hoje – a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado – através do tema da exigência: a vida cristã – essa vida que brota do encontro com o amor de Deus – é uma vida que exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais avultam a humildade, a simplicidade, o amor que se faz dom.

    A humildade e a generosidade ensinam para o fiel cristão qual é importante e essencial a modéstia, que quando é sincera, não artificial, conquista, faz que a pessoa seja amada, que sua companhia seja desejada, que sua opinião seja desejada. Vivemos em uma sociedade que tem suma necessidade de voltar a escutar esta mensagem evangélica sobre a humildade e a generosidade. Sem nada querer em troca, nem reconhecimentos. Correr para ocupar os primeiros lugares, talvez pisoteando, sem escrúpulos, a cabeça dos demais, são características desprezadas por todos e, infelizmente, seguidas por todos. O Evangelho tem um impacto social, inclusive quando fala de humildade e hospitalidade. Rezemos suplicando, com humildade, Pai, faz-me humilde e discreto no trato humano. E que eu não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti. Que sejamos homens e mulheres humildes, generosos, modestos que tudo fazem para viver a alegria generosa do Evangelho.

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