Que todos sejam um

    Hoje, 7 de dezembro de 2018, completo 44 anos de ordenação sacerdotal. Nesse dia memorável agradeço a Deus o dom imerecido. O Senhor me concedeu a graça da perseverança apesar de todas as minhas falhas e pecados. Peço que possa continuar servindo com alegria ao povo que ele me confiou na missão que me deu. A partir desse dia escolhi um lema para minha vida sacerdotal: “que todos sejam um”, que tenho levado adiante cada dia de minha vida com convicção desse trecho da oração sacerdotal de Jesus.

    No último sábado do ano litúrgico que se encerrou, dia 1º de dezembro de manhã, celebramos a Festa da Unidade da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Embora existam outras ocasiões recomendadas pela Igreja, devido as tradições existentes em nossa Arquidiocese nessas outras datas resolvemos escolher um dia que fosse possível para que todos participassem. E foi essa ocasião que escolhemos celebrar a sexta Festa da Unidade, em nossa Arquidiocese.

    Louvamos a Deus por tudo que pudemos vivenciar, participar, conhecer, anunciar o Evangelho neste ano litúrgico que está se encerrou. E pedimos a Deus que nós aceitemos o convite da Igreja, para podermos participar e caminhar nesse novo ano litúrgico que nesta noite começa.

    Recordo algumas ideias que naquele dia pude partilhar desde os primeiros momentos da Festa até a grande conclusão com o lançamento do ano vocacional arquidiocesano depois de termos vivido o ano da Vida Religiosa e o ano do laicato, para os quais tive oportunidade escrever cartas pastorais, agora, nós somos chamados a incentivar mais ainda as vocações em nossa Arquidiocese. Como sabemos somos chamados a ser missionários tanto dentro de nossa cidade como pelo Brasil e no exterior. A Arquidiocese deve estar em missão permanente. E para que tenhamos sacerdotes para servir às comunidades, todos que têm a missão de despertar as vocações sacerdotais.

    Encerramos o ano litúrgico, celebrando e pedindo pela nossa unidade e iniciando o ano das vocações, fervorosos e animados, despertando vocações para a Igreja e serviços eclesiais. Que Deus nos ajude a evangelizar essa grande cidade, com tantas dificuldades, sendo sinais de paz, de fraternidade, de diálogo e de encontro entre as pessoas onde nós vivemos e caminhamos.

    Naquele dia o evangelho nos falava sobre as ovelhas perdidas da casa de Israel, aqueles que mesmo tendo sido batizados não mais caminham na Igreja: nós somos chamados a ir a evangelizar, a fazer crescer na fé, a busca-los para que tenham vida em abundancia e plenitude.

    Sabemos que o Senhor enviará para mais longe, quando depois da sua morte e ressureição, no momento da ascensão, nos dá a missão de pregar o Evangelho a toda criatura. Temos a missão junto às ovelhas perdidas da casa de Israel, mas também temos a missão que amplia nosso horizonte, ou seja, a todo o universo, pois somos enviados para testemunhar o Cristo Ressuscitado. E o Senhor continua chamando pessoas para que assim se faça. Neste tempo que iniciamos da Campanha para a Evangelização – Evangeli-Já – nos recorda que assim deve ser: “evangelizar partindo de Cristo”.

    A primeira leitura desse dia nos recordou – com Samuel – que a vocação é dom de Deus, porém é necessário que alguém ajude a interpretar, siga, ajude a corresponder o seu sim. É a união entre a graça de Deus e a missão evangelizadora, trabalho das pessoas de fazer escutar, compreender, o chamado do Senhor.

    Recordei na 6º festa da Unidade, que nós quisemos estar juntos pessoalmente, para agradecer a Deus pela caminhada do ano litúrgico que findou e iniciando com a Igreja o novo ano, ao mesmo tempo que iniciamos o ano vocacional.

    A palavra de Deus fala para todos os cristãos. No Domingo anterior á Festa da Unidade, encerramos mais um ano temático, dos leigos e leigas, o Ano do Laicato. Recordo por isso, que a palavra de Deus é dirigida a todos, sem distinção. Todos somos chamados a ser evangelizados e evangelizadores, como todos somos chamados a, ouvindo a palavra do Senhor, buscar entender e ajudar as pessoas a interpretar esses chamados.

    Todos somos chamados justamente para ir ao encontro de tantas situações que machucam ou machucaram as pessoas em nosso tempo e em nossa vida. Além dessa missão de todos os cristãos, dentre os cristãos batizados, Ele chama alguns para ministério sacerdotal, para poder estar à frente das comunidades para ser o primeiro evangelizador, o primeiro missionário, o primeiro catequista, aquele que irá servir a todos. E ao mesmo tempo, no trabalho de evangelização explícita, como nos trabalhos sociais movidos pela centralidade do anúncio de Cristo.

    Deus continua chamando. Vejo isso em nossa Arquidiocese. Na Festa da unidade apresentamos os vários seminários e também os novos que estão entrando e os que estão se preparando no discernimento para no futuro ingressarem nos seminários. Mas cabe as pessoas ajudar no discernimento, apoiando-as no seu chamado, na sua resposta.

    Não me canso de dizer, que são sinais da presença do Senhor na história da nossa Igreja, as vocações e os chamados, todos os leigos e leigas empenhadas. Mas é importante e necessário que nessa Festa da Unidade nos comprometamos a estar unidos ainda mais. Por isso, ao final da celebração fizemos a oração e o nosso compromisso para viver em unidade.

    Junto com a vocação de tantos carismas, o Senhor nos pede que rezemos, ao Senhor da Messe e que nos ajudemos rezando pelas vocações sacerdotais incrementando aquilo que já fazemos procurando fazer muito mais no futuro, com apoio, ajuda e oração para as vocações sacerdotais. Neste sábado, festa da Imaculada, 11 jovens receberão a ordenação sacerdotal, na semana seguinte, 11 homens casados serão ordenados diáconos permanentes. Louvamos a Deus pelas vocações, porém ainda somos poucos para uma cidade de 6 milhões e meio de habitantes. São tantas situações de carências e necessidades para onde somos chamados a ser presença próxima! Porém, agradecemos ao Senhor da Messe pelos dons que nos concede neste final de ano civil.

    Comparo esses momentos com uma chuva que, caindo em terra seca, nem chega ao chão, pois seca antes, porque tem tantas necessidades, que não conseguimos atender a todas as solicitações. Mas, por tudo isso damos graças a Deus pelas vocações. Nesse dia 7 de dezembro, dia de S. Ambrósio, desde que cheguei ao Rio de Janeiro, na missa que celebro com os padres e seminaristas no Rio Comprido, sempre dediquei às vocações. É esse o grande presente que peço e a quem dedico esse dia em que recordo com emoção, neste ano, os 44 anos vividos nessa missão.

    Pedimos ao Senhor da Messe que nos envie vocações e essa consciência é uma oportunidade para rezarmos e apoiarmos as vocações, Isso implica também a ajuda material para os nossos seminários como um sinal de compromisso com a Igreja. Uma vocação sacerdotal é um grande sinal junto à vida da comunidade: um sacerdote animado e fervoroso, que vai contagiando o seu rebanho, não só na sua paróquia, mas chamando outros jovens a seguir o caminho da vocação sacerdotal. Não faltam vocações, pois a graça é como a chuva que cai em todos os terrenos, porém é importante que o lavrador cuide da semente regando a terra e se responsabilizando pelas plantas que nascem nesse terreno.

    Esse ano que abrimos com a festa da Unidade nós nos comprometemos com a unidade, com a comunhão “para que o mundo creia”, pois só assim podemos evangelizar. A Igreja é comunhão, é unidade.

    Temos cristão separados, que não comungam juntos da mesma caminhada e com os quais temos um belo serviço de oração pela unidade com o movimento ecumênico, o qual tem uma grande relevância em nossa Arquidiocese. A Igreja tem que rezar para que exista essa comunhão e unidade, para que possamos estar juntos, como cristãos sendo sinal de profunda unidade.

    Mas, muito mais ainda, no íntimo de nossa Igreja Particular é necessário estarmos unidos. Confesso que devido a tantas situações que li, percebi, ouvi, realmente há divisões, no meio do nosso povo católico, dentro do próprio clero e em tantas ocasiões deste ano que passou. Isso deu muitas dores e sofrimentos vendo as dificuldades e divisões que existiam por razões que passam. Hoje uns estão no poder, amanhã estarão outros. Nós nos dividimos e nos colocamos uns contra os outros tantas vezes. Muitas vezes destruindo-nos uns aos outros, também. Não podemos deixar que isso aconteça e estivemos na Catedral, nessa festa da unidade, para nos reconciliar uns com os outros e também espalhar esse compromisso nessa grande cidade que necessita e tem direito desse sinal de comunhão entre os cristãos.

    A Igreja nos pede essa caminhada de unidade fazendo eco ao Evangelho segundo a oração de Jesus. Nesse dia da Festa da Unidade, que queremos que seja um dia exclusivo para a Arquidiocese, de tal modo que não haja nenhuma outra festa especial na parte da manhã, a não ser esse belo momento entre nós, Igreja do Rio de Janeiro, e para isso precisamos dar preferência, não podemos nos sentir confortáveis se não participamos juntos desse momento. Nesse dia, olhando par ao futuro e para o dom que o Senhor nos dá, devemos nos perdoar mutuamente, nos reconciliar, podendo dizer que acima de tudo e além de tudo, nós cremos e anunciamos Jesus Cristo que é nosso Senhor.

    Queremos caminhar, mesmo que tenhamos opiniões diferentes em alguns aspectos da sociedade, mas que nós enquanto cristãos, estamos juntos. E mais ainda, queremos pedir ao Senhor que nos amemos uns aos outros, como Ele nos amou, dando a vida, olhando um pelo outro, para a transformação em nossos corações. Após esse momento, queremos voltar para nossas paróquias, casas, movimentos, pastorais, irmandades, associações reconciliados e animados pelo sopro do Espírito na caminhada para que a unidade seja uma realidade entre nós. Por Cristo podemos dar as mãos, no meio de tantos sofrimentos, dificuldades e problemas, que enfrentamos a cada dia, nós temos uma palavra que ilumina e conduz.

    Diante das injustiças, violência, problemas, dificuldades que existem ao nosso redor, somos chamados, ao mesmo tempo a essa comunhão entre nós, de irmãos e irmãs, nas diversas situações paroquiais.

    No entanto, nós queremos com a Festa da Unidade, e hoje com a celebração do aniversário de minha ordenação presbiteral, pedir ao Senhor o perdão das nossas divisões, mantendo o compromisso de dar as mãos, na mesma fé, no mesmo batismo e, no caso dos sacerdotes, na mesma ordenação presbiteral. Seja pela participação física, efetiva, em momentos que somos chamados, que somos impelidos, na nossa comunidade, na missão de evangelizadores.

    Somos chamados a viver em família esses momentos, sentindo a importância da participação e unidos aqueles que, por doença, idade ou problemas de locomoção não podem participar fisicamente, mas estão unidos no mesmo espírito.  Eis o desafio dos tempos atuais: a unidade entre nós.

    Ao mesmo tempo vamos evangelizar, anunciar o evangelho a tantos que sofrem e necessitam, anunciar com a nossa própria vida, nosso jeito de ser. Que falem os fatos antes mesmo das nossas palavras.

    Que nós possamos contagiar o mundo. O mundo tem necessidade e nós temos a obrigação de ser sinal de evangelização. Junto com o pedido para que nós possamos ter vocações, para uma Arquidiocese que não é fechada em si mesma, mas envia sacerdotes para fora, até do país, dentro dessa missionariedade aberta, nas preocupações com igrejas irmãs.

    Ainda temos muitos vácuos na nossa cidade, onde não temos presença, e, consequentemente, falta proximidade com a dor de tantas pessoas que necessitam.

    Vamos pedir pela nossa comunhão e unidade, vivendo a proposta da unidade neste ano vocacional, abrindo-nos ao dom de Deus e dando testemunho de Cristo, na procura de servir não só à cidade mas a toda a igreja, com a sua missão.

    Somos pecadores, erramos em tantas coisas, nós nos dividimos em tantas situações, mas sempre é tempo de recomeçar, de retomar, fazendo a experiencia da comunhão e da unidade. E nós somos chamados ser testemunhas d’Aquele que morreu na cruz, foi sepultado e ressuscitou,  Jesus Cristo, Nosso Senhor, que está vivo, vencendo o pecado e a morte.

    Assim nós caminharmos também, anunciando um outro mundo possível, outras situações possíveis, quanto mais vivermos nossa vida cristã com entusiasmo e alegria.

    Que estejamos unidos entre nós, unidos aquele que têm a missão de ser o sinal da unidade entre nós, o Papa Francisco. Assim como também nas dioceses, os bispos, nas paróquias os sacerdotes, com essa comunhão. Respeitando a diversidade, as várias situações de carismas, mas sempre na comunhão e na mesma unidade. Na busca de cada vez mais darmos passos concretos na comunhão, convido a todos a fazerem esse compromisso arquidiocesano:

    Assumo plenamente o compromisso de minha FÉ.

    Num mundo que prega o egoísmo, quero viver e testemunhar o amor.

    Num tempo em que religião parece servir-se de Deus, quero viver e testemunhar o serviço.

    Diante de quem me diz para pensar em mim mesmo, quero construir a unidade.

    Não quero ser mais que meus irmãos. Não quero que eles sejam menos que eu.

    Quero que todos sejamos sempre irmãos e irmãs.

    Jesus Cristo quis e quer assim.

    Assumo plenamente meu compromisso pela UNIDADE.

    Recuso palavras e atitudes de indiferença, isolamento, prepotência e preconceito.

    Quero trabalhar, cada dia de minha vida, para que todos sejamos realmente um,

    como Jesus pediu e rezou.

    Eu estou na Igreja. Eu sou Igreja.

    Quero servir na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

    Sou parte do Corpo de Cristo.

    Quero acolher em minha vida, em minha família e em minha comunidade

    o caminhar da Igreja no Brasil e no Rio de Janeiro.

    Comprometo-me a seguir as diretrizes pastorais da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

    Quero, por fim, dizer a Cristo e a meus irmãos e irmãs: tornamo-nos mais unidos, vivemos nossa FÉ. Bendito seja Deus! Amém.

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