43 DOMINGOS DE RAMOS E DA PAIXÃO DE JESUS

    O domingo de Ramos e da Paixão do Senhor marca hoje o começo da Grande Semana, a Semana Santa, durante a qual serão revividos em detalhes derradeiros dias da vida do divino Redentor. Deve reter nossa atenção o abandono total de Jesus à vontade de seu Pai que o faz carregar os pecados do mundo. Cumpre fixar as palavras de Blaise Pascal: “Eu pensei em ti em minha agonia”. Toda a liturgia desta Semana, se bem vivida, leva, em consequência, a uma maravilhosa transformação da vida espiritual do cristão. É que os últimos momentos da vida do divino Salvador se desenrolam à luz da sua gloriosa Ressurreição a ser comemorada no próximo domingo de Páscoa. Isto porque a vida de Cristo não conduzem a um nada. Sua entrega incondicional aos planos divinos da redenção humana O levará à exaltação de Páscoa quando a manifestação de seu poder, deve envolver a quantos O reconhecem como seu Senhor e Salvador não a sentimentos pueris, mas a uma dileção profunda, traduzida em atitudes concretas. Eis por que é preciso entrar na Semana Santa com uma fé profunda e não menor humildade, inspirados pelo Espírito Santo e, deste modo, impregnados pelas luzes celestiais nos envolveremos nos dons especiais destes dias benditos. A liturgia oferece momentos pessoais de profícua meditação, poia Jesus se nos apresentará como o servidor por excelência. Como Ele mesmo advertiu, “não é aquele que diz Senhor, Senhor que entrará no reino que Ele nos oferece com seus sofrimentos, mas aquele que faz em tudo a vontade do Pai. Ele que é a Palavra de Deus ele se fez carne e habitou entre nós se cala ante os gritos de seus inimigos. Não revida aos ultrajes de seus opressores, ante aqueles que o tratam como um escravo. A humilhação da Paixão o tornou a inda mais próximo de todos os infelizes e sofredores. Pensemos então, nestes dias também naqueles que estão reduzidos à miséria, nos abandonados a sua triste sorte, naqueles que fielmente inclusive testemunham sua fé até o martírio. Sobre a cruz, braços estendidos, Jesus abraçou todos os humilhados da terra.  Os cristãos sempre reconheceram Jesus como um mártir, um testemunho do amor de Deus mais forte do que a morte. Desfigurado pelas violências dos homens, fora já transfigurado pelo Pai, Ele foi elevado na glória. Doravante toda língua pode e é preciso proclamar: “Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai”. A Semana Santa nos faz assim entrar nas horas sombrias e trevosas da Paixão e nos conduzirá para a luminosidade da gloriosa vitória de Jesus sobre a morte e o pecado. Foi terrível a atitude de Judas, “um dos doze”, que desiludido sem dúvida pela figura paradoxal do Messias, por não o ter bem compreendido, entregou o Mestre nas mãos de seus inimigos. Notemos, porém, que Jesus não era um rabi ordinário: Ele foi vendida pelo preço de escravo, uma quantia irrisória, eles pesaram seu salário, a saber trinta ciclos de prata.  São Mateus, contudo, nos leva a considerar a ternura e a vulnerabilidade de Deus em Jesus. Este declara a seu povo: ” Não temas eu te libertei, eu sou teu salvador. Tu contas muito aos meus olhos (Si 43, 1-3). Este Deus ei-lo desprezado, reduzido à impotência por esta ruptura da Aliança, sempre ferido pela ingratidão, sempre, porém, também envolvo na ternura e no amor louco de dileção por nós. Cumpre fixar estas realidades marcantes nesta semana singular e lembrar-nos sobretudo que Jesus é uma passagem para o Pai, fazendo-se, realmente o caminho, a verdade rumo às verdades eternas. A Semana Santa nos deve levar, deste modo, ao crescimento de nossa gratidão a Jesus nos mantendo unidos Àquele que tanto nos amou, seguindo fielmente todos os seus ensinamentos. Judas pensou esconder seu crime diante da presença onisciente de um Deus que conhece o íntimo dos corações, mas em vão. Entretanto, Deus antes de se tornar nosso juiz inexorável é nosso Pai e leva sempre sua misericórdia e seu perdão até o fim.  O Coração de Jesus se encheu de dor não porque Ele foi traído, mas sobretudo porque um de seus apóstolos se afastava definitivamente dele por um vil dinheiro. Assim a Semana Santa nos deve conduzir a uma revisão se nossa condição de remidos por um sangue preciosíssimo. Assim sendo, se evitará uma simples reconstituição histórica artificial dos momentos tocantes da vida de Cristo. É preciso nestes dias, mais do que nunca, colocar em prática o conselho de São Paulo aos Filipenses: “Tende em vós os sentimentos que foram aqueles de Cristo Jesus”, ou seja, trata-se de nos deixar habitar pelo Espírito de Cristo, colocando nossos passos nos passos do Redentor. Abordar estas etapas com as disposições do Mestre divino que operou uma obra formidável pela humanidade, uma redenção a ser vivida em plenitude.

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