Todos os anos, no final de semana que antecede o 4º Domingo da Quaresma, acontecem as 24 horas para o Senhor. Uma iniciativa iniciada pelo Papa Francisco. O Papa Francisco convida todo o mundo católico para realizarmos efetivamente uma das práticas quaresmais que é a Oração. É uma oportunidade do pecador se encontrar com Jesus e pedir que o Senhor o veja com o olhar de misericórdia, como quando Ele se encontrou com a mulher adúltera, sem julgamento e dando o seu perdão.
Neste ano, o sétimo ano do início do pontificado do Papa Francisco, nos dias 20 e 21 de março, refletimos sobre o tema: “Teus pecados estão perdoados” (Lc 7,48). Será um momento especial de Adoração ao Santíssimo Sacramento, momento propício aos pés de Jesus, com amor e nos colocar em confronto com as nossas misérias, pedindo o perdão e a paz para viver e proclamar a dignidade humana, particularmente, em nossa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que clama por reconciliação e pela paz. Neste ano no recôndito de nossos lares com o coração contrito e suplicante assim o faremos.
A Campanha da Fraternidade de 2020 nos convida para a conversão: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,40). Busquemos uma conversão profunda de todos os nossos pecados. Pedimos que os fiéis procurem, nestes dias 20 e 21 de março, refletir sobre a importância da reconciliação e a importância de mudar de vida. Em vista do novo corona vírus (Covid-19), os mutirões de confissão foram cancelados e as dificuldades de confissão são muitas pois somos convidados a ficarmos em casa pelas autoridades sanitárias. Cabe a nós vivemos este momento com uma séria contrição e a disponibilidade de procurarmos a confissão auricular assim que terminar este tempo tão difícil. O Santo Padre, o Papa Francisco lembrou justamente a importância do coração contrito e arrependido. Busquemos o arrependimento: “O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, bondoso e compassivo” (cf. Sl 102,8). Vamos sentir o mesmo olhar compassivo de Jesus, assim como o sentiu a mulher pecadora na casa do fariseu.
Atravessamos um momento atual que precisamos rezar muito pelo nosso país e pelo mundo todo, para que com a força da Oração possamos vencer esse mal que nos aflige nesse momento, que é corona vírus, pedindo que a medicina consiga combater esse vírus e que ninguém mais sofra ou morra por causa dessa doença. Além daquelas outras intenções que trazemos no nosso coração, rezar pela nossa pátria, pelos nossos governantes e pela paz no mundo. Rezamos em especial pelos profissionais da saúde e por todos os que sofrem. Dentro do contexto da Campanha da Fraternidade, rezemos para que todos se unam no amor de Deus e que cessem as guerras, a violência, o tráfico de drogas que assola as nossas comunidades e os nossos jovens.
Meus irmãos, que nessas 24 horas para o Senhor rezemos para muitos O encontrem em suas vidas. Que juntos, com a força da Oração contrita, todos os povos possam se unir na paz. É uma oportunidade também de quem se encontra um pouco afastado da Igreja, das missas e das orações, a ter esse contato com o Senhor, do pecador encontrar-se com o seu Senhor, pedindo perdão e misericórdia. Ele é o único que não nos apontará os nossos defeitos e sempre estará de braços abertos para nos acolher.
Nessas 24 horas para o Senhor, tenhamos um coração aberto e vivamos este tempo da quaresma muito diferente do habitual, mas que nos chama a renovarmos as promessas batismais na Páscoa que se aproxima.
Caros irmãos, quero lembra-los dos três pilares da Quaresma que são Oração, Jejum e Esmola. Que o nosso jejum e a nossa esmola só têm valor por meio da Oração, uma ação depende da outra. E que esse tempo quaresmal tem um convite forte penitencial, que se dá por meio da oração. É um período forte para a mudança de vida, de começarmos de um jeito a caminhada quaresmal e chegar no Domingo de Páscoa de outro. Só conseguiremos isso por meio da Oração constante e do encontro com o Senhor.
Por meio da Palavra de Deus, encontramos meios para que possamos sempre pedir a Luz do Espírito Santo para entendermos e meditarmos a Palavra de Deus, pedindo que ele ilumine as nossas consciências e, a partir disso, vivermos na busca de uma nova vida. Essas são as nossas fontes: a Palavra de Deus e a Eucaristia, e buscando nelas o entendimento, possamos nos abrir ao amor de Deus por meio do sacramento da Penitência.
“A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão”, assinala o documento do Papa Francisco para a Quaresma.
Afirma o padre Royo Marín: “Se precisamente enquanto homem opera seus milagres, perdoa os pecados e distribui a graça com liberdade, poder e independência soberanos, é porque sua humanidade santíssima é, de si, vivificante, ou seja, é instrumento apto para produzir e causar a graça em virtude de sua união pessoal com o Verbo Divino”. Nosso Senhor Jesus não tinha medo das pessoas mal afamadas. É perigoso julgar-se justo a si mesmo. É preferível que Deus nos julgue justos a sermos considerados justos diante dos homens e das mulheres. Diante de Deus são justos os que, reconhecendo as suas falhas, erros e os seus pecados arrependidos e humilhados, dobram os seus joelhos pedindo perdão a Deus, e então, recebem o seu perdão. Para estes, não tarda a resposta de Deus na pessoa do Filho: “Tua fé te salvou. Vai em paz”. Jesus diz ao fariseu: “Seus muitos pecados lhe são perdoados porque muito amou”. Simão, poderíamos dizer, é o que deve 50 denários e a mulher, 500. A pecadora já se sente perdoada. Para o fariseu, aquela mulher é pecadora e pronto. Não tem o direito de aproximar-se de ninguém. Ele cumpre a lei, ela, não. Por isso pode condená-la. Jesus perdoou a mulher diminuída em sua dignidade. Põe uma condição: “não peques mais”. E ela não pecou mais, tornou-se santa. Jesus deixa claro que o perdão é dom gratuito de Deus e o pecador arrependido expressa, através do amor, a acolhida do perdão.
Feliz aquele que experimenta o amor e a misericórdia, como Davi e a mulher sem nome do evangelho citado acima. Ninguém pode julgar o amor que está dentro do homem, no seu arrependimento, na sua dor. A nós é pedida a misericórdia, só a misericórdia. Façamos esta experiência. Cada um reze a seu modo: ela, no silêncio e lágrimas. Você que se considera justo, louve e agradeça a Deus. Todavia, vigilante para não se julgar o todo poderoso diante dos outros que erram e falham. Saiba que à mulher do evangelho foi-lhe restituído um coração novo: “Tua fé te salvou”.
Portanto, meus irmãos, aproveitemos mais essa oportunidade que nos é dada para nos aprofundarmos da misericórdia do Senhor, nos abrindo ao seu amor e ao de nossos irmãos. Que esse amor e essa misericórdia que experimentamos em nossas vidas possamos transmitir aos nossos amigos, vizinhos e familiares. Deixemos o Senhor nos “olhar” com amor e misericórdia como ele olhou para a pecadora adúltera.
Em meio a todas essas dificuldades que estamos passando, a Cruz do Senhor permanece de Pé, isso se dá por meio do Espírito Santo e da nossa oração. Continuemos nos mantendo de pé por meio da oração e pedindo forças ao Senhor para enfrentarmos todas as dificuldades.
Que Deus nos abençoe e que a saúde de todos seja protegida pela graça divina e pela oração incessante para vivermos na santidade e na amizade com o Redentor, abandonando o pecado e vivendo a graça de discípulos-missionários!!!