O diapasão da prece do cristão

    No declive do monte das Oliveiras, após mais um momento de oração, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11,1-13). A prece fazia parte da vida de Jesus e isto, por certo, impressionava seus seguidores. Ao responder, o Mestre divino legou aquela que seria a mais bela e popular oração dos cristãos. Sem marcas de egocentrismo o pensamento logo se volta para Deus que é Pai, pedindo que seu nome seja santificado, que seu reino venha até nós e que sua vontade seja totalmente feita. A Ele se dirigem depois súplicas comunitárias: o pão cotidiano solicitado para todos, requerendo o perdão dos pecados, com a condição de se anistiar todos os ofensores. Adite-se um pedido final imprescindível: “Não nos deixes cair em tentação” O ser humano está sempre sujeito às invectivas do demônio ou de si mesmo ao se expor às aliciações contrárias aos preceitos de seu Senhor. Vencê-las é essencial para que se atinja a santidade existencial e Jesus deixaria esta ordem: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Fica então aberto o caminho da purificação, alicerçada numa total confiança no Pai que levará sempre quem O implora a triunfar dos males físicos e morais. Tudo isto oferece motivações para que com atenção, fervor e convicção seja rezada prece tão preciosa, que não é um monólogo, mas uma terna conversa com Deus Eis porque a postura de quem a recita deve ser de absolutas fé e sinceridade. Trata-se de uma prece que envolve todo o ser humano, ou seja, o sentido de Deus, seu nome, sua glória, seu reino e nossas necessidades fundamentais, a saber, o pão espiritual e material, necessário para a subsistência; incluindo também nossas relações com o próximo, isto é, o perdão, que é fonte de paz e harmonia. É todo o ser humano que fica higienizado. Este processo de purificação realiza-se através da perseverança na recitação atenta das palavras desta prece. Eis porque não deve ser proferida automaticamente, mas degustada, absorvendo a profundidade das verdades que ela encerra, desejando tudo que nela se solicita a Deus. Quem reza esta oração composta pelo próprio Filho de Deus se lança numa aventura de familiaridade com o Senhor Onipotente e com os outros. Trata-se de uma intimidade que vai além das palavras, impregnando a vida de cada um com a certeza da grandeza do Pai, cujo reino deve se estender por toda parte, Ele que oferece o pão cotidiano, perdoa os pecados, leva a anistiar os ofensores e não deixa tal orante cair nas garras de satanás. Deste modo, todas as outras orações ganham sentido profundo e oferece ao Espírito Santo oportunidade para transformação de cada um rumo à própria santificação. Jesus ensinou a ver Deus como Pai, o Criador, o Senhor do espaço e do tempo, Ele que deve dirigir o destino de cada um.  Pai que oferece segurança absoluta e que merece ser tratado com sumo respeito e ternura. Daí a certeza de que somos amados por Ele tais como nós somos, apesar das fraquezas humanas e por isto se pede a Ele: “Perdoa-nos os nossos pecados”. Ao pedir “venha o teu reino” isto significa que se almeja que o plano de amor deste Deus, que é Pai, realize entre todos os homens seu projeto de salvação. É preciso ainda notar que ao impetrar a Deus que seu nome seja glorificado se mentaliza que sua glória externa depende dos que nele creem e que o mundo fica melhor quando milhares de fiéis por toda parte estão num clamor universal pela grandeza do Ser Supremo que merece toda honra. Deste modo a prece que foi composta pelo Mestre divino visa o reconhecimento da irrestrita exaltação de Deus a quem o ser criado deve inteiramente se submeter. Além disto, ela vem em socorro das necessidades espirituais e materiais, abrangendo todos os bens necessários à glória divina e à subsistência de cada um. Até a última petição desta oração tem uma amplitude maravilhosa: “Não nos deixes cair em tentação”, isto é, que Deus guarde cada um das seduções das forças diabólicas contra os sagrados mandamentos, das atrações do poder, do prazer desregrado, da ambição. Rezar com fervor esta oração é estar em especial diálogo com Deus, dilatando o coração para o bem, voltado cada um inteiramente para Aquele que deve ser louvado e que, poderoso, pode salvar de todos os males.

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