Celebramos neste domingo o vigésimo quarto desse Tempo Comum. Daqui a dez domingos, encerraremos esse tempo litúrgico e, com ele, o ano litúrgico. Os dias passam, o tempo corre e temos que aproveitar cada momento. Diante de tantas tarefas do dia, deixar um tempo reservado para Deus, para agradecer por nossa vida e por nossa família.
Estamos no mês da Bíblia, tempo propício para meditarmos ainda mais a Palavra de Deus e, também, de dedicarmos um tempo para a leitura diária. Neste ano aprofundamos o livro de Josué. Estamos no “tempo da criação (1/9 a 4/10) e rezando pela 38ª viagem do Papa na próxima terça-feira ao Cazaquistão para encontros líderes de várias religiões e pedir pela paz no mundo.
Será que em meio aos afazeres do dia estamos conseguindo dar tempo para Deus? O tempo que dedicamos para Deus é precioso e com a ajuda da oração diária podemos enfrentar as adversidades do dia.
A liturgia da palavra de hoje e mais propriamente o Evangelho nos fala da misericórdia de Deus, aliás, é o coração do Evangelho de Lucas. Ele nos acolhe como somos e não deixa que nenhum de seus filhos se percam. Se porventura d’Ele nos afastarmos, Ele aguarda o nosso retorno, prepara um banquete e se alegra conosco. Por isso, se nesse momento não nos encontramos tão próximos de Deus, agora que estamos no mês da Bíblia é a ocasião. Será que nos deixamos inquietar pelos irmãos e irmãs que se afastam?
Jesus vai ao encontro das ovelhas perdidas da casa de Israel, como Ele mesmo disse. Ele não veio ao encontro dos justos, mas dos pecadores, com a finalidade de converter muitos corações. Jesus, ao anunciar o Reino de Deus, anuncia também o perdão de Deus — está é a lição deixada por Ele: devemos anunciar aos outros o Reino de Deus, sobretudo àquelas pessoas que se encontram afastadas da Igreja. Como discípulos e missionários de Jesus, devemos anunciar para essas pessoas o perdão e a misericórdia divina.
A primeira leitura desse domingo é do livro do Êxodo (Ex 32, 7-11.13 -14). Deus fala a Moisés e pede que ele desça e peça ao povo para que mude a sua conduta, pois desviaram-se rapidamente daquilo que Deus lhes tinha prescrito. O povo criou para si um bezerro de ouro e prostravam-se para adorar esse bezerro, ou seja, criaram “deuses” para si e esqueceram do Deus verdadeiro que os libertou da terra do Egito.
Moisés intercede pelo povo. Podemos observar a conclusão disso quando o próprio filho de Deus morre na cruz em favor de todo o povo.
O salmo responsorial é o 50 (51). Esse é um salmo de clemência, em que o salmista se arrepende de seus pecados e pede a misericórdia de Deus. Esse salmo é bastante usado em celebrações penitenciais e no tempo da quaresma. Podemos meditar esse salmo sempre antes de nos confessarmos, pois após a confissão saímos com um coração puro.
A segunda leitura desse domingo é da primeira carta de São Paulo a Timóteo (1Tm 1,12-17). Paulo relata a Timóteo como a graça e a misericórdia de Deus lhe alcançaram. De perseguidor da Igreja se tornou um grande missionários e evangelizador dos gentios. A conversão de Paulo se deu por graça de Deus. Essa graça não podia ficar guardada, tinha que ser anunciada ao mundo. Por isso Paulo se torna apóstolo.
Essa mesma graça de Deus, que alcançou Paulo, nos alcança quando nos aproximamos do sacramento da confissão. Somos chamados a anunciar a misericórdia de Deus aos demais irmãos de nossa comunidade.
O Evangelho de desse domingo é de Lucas (Lc 15,1-32). Esse é um Evangelho bem conhecido por nós. Sempre o meditamos durante o período da Quaresma e nos momentos de oração em nossas comunidades. A parábola que Jesus conta é a do filho pródigo, que pede que o pai divida a herança entre ele e o irmãos mais velhos, e sai pelo mundo esbanjando tudo. Ele tomou a decisão de se afastar do pai e do irmão. O pai fica muito triste, mas era opção do filho e ele aceitou o pedido.
Depois de um tempo, após ter gastado todo o dinheiro com farras e prostituições e de não ter dinheiro nem mais para comer, o filho cai em si, sente falta de sua casa e do carinho de seu pai e resolve voltar para casa. O pai, ao ver de longe o filho vindo, se alegra, abraça com carinho e misericórdia esse filho e pede aos empregados que matem um novilho gordo e façam uma grande festa, pois aquele filho estava morto e agora voltou a viver.
O filho mais velho não estava no momento do retorno do filho mais novo. Ao aproximar-se de casa e ouvindo o barulho de músicas e danças, pergunta aos empregados o que havia. Eles dizem que era o irmão que havia voltado. Esse filho mais velho se revolta, fica chateado e diz ao pai que sempre foi fiel e ele nunca havia dado uma festa para ele comemorar com os amigos. Mas seu pai lhe diz que era necessário festejar, pois aquele filho estava morto e tornou a viver.
Jesus conta essa parábola porque os fariseus e doutores da lei o questionavam por acolher os pecadores e ainda fazer refeição com eles. Podemos entender nessa parábola que o pai representa Deus. O filho mais novo pode ser cada um de nós, cada vez que queremos seguir o nosso próprio caminho longe de Deus. E o filho mais velho são aqueles que apontam o erro dos outros, sem antes olharem para os seus próprios erros. No caso do evangelho, são os fariseus e os doutores da lei.
Deus se alegra com cada um que de coração sincero se arrepende de seus pecados. Ele nunca desiste de nós. Nós que desistimos de Deus, da mesma forma que o pai do Evangelho, Ele fica esperando o nosso retorno e faz uma festa quando voltamos a Ele.
Celebremos com alegria esse vigésimo quarto domingo do tempo comum e confiemos sempre na misericórdia de Deus. “Deus é bom o tempo todo, todo o tempo Deus é bom.”