Viver para sempre

    Temos a graça de celebrar, neste domingo, o quinto deste período forte de conversão e de um itinerário de busca pela santidade. Com este domingo, fechamos as três grandes “catequeses batismais” do Evangelho de João, que balizam a liturgia da Quaresma. São: a história da Samaritana (Jo 4), a do cego de nascença (Jo 9) e a de Lázaro (Jo 11). Desde os primeiros tempos do cristianismo preparam os catecúmenos para serem batizados na noite pascal. Neste final de semana, o assunto é a história de Lázaro (João 11), que anuncia a vida nova do cristão, co-ressuscitado com Cristo.

     

    O Evangelho deste domingo (cf. Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45) se compõe de três momentos. Num primeiro momento, Jesus se encontra do outro lado do Jordão, a uns 40 km de Jerusalém (Jo 10,40). Lá, ele recebe notícia de que seu amigo Lázaro está à morte (11,2 explica: Lázaro é o irmão de Marta e de Maria, aquela que enxugou com seus cabelos os pés de Jesus, como será narrado no cap.12). Jesus responde que a doença de Lázaro não vai terminar na morte, mas na manifestação da glória de Deus (11,4). E em vez de subir logo a Jerusalém, demora ainda dois dias no lugar.

     

    O segundo momento é a chegada de Jesus em Betânia, a 3 km de Jerusalém. Jesus encontra Marta na entrada do povoado. Ela diz: “Se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”. Mas ela confia que Jesus pode ainda pedir algo a Deus para ele (11,21). Jesus responde que Lázaro vai ressuscitar, e Marta confirma isso, pois ela é uma judia piedosa que acredita na ressurreição no último dia. Jesus, então, replica: “Eu sou a ressurreição e a vida”. “Aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que, em vida, crê em mim, não morrerá jamais! Crês nisto”? Marta exclama: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que vem ao mundo” (11, 27).

     

    A história poderia terminar por aqui, mas Jesus se revelou como a vida eterna para quem crê n’Ele desde já. Quem crê em Jesus (e coloca em prática a Palavra) vive uma vida que nunca mais lhe será tirada; será apenas confirmada na hora da morte corporal. “Já passou da morte para a vida” (João 5,24).
    No terceiro momento, Jesus encontra Maria perto da casa. Ela também diz: “Se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (11,32). Jesus então se comove por causa de Maria e dos parentes e amigos que estão em prantos. E, indo ao túmulo, manda tirar a pedra que fecha a entrada. Marta, a realista, que inclusive já aprendeu a lição de Jesus, acha melhor não abrir o túmulo, pois já é o quarto dia que Lázaro está morto; já deve estar em estado de decomposição. Mas Jesus lembra o que falou aos discípulos: que a doença de Lázaro serviria para se manifestar a glória de Deus (11,40). Com uma oração de agradecimento a seu Pai, chama Lázaro do túmulo. Lázaro sai ainda envolto na mortalha, precisa ainda ser solto das amarras da morte (11, 44).

     

    Este é o sétimo e o último milagre; na teologia de João “sinal”. No Evangelho de João é a plenitude dos gestos proféticos de Jesus. Jesus revelou plenamente o sentido “vital” de Sua mensagem e ação. Só falta agora completar esta revelação pelo dom de Sua própria vida, no qual Ele manifesta o rosto de Deus mesmo, pois Deus é amor. Este será o tema do resto do Evangelho de João (caps. 13-20).

     

    Portanto, ao celebramos este domingo, queremos renovar a nossa profissão de fé na ressurreição, porque o protótipo da ressurreição é Cristo; por isso, se apresenta como “Eu sou a Ressurreição e a vida”. Em Lázaro, vemos o tamanho poder que tem Nosso Senhor, que depois de dias no túmulo, Jesus ressuscita. Hoje, antes de tudo, renovamos as palavras do credo: “creio na ressurreição da carne e na vida eterna” Amém!

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