Quinto domingo da quaresma

    A situação social no Brasil é como um grande túmulo que devora as esperanças da maioria de seus habitantes. A primeira leitura deste domingo retrata esta desolação: “Nossos ossos estão secos, nossa esperança está desfeita. Para nós, tudo está acabado.” Nosso país está cheio de Lázaros, Marias e Martas, e o consolo que eles recebem são pêsames e amarras sempre mais consistentes. Isto porque uma minoria optou por viver segundo seus instintos egoístas, gerando a cada dia uma sociedade sempre mais desigual e injusta.
    A esperança vem da Palavra de Deus. Ele nos tira dos túmulos e, por seu Espírito, nos faz reviver. Jesus nos mostrou que a morte não tem a última palavra. Mais ainda, ele nos ordena que desamarremos e deixemos caminhar todos os que estão sendo impedidos de viver, pois o Espírito que o animou a libertar os oprimidos e ressuscitar os mortos está presente em nós pelo Batismo.
    As leituras deste domingo são um apelo à libertação e esse apelo ecoa fortemente aos nossos ouvidos. Deus não quer que seu povo seja como ossos ressequidos abandonados nos túmulos. Ao contrário, pela força de sua Palavra, promete e liberta seu povo de qualquer espécie de servidão e morte.
    Jesus ama a humanidade e se solidariza com os Lázaros, Martas e Marias de todos os tempos, ordenando que soltemos as amarras que prendem os dominados. Nem sequer a morte física dos seus amados e as tramas diabólicas que seus adversários lhe armam serão capazes de impedir o curso vitorioso da ressurreição. Poderíamos nos perguntar: onde e como estamos soltando as amarras dos que hoje são condenados a morrer?
    Jesus morreu e ressuscitou comunicando-nos seu Espírito. Viver segundo o Espírito é fazer nossas as opções de Jesus, traduzidas em doação e entrega de si aos outros. Será que isto está acontecendo no que se refere à garantia dos direitos dos excluídos?
    Precisamos entender a diferença entre uma política “segundo e carne”e uma política “segundo o Espírito”. É necessário refletirmos sobre o que significa agradar a Deus num tempo e ambiente de tantas desigualdades e discriminações sociais como o nosso. Urge que meditemos sobre o que é centro de atenção para nós. Este mundo é passageiro, sabemos disto. É como se fosse um estágio para cada um de nós conquistar a alegria eterna. É bom que tudo isto nos faça refletir e nos leve a uma conversão de vida.

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