Vigésimo quarto domingo do tempo comum

    Nenhum texto do Evangelho, provavelmente, chamou tanto a atenção como a parábola do filho pródigo. O sucesso desta parábola de Jesus prende-se à necessidade que nós, seres humanos, temos de misericórdia.
    Parece que levamos no sangue a transgressão, o desejo de romper moldes, esquemas, de “ir à frente do nosso jeito”, mesmo sabendo que isto nos leva à perdição. A curiosidade é mais poderosa. A juventude é o tempo dessa curiosidade perigosa. Depois a pessoa cai em si, reconsidera e volta para casa. É a experiência do filho mais novo da parábola.
    Não obstante, também existe gente que não quer enfrentar riscos, que dede o princípio fica na casa paterna e vive na mais absoluta normalidade. No fundo, desejaria ter suas aventuras, deixar-se levar pela curiosidade (comer um cabrito com os amigos…), mas teme e permanece sempre no âmbito do legal, do estabelecido. Aí, sim, quando chega o momento de julgar a conduta do outro, essa gente mostra-se sem misericórdia.
    No meio está à figura do Pai-Mãe. É a compreensão, é o âmbito da liberdade mais do que a lei, é a esperança na capacidade do ser humano, mesmo nas situações mais sem saída. A figura do Pai fica muito iluminada quando se interpreta à luz do pastor que perde uma ovelha e abandona as 99 para procurá-la, ou à luz da dona de casa que perde um dracma e, esquecida dos outros nove, dedica-se a varrer a casa e a buscar o único dracma que perdeu. A exagerada atuação do pastor e da dona de casa indica que, para eles, a ovelha ou o dracma perdido não só tinha um valor pecuniário, mas autenticamente afetivo.
    Assim é o Pai da parábola. Sente profundo afeto e amor pelo filho. Como o ama, espera-o sempre. O Pai sabe que, ao voltar, o filho já será diferente. Pode revesti-lo e tratá-lo como a um príncipe.
    Esta parábola admite muitas leituras. Cada comunidade cristã deve deixar-se levar pelo Espírito que inspira a palavra oportuna. Mas, é sempre bom lembrar que Deus é assim: sua misericórdia é grande e fiel ao extremo, ao infinito!

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