O médico canadense Dr. Gabor Maté acredita que precisamos repensar nossa abordagem ao assunto do vício. É um renomado especialista em Medicina de Família e Comunidade, é escritor best-seller que ficou conhecido por seu trabalho sobre saúde mental com pacientes que sofrem com abuso de substâncias na área central de Vancouver-Canadá.
Seu livro: No reino dos fantasmas famintos: encontros imediatos com o vício. Esse livro é o recurso de grande importância para compreender as raízes e os comportamentos do vício.
No centro de sua abordagem, está a ideia de que todo vício tem origem em um trauma. O vício está sempre relacionada ao trauma e às adversidades na infância — o que não significa que todas as pessoas traumatizadas se tornarão dependentes, mas que todos os dependentes passaram por traumas. O vício não é uma escolha que se faça, é uma resposta à dor emocional, afirma Dr. Maté.
Dr. Maté, define vício como qualquer comportamento ou substância que uma pessoa usa para aliviar a dor em curto prazo, mas que leva a consequências negativas em longo prazo.
A palavra vício tem origem do latim “vitium” e significa “falha ou defeito”. Para o dicionário Aurélio, a definição de vício é: Tornar mau, pior, corrompido ou estragado; alterar para enganar; corromper-se, perverter-se, depravar-se. Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma doença física e psicoemocional.
Na psicologia vai mais à fundo e investiga não só as consequências, mas também as motivações, origens e características do vício e de seus dependentes. A área também entende o vício como um mecanismo de fuga emocional que visa a obtenção de prazer e extinção da dor.
Os Vícios e os Significados Emocionais
Os vícios estão relacionados ao núcleo familiar, à superproteção materna e à ausência do pai. Ambos os casos por falta de amor incondicional e de uma esmerada educação na afetividade.
Todo vício busca evitar o contato com a emoção, pode ser uma sensação de vazio existencial, falta de amor, sentimento de culpa, medo, solidão, falta de verdadeiras amizades e de espiritualidade.
Cocaína:
Ajuda a administrar o ódio ao pai, a expressar o que não me atrevo a expressar, já que a cocaína me desinibe. Ilusão de um grande despertar que facilita o relacionamento com os outros. Quero recuperar minha pureza ou o que não consigo mais gerar, como a admiração dos outros.
Maconha:
Ajuda a administrar a separação de um casal e minha identidade ou posição diante dessa separação. Pessoa que está se procurando, que não sabe o que é o real sentido da vida. Conflito de identidade.
Alcoolismo:
Está relacionado ao desejo de fugir das responsabilidades físicas ou emocionais por medo de ser magoado e ser magoado novamente. (Conflito com o pai, a mãe e outros).
Cigarro:
O tabaco está relacionado aos conflitos da mãe, que vive uma situação de profunda solidão. Falta de comunicação com a mãe ou excesso de proteção excessiva. Falta de liberdade e independência.
Obesidade:
Tente satisfazer sua fome de amor com comida. Quanto mais você come, maior é a sua fome. Comer para tentar superar o passado ou experiências não assimiladas. Uma fuga que consome, não sacia e que adoece.
Chocolate:
A necessidade do amor e doçura do papai. Conflitos com a ausência, falta de amor ou desvalorização do pai.
Açúcar:
A necessidade de adoçar a vida, compensando o sentimento de falta de amor, ternura, felicidade e alegria na pessoa. Falta de viver a doçura que a vida proporciona.
Sexo:
Tentar preencher o vazio e a carência afetiva só com sexo. Pensa que fazer sexo é ter amor e resolver a crise existencial. A satiríase é a ninfomania masculina (vício de sexo). A ninfomania é o vício sexual feminino.
Vício em trabalhar:
Viver com muito apego e inseguro, para não sofrer com a falta. Acredite que deve ser mostrado que minha vida é produtiva e que os outros reconhecem que valho alguma coisa.
Dependência de exercícios físicos:
Dificuldade em se aceitar e de se amar. Dependência do seu estado físico (externo) para preencher o vazio (interno) de insegurança em seu próprio ser. Esse vício está intimamente ligado a um transtorno de imagem que afeta principalmente os homens: a vigorexia (transtorno dismórfico muscular).
Para refletir
Se a pessoa é portadora de vícios, está sendo prejudicada e prejudicando outras pessoas por causa dele, deve buscar urgente ajuda de um profissional da saúde. Há absoluta certeza de cura e libertação dos vícios pela farmacologia e terapia. Vale todo empreendimento para se libertar dos vícios em prol da saúde física, emocional e da prosperidade financeira. Qualidade de vida é tudo!
Dr. Inácio José do Vale
Psicanalista Clínico, PhD
Trabalha Clinicando na Comunidade de Ação Pastoral-CAP
Especialista em Psicologia Clínica pela Faculdade Dom Alberto-RS.
Pós-graduado em Psicologia nas Organizações com Habilitação em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Educamais de São Paulo-SP.
Psicologia, Educação e Desenvolvimento pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo-SP.
Especialista no Ensino de Filosofia e Sociologia pelo Centro Universitário Dr. Edmundo Ulson-Araras/SP.
Doutorado em Psicanálise Clínica pela Escola de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea. Rio de Janeiro-RJ. Esta é reconhecida e cadastrada na Organização das Nações Unidas – ONU (United Nations Department of Economic and Social Affairs).
Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica
Fontes: