Via Sacra

    A Via Sacra é uma prática devocional espiritual muito importante para ser realizada durante o período quaresmal e, na semana santa, muito mais ainda. Recomenda-se que medite a Via Sacra sempre. É uma prática devocional muito importante para nossa espiritualidade. Podemos fazê-la sempre, especialmente às sextas feiras, e em especial todas as sextas-feiras da Quaresma.

    Na Via Sacra, meditamos os passos que Jesus percorreu até o calvário e a sua crucifixão e morte de cruz. No Brasil, de modo particular, o caminho do calvário é relembrado com procissão na sexta-Feira Santa, após a ação litúrgica da Paixão do Senhor, e, em alguns lugares, também após o Sermão do Descendimento da Cruz e a procissão do Senhor Morto. Aqui em nossa arquidiocese, além das muitas atividades nas paróquias, na Catedral realizamos no encerrar da sexta-feira santa durante a procissão com o Senhor morto pelas ruas centrais de nossa cidade.

    Durante o período quaresmal, somos convidados a intensificar três práticas: oração, jejum e caridade. Sobretudo, nas sextas feiras da Quaresma, podemos fazer o jejum e a abstinência de carne e intensificar a nossa oração. Essas três práticas caminham juntas. O jejum só terá valor efetivo se for acompanhado da oração e a caridade é o gesto concreto do meu jejum. Por isso, nas sextas-feiras da quaresma, realizamos a Via Sacra, pois é um modo de intensificarmos a nossa oração, meditando os passos de Jesus rumo ao calvário.

    É claro que podemos meditar sempre a Via Sacra, mas durante o período quaresmal e na semana santa, é ainda mais significativo. Meditar a Via Sacra é, também, uma forma de fazermos penitência, outra prática quaresmal. Jesus carregou os nossos pecados ao levar a cruz sob as costas e ao morrer crucificado, nos salvou. Dessa forma, rezar a Via Sacra tem caráter penitencial, pedindo, sobretudo, o perdão de nossos pecados.

    A Via Sacra é muito antiga e é uma forma de se meditar a Paixão de Cristo. A expressão vem do latim e significa “caminho sagrado”. Como já dissemos, nada mais é do que o caminho que Jesus percorreu, desde a injusta condenação até a morte de Cruz. Esse momento deve ser celebrado com fé e piedade. Não podemos deixar esses momentos passarem em branco ou ficarem esquecidos. As paróquias devem proporcionar esse momento aos fiéis durante todas as sextas da Quaresma.

    Nos dias de hoje, quem vai à Terra Santa, percorre esse caminho da via sacra. É claro que o tempo propício para se meditar a Via Sacra é nas sextas-feiras da Quaresma, mas pode ser feita durante o ano todo, sempre que quisermos recordar o caminho de Cristo rumo ao calvário, o caminho da nossa salvação. Quem faz peregrinação a Jerusalém a realiza na ocasião que é possível passando pelas apertadas e movimentadas ruas da velha cidade.

    Normalmente, em nossas paróquias têm quadros ou pinturas em relevo na parede, recordando esse caminho de Jesus. Existem, também, livrinhos com a meditação das 14 (alguns acrescentam a 15ª) estações da Via Sacra, por isso ela pode ser meditada sempre que sentirmos necessidade. O mesmo acontece com o terço. Podemos e devemos como cristãos rezá-lo todos os dias, e nas terças e sextas-feiras, meditamos os mistérios dolorosos, que também fazem memória aos últimos momentos de Jesus até a morte de Cruz.

    As estações ao todo são 14 e compreendem o momento desde a prisão de Jesus até a sua crucifixão e morte. Atualmente foi acrescentada a 15ª estação, que trata da ressurreição de Jesus. Ou seja, a morte não tem a última palavra, Cristo venceu a morte e ressuscitou para nos salvar e abriu para nós o caminho da ressurreição. Se Ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos.

    Ao realizar essa piedosa devoção contemplamos também os sofrimentos do povo e as injustiças que ocorrem no mundo. Ao refletirmos e rezarmos diante das estações da via sacra, fazemos memória da entrega de Jesus por nós, mas também lembramos de nós mesmo e de nosso povo com suas cruzes às costas.

    Se realizar o caminho da Via Sacra com fé e piedade, a Igreja concede a indulgência plenária, ou seja, o perdão das penas temporais consequentes dos pecados perdoados. Para isso, é necessário seguir alguns critérios: deve-se meditar com piedade e de forma concreta as estações; percorrer as 14 estações, parando diante das cruzes e quadros das estações; não necessariamente é preciso meditar os textos que remontam aquela estação da Via Sacra, mas pode-se optar por leituras devotas e algumas orações vocais; movimentar-se de estação para estação de forma ordenada.

    Para receber a indulgencia plenária, como é tradição, também é preciso estar com a confissão em dia, rezar nas intenções do Papa, do bispo diocesano e da Igreja. E exercer alguma obra de caridade, rezar pelos mortos e a profissão de fé. Tudo isso é possível fazer no período quaresmal: a confissão, a caridade, rezar pelos mortos e pela igreja. Essa indulgência pode, ainda, ser lucrada todos os dias do ano e aplicar-se aos defuntos.

    Sempre é tempo propício para meditar o mistério da Paixão, Morte e ressurreição de Jesus, mas na quaresma é o tempo ainda mais propício. Devemos meditar em todas as sextas-feiras da quaresma e, especialmente, nas suas duas últimas semanas, tradicionalmente denominadas de Tempo da Paixão, pois se aproximam os dias da entrega do Senhor por nós.

    Quando se reza em grupo, é recomendável entoar cânticos entre uma estação e outra. Como o Stabat mater, em língua portuguesa, talvez o hino A morrer crucificado seja o mais conhecido para essa finalidade. Por isso, entre uma estação e outra acrescenta-se versos desse cântico. A Via Sacra em grupo pode ser acompanhada da Cruz e duas velas. O sacerdote também pode acompanhar a Via Sacra, se não puder, os fiéis leigos mesmo realizam. É recomendável também rezar um Pai-Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai, após cada estação.

    Não deixemos passar esse momento e cultivemos essa espiritualidade em nosso coração e em nossa família. Percorramos com Jesus esse caminho até ao calvário, entreguemos na cruz os nossos pecados e que possamos ressuscitar para uma vida nova. Segue abaixo a oração a Jesus crucificado para nos ajudar em nossa espiritualidade quaresmal:

    Eis-me aqui, ó meu bom e dulcíssimo Jesus! Humildemente prostrado de joelhos em vossa presença, peço e suplico-vos, com todo o fervor de minha alma, que vos digneis gravar em meu coração os mais vivos sentimentos de fé, esperança e caridade, de verdadeiro arrependimento de meus pecados, e um firme propósito de emendar-me, enquanto vou considerando, com vivo afeto e dor, as vossas cinco chagas, tendo presentes as palavras que já o profeta Davi punha em vossa boca, ó bom Jesus: “Transpassaram minhas mãos e os meus pés e contaram todos os meus ossos” (Sl 21, 17).

    Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

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