Em Pacaraima, município brasileiro localizado no norte do estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo falou da realidade dos migrantes e refugiados venezuelanos que, fugindo da crise em seu país, busca outros países como alternativa, entre eles o Brasil. Realidade que dom Walmor passou a conhecer mais de perto de 8 a 12 de março, em uma agenda de visitas à região junto aos três integrantes da presidência da CNBB.
“Eu sempre procurei apoiar e acompanhar inclusive com a acolhida, na arquidiocese de Belo Horizonte, de famílias e pessoas vindas da Venezuela. Porém vir aqui, ver, ouvir, partilhar e escutar é uma experiência única que toca profundamente o coração”, disse. Ver tanta gente fora de sua casa, do seu lugar e das suas raízes culturais e religiosas foi uma das imagens que mais tocou o arcebispo, em particular as crianças. “Não tem como ver as crianças nesta situação sem que uma lágrima brote nos olhos”, disse.
Depois de quatro dias de visitas a postos de identificação e triagem dos venezuelanos, a abrigos, ocupações e à fronteira, dom Walmor enalteceu o trabalho que organizações da sociedade civil, o exército brasileiro e a Igreja no Brasil, por meio da diocese de Roraima e seus organismos como a Cáritas e Pastorais da Criança e dos Migrantes, vem desenvolvendo. Segundo ele, um bonito trabalho.
Dom Walmor reforçou que esta visita pastoral o ajudou a compreender que é necessário percorrer um longo caminho buscando aprender, do Evangelho, o que significa a solidariedade num mundo desumano. Na avaliação do arcebispo, as ideologias políticas, interesses partidários e o apego financeiro levam o mundo a ser muito injusto, desigual e excludente.
“Pela força de nosso seguimento a Jesus Cristo e pelas exigências das necessidades de tantos irmãos e irmãs, somos chamados a percorrer o caminho da solidariedade. Esse é o nosso sonho e é o sonho de Deus. Que Ele nos ajude a aprender esta lição como uma oportunidade de fazermos um mundo melhor”, disse.
Só a solidariedade, baseada no Evangelho, segundo o presidente da CNBB, vai construir uma nova lógica para o mundo. “E não há outro caminho. O mundo não vai mudar por mudanças econômicas. O que vai mudar o mundo é a solidariedade numa dinâmica nova, de podermos viver a partir de uma nova lógica que é a lógica da partilha e do respeito à dignidade de toda pessoa humana”, afirmou. Dom Walmor manifestou sua profunda gratidão a Deus e a todos que proporcionaram esta oportunidade de vivenciar esse caminho de conversão, neste tempo quaresmal, nos caminhos pela visita à Roraima.
Com colaboração de Evilene Paixão, jornalista da Cáritas (RR).