Vencer o iceberg do egoísmo

    Da misteriosa encarnação, compreendida aos olhos da fé, é que vem a inigualável energia para vencer e ultrapassar todas as barreiras que contrariam a vontade de Deus: a energia do amor. Neste tempo que antecede o Natal, estamos todos ansiosos pela chegada do Menino Jesus, tão pequeno na gruta de Belém, e que entrou no mundo como uma criança frágil, vivendo na sociedade de seu tempo, filho de Maria de Nazaré e do humilde carpinteiro José, querendo, evidentemente, desmanchar o iceberg do orgulho e do egoísmo, amparado pelo emblemático manto da ternura, da justiça e da paz. Misteriosamente, sem que as pessoas conseguissem identificar em toda a sua plenitude, Ele carregava consigo uma profunda impressão: a natureza divina – É o Verbo de Deus que se encarnou e veio se estabelecer entre nós.[1]
    No contexto da obra salvífica e redentora do nosso bom Deus, mistério a dominar e encantar a história da humanidade, somos convidados sempre mais a apreciar: “Ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame bem alto, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor”.[2] O Cardeal Aloísio Lorscheider, no sentido profundamente belo quanto inefável, afirma, a partir do mistério da encarnação do Filho de Deus, de um modo encantador e ao mesmo tempo paradoxal, que “Jesus é a majestade divina despojada, aniquilada por nós, é também a nulidade humana, em certo sentido, divinizada. Vemos o nosso nada subir no trono de Deus, enquanto Deus desce às nossas manjedouras; e quem realiza esse prodígio de onipotência, de amor, de glorificação e de humilhação é Jesus”.[3]
    O que o mundo propõe não deve ser causa de alegria. Alegria de verdade encontramos no Evangelho como uma palavra de ordem: “Eis que eu anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo”.[4] E qual é mesmo a alegria no sentido mais profundo? “Encontramo-la no mistério da encarnação, no nascimento do Filho de Deus. A nós, cristãos, cabe exultar e, ao mesmo tempo, contemplar, associados aos anjos que povoaram os céus naquela noite memorável, no inexprimível e misterioso coro: “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”.
    O Papa Francisco alimenta no mais íntimo do íntimo, no convite do apóstolo Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor”. O Senhor está próximo! Não é uma alegria superficial ou puramente emotiva, nem sequer aquela mundana ou do consumismo, mas trata-se de uma verdadeira alegria, da qual somos chamados a redescobrir o sabor”,[5] numa fervorosa súplica, em que cesse a falta de amor, a insensibilidade e a indiferença por um mundo mais inclusivo, segundo o desejo de Francisco. Assim seja!

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