Velar e orar em todo o tempo

    No início do Advento ressoa a advertência de Jesus ao falar sobre o fim do mundo: “Velai, pois, orando em todo o tempo […] para que possais estar firmes na presença do Filho do homem” (Luc 21, 25-28. 34-36). Iluminados pela graça divina cumpre aos cristãos abrir seus corações à inteligência do mistério das vindas do Salvador a esta terra no Natal e na consumação dos séculos. Advento é então um tempo especial que leva cada um a escapar de tudo que possa impedir a recepção das graças desses dois fatos extraordinários. Preparar-se para a comemoração do nascimento do Redentor da humanidade e de seu retorno no julgamento derradeiro com muito amor no coração. São João da Cruz asseverou que no termo da existência cada um será julgado pelo amor. Donde ser necessária vigilância e oração imersas na dileção divina. É o amor às realidades sobrenaturais que impedirá o torpor espiritual e dará continuamente condições para uma revisão de vida.  O Advento consiste então em olhar no silêncio de preces fervorosas o próprio coração para retirar as obscuridades dissimuladas no interior de si mesmo. Desta maneira o cristão se torna atento escutando na oração a voz de Deus e passa a ver como tudo que o mundo oferece é irremediavelmente limitado. É que para se chegar junto do Presépio será urgente restaurar uma visão realista dos bens que passam para se fixar naquilo que é eterno.  A prece oferece, de fato, este desejo de receber a plenitude das bênçãos do Natal e a vigilância para estar de pé junto de Cristo que, um dia, retornará não numa pobre manjedoura, mas com todo poder e majestade. Desta maneira, a precariedade humana pode ser vencida a fim de conhecer a libertação dos que compreenderam o significado da redenção que Cristo a todos veio oferecer. Indo até o Menino Jesus no seu Natal, renovados por Ele, se poderá chegar até Ele no julgamento final, dado que não se cessou nunca de aguardá-lo durante esta peregrinação terrena. No fim do mundo aquele que esteve no mundo, sem ser do mundo, deparará com uma vitória gratificante repleta de esplendor. Eis porque no início do novo ano litúrgico, neste primeiro domingo do Advento, a Igreja apresenta um texto do Evangelho realmente apocalíptico. A descrição feita por Cristo longe, porém, de causar assombro, gerando pânico, envolve em esperanças fagueiras. Quem viver com Jesus, restaurando suas forças espirituais em cada Natal, nada terá a temer quando ele se manifestar como Juiz dos vivos e dos mortos. Eis aí o resultado feliz da vigilância e da oração. O amor gratuito e infinito de Deus sustenta a expectativa daquilo que Ele reserva aos que lhe forem fiéis na trajetória terrena. Trata-se da espera de um Reino eterno na mais absoluta felicidade que será alcançada com as maravilhosas dádivas com os quais o Senhor cumula ininterruptamente a todos. A Palavra revelada por Deus esclarece a vida humana no seu cotidiano, levando o fiel a se imergir neste conhecimento de Deus que é amor. O homem foi criado por este amor e no amor divino é recreado. Entretanto, este Deus respeita sempre a liberdade de sua criatura racional. É livremente que se  vai até o Presépio para um dia estar sereno na parusia do Filho de Deus, que virá consumar a história dos homens. O anelo da parusia se torna assim um elemento importante na vida cristã, Os seguidores de Cristo são, deste modo, parte da humanidade que aguarda sempre o dia daquele que veio e  que vem sem cessar, progressivamente, na marcha irreversível dos acontecimentos pessoais e universais. A ida ao Presépio e o desejo do retorno de Jesus no fim do mundo caracterizam o combate da fé, sustentado cada um pela graça obtida na vigilância e na prece ardente. Nesta peleja espiritual não falta nunca a proteção divina para os que têm um coração sincero e atento. A manifestação de Deus no mistério de Jesus é um processo inteiramente interior, solidificando o cristão todos os dias até o juízo universal. Com ele cada um tem força e vigor para enfrentar as lutas cotidianas e nunca desfalecer. Mensagens sublimes que iluminam as quatro semanas que preparam a grande solenidade do Natal e fortalece a certeza de que, no retorno glorioso de Jesus, cada um estará firme, vitorioso, de pé, diante dele, dado que, vigilante e religioso, esteve sempre unido a Ele.

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