Vaticano, um encontro para estudiosos e jornalistas sobre a santidade hoje

           O Prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro

Fama de santidade e heroísmo cristão na realidade contemporânea: este será o centro da conferência organizada em Roma de 3 a 6 de outubro pelo Dicastério das Causas dos Santos e aberto a todos. Apresentada esta segunda-feira, 19 de setembro, na Sala de Imprensa da Santa Sé, registrou, até então, 200 inscritos. No programa para o último dia, a audiência com o Papa. Cardeal Semeraro: queremos dialogar com o mundo sobre as questões que tratamos diariamente em nosso trabalho

Tiziana Campisi/Raimundo de Lima – Vatican News

Entrar em diálogo com o mundo contemporâneo para compreender melhor o que é a santidade: este é o objetivo da conferência “A santidade hoje”, organizada pelo Dicastério das Causas dos Santos e aberta a todos, que se realizará de 3 a 6 de outubro em Roma, no Instituto Patrístico Augustinianum. Apresentada esta segunda-feira, 19 de setembro, na Sala de Imprensa vaticana, a conferência já conta com cerca de duzentos inscritos.

Semeraro: aprofundar a “santidade da porta ao lado”

O objetivo é aprofundar o que o Papa Francisco chama de a santidade da porta ao lado, especificou o prefeito do Dicastério, cardeal Marcello Semeraro, aquele caminho para o qual todos são chamados e que o Concílio Vaticano II definiu como a “vocação universal à santidade”. Na prática, na realidade contemporânea, a conferência, envolvendo membros do Dicastério, professores, estudiosos e expoentes da cultura e da mídia, quer refletir sobre como identificar aqueles fiéis que têm fama de santidade entre o povo de Deus e sobre os elementos que levam à canonização. “É sobre o hoje que queremos evidenciar”, salientou o purpurado, explicando que se quis envolver especialistas em teologia, espiritualidade, sociologia e comunicação para uma discussão mais ampla possível sobre as questões que o Dicastério trata diariamente. A intenção é, portanto, iniciar encontros todos os anos, para tornar a mensagem do Dicastério mais evidente, visando iluminar o trabalho diário e o escrutínio do tema da santidade, e confrontá-lo com as instâncias culturais, teológicas e eclesiológicas do momento.

A conferência se inspira no que Francisco escreveu na Exortação apostólica Gaudete et exsultate sobre o chamado à santidade e que o Pontífice propôs para tentar encarnar “no contexto atual, com seus riscos, desafios e oportunidades”. Ela desenvolverá, em particular, dois temas: a fama de santidade e o heroísmo cristão, ou seja, a convicção que os fiéis de hoje têm da santidade de uma pessoa, daí a percepção de uma excepcionalidade que leva ao pedido de intercessões, e ainda o exercício das virtudes, o martírio e a oferta da própria vida, aquele seguir em frente apesar das dificuldades. Isto porque a tarefa do Dicastério das Causas dos Santos é reconhecer a santidade através de fases específicas e coordenadas de discernimento, esclareceu o purpurado, acrescentando que “a santidade canonizada, que propõe à Igreja intercessores e modelos aos quais inspirar-se”, visa principalmente “identificar figuras exemplares, que vão além da experiência comum, para chamar os batizados a viver sua vida cotidiana de maneira santa”. Respondendo a perguntas de jornalistas, de um repórter que se referia aos chamados santos vivos e do cardeal Joseph Zen Ze-kiun, o bispo emérito de Hong Kong (China), de 90 anos, que está em prisão domiciliar desde maio sob a acusação de ter apoiado a oposição ao governo de Pequim, e contra o qual está sendo aberto agora um julgamento, o cardeal Semeraro disse que “o cardeal Zen nos mostra que ser cristão não é uma coisa fácil”. O prefeito espera que o cardeal possa sair dessa situação e depois observou que quando falamos de fama de santidade estamos nos referindo à “autenticidade da mensagem que nos é transmitida em certas situações exemplares”.

Os dias da conferência

O programa da conferência inclui 11 discursos, 5 comunicações e 2 mesas-redondas, que resumirão os temas propostos com uma perspectiva internacional e de forma difusiva, também graças à coordenação de um jornalista. Para o dia 6 de outubro, último dia da conferência, está programada uma audiência com o Papa Francisco. O cardeal Semeraro abrirá e concluirá os trabalhos, enquanto outros participarão, entre outros, dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, o professor Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant’Egidio, padre Federico Lombardi, presidente da Fundação Ratzinger e ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, e vários professores universitários. Na manhã de 4 de outubro, se discutirá sobre a questão de que os santos não podem ser relegados ao passado, “mas são uma presença constante na vida da Igreja; sobre como a santidade é um chamado sempre urgente e uma proposta decisiva para o homem de cada época”, disse na coletiva de imprensa dom Fabio Fabene, secretário do Dicastério das Causas dos Santos. À tarde, se tratará da relação entre o chamado universal à santidade e a santidade canonizável, e, em seguida, haverá uma discussão sobre santidade, cultura da vida e cultura do descarte. O dia 5 de outubro será dedicado à fama de santidade, com um olhar particular para as novas tecnologias e as formas mais atuais de comunicação social e seu potencial de disseminação, e novamente para três faces diferentes da fama de santidade hoje.

Os santos portadores de solidariedade, fraternidade, bondade e amor

“Precisamos de muitos santos”, pessoas comuns, comentou durante a apresentação da conferência a professora Cecilia Costa, professora de Sociologia dos Processos Culturais e Sociologia da Educação na Universidade dos Estudos Roma Três, que no dia 5 de outubro falará sobre “Santidade e a crise cultural”. “Jamais se mostrou, como neste momento histórico, a necessidade de os santos”, continuou ela, apontando que em uma realidade na qual tudo está em contradição, na qual há uma reversibilidade do sentido e sem sentido, os únicos que podem restabelecer o equilíbrio, a renovação e a regeneração cultural são os santos. São eles, acrescentou Costa, que podem unir, como disse Santo Tomás, a secularidade do mundo com a radicalidade do Evangelho. “Os santos não são um legado do passado, são um projeto para o futuro”, concluiu, eles fazem história e trazem ao mundo o equilíbrio e a harmonia tão necessários; são os heróis do amor altruísta e criativo, aqueles que podem trazer de volta solidariedade, fraternidade, bondade e amor para o mundo.

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