Vaticano: Papa quer trabalho conjunto das religiões para superar «desconfiança» provocada pelo terrorismo

O Papa defendeu hoje um trabalho conjunto de todas as religiões para superar um clima de “suspeita” sobre elas, durante uma audiência pública especial, pelos 50 anos da declaração do Vaticano II sobre o diálogo inter-religioso.

“Por causa da violência e do terrorismo, difundiu-se uma atitude de suspeita ou mesmo de condenação das religiões. Ainda que nenhuma religião esteja imune ao risco de derivações fundamentalistas ou extremistas em indivíduos ou grupos, é preciso olhar para os valores positivos que elas vivem e propõem”, declarou.

A audiência geral inter-religiosa celebrou o 50.º aniversário da declaração conciliar ‘Nostra Aetate’, sobre as relações da Igreja Católica com as religiões não cristãs.´

Segundo o Papa, é preciso cultivar as sementes de “amizade e colaboração” em vários campos, sobretudo no “serviço aos pobres, aos pequenos, aos idosos”, para além do “acolhimento aos migrantes”.

“Podemos caminhar juntos, tomando conta uns dos outros e da criação: todos os crentes, de qualquer religião”, sustentou.

Esta audiência decorreu por vontade expressa do Papa, que se encontrou com os responsáveis de várias religiões que participam num congresso internacional organizado pela Santa Sé.

Francisco sublinhou que o Concílio Vaticano II (1962-1965) foi um tempo “extraordinário de reflexão, diálogo e oração” que contribuiu para renovar o olhar da Igreja Católica “sobre si própria e sobre o mundo”.

O Papa recordou o caminho realizado desde então, no contacto com as outras religiões, com destaque para o “particularmente significativo” encontro de Assis, a 27 de outubro de 1986, durante o pontificado de São João Paulo II.

“A chama que se acendeu em Assis estendeu-se a todo o mundo e constitui um sinal permanente de esperança”, declarou.

A intervenção quis ainda sublinhar a “transformação” que teve lugar na relação entre católicos e judeus: “De inimigos e estranhos, passamos a ser amigos e irmãos”.

Já em relação ao mundo islâmico, Francisco realçou que é necessário “respeito recíproco” para que exista um verdadeiro diálogo, com atenção ao direito à vida e às “liberdades fundamentais”.

O Papa dirigiu-se também aos que não têm uma religião, propondo uma colaboração em temas como a paz, a luta contra a fome e a miséria, a ecologia, a corrupção, a família, a economia ou a moral.

Na parte final da audiência, o pontífice deixou uma “saudação cordial” aos peregrinos de língua portuguesa, em particular aos fiéis do Cacém e Lisboa presentes na Praça de São Pedro.

“Queridos amigos, sois chamados a ser fermento também na promoção do diálogo com as outras religiões e pessoas de boa vontade, procurando construir juntos um mundo mais fraterno e justo. Deus vos abençoe”, concluiu.

Fonte: Agência Ecclesia

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