Um programa de vida espiritual

    Os fiéis que observam corajosamente os mandamentos da lei de Deus e da Igreja não estão isentos das investidas de satanás. Aliás, Deus as permite para provar a fidelidade dos que O temem e O amam. Disto resulta inclusive uma proveitosa purificação interior. Diante das perplexidades que, por vezes, envolvem almas piedosas há necessidade de uma conduta correta para que o inimigo não venha a causar malefícios. Dentre estes, o desânimo seria um dos mais graves obstáculos ao desenvolvimento espiritual. É preciso nesse caso que o cristão humildemente se lance nas mãos divinas e se disponha a enfrentar com galhardia tais dificuldades. O auxílio celeste não deixará de lhe vir em socorro, se ele assim proceder. Daí a importância  das orientações recebidas no Confessionário, as quais são dadas sempre que solicitadas ao sacerdote, o qual nunca deixa  de concitar à perseverança. Adite-se a recepção da graça medicinal própria do Sacramento da Penitência. Cumpre então a correspondência total a este medicamento celeste, pois nenhum poder tem o espírito maligno sobre aquele que procura a força divina. Esta vence aquele que foi derrotado pela Cruz de Cristo, pois de suas chagas jorram as energias que fortalecem o cristão nos embates contra o maligno. Eis por que o discípulo do Redentor  deve ficar calmo perante as tempestades armadas pelo diabo, pois elas passam e Deus não permite nunca que alguém seja tentado acima de suas possibilidades. A tática é nunca ceder ao demônio, seguindo a recomendação de São Tiago: “Resisti ao diabo e ele se afastará de vós” (Tg 4,7). O demônio pode ocasionar agitação, mas quem confia em Deus não soçobrará jamais. Deus quer maleabilidade em acatar as inspirações do Espírito Santo, hauridas também  na Eucaristia e nas orações cotidianas que não podem ser abandonadas. Elas são a armadura do cristão e o tornam invencível ante o mal. Aos poucos o fiel vai se apartando cada vez mais da malícia do mundo, mas sem se deixar sugestionar pela ação satânica que o quer longe da familiaridade com Deus. Esta é afetada todas as vezes que o cristão não foge corajosamente das obras e vaidades de satanás ou é levado por ele a esmorecer na prática de uma piedade sincera. A tática do perverso inimigo de Deus é levar, por vezes, o cristão a questionar os valores sobre os quais se alicerça uma vida espiritual sólida, concitando ao afastamento da dependência e da submissão a seu Senhor. É preciso que se tenha continuamente a certeza de que nenhuma atividade humana é irrelevante para o reino de Cristo, inclusive os momentos de possíveis desânimos na caminhada nas veredas da santidade. O demônio é ardiloso e aí daquele que não se dispõe a vencê-lo sem se armar contra seus rugidos que são diferentes  para cada um. O importante  é o cristão colocar sua fé em Deus e não numa ideia de progresso espiritual sem as dificuldades provindas daquele que deseja confundir os amigos de Jesus. Este dá a quem nele confia o poder para desbaratar todos os influxos do inimigo. Este pretende impedir o cristão de ser um autêntico seguidor do Filho de Deus. Entretanto,  é na fragilidade humana que Cristo manifesta seu poder. Ele está ininterruptamente a dizer a cada um aquilo que Ele falou a São Paulo: “Basta-te a minha graça,  pois é justamente  na fraqueza que a força da graça mostra a sua potência” (2 Cor12,9). Nem as distrações nas orações, nem um menor fervor ao participar das Missas, nem a multiplicação das tentações advindas dos pecados capitais, nem as imperfeições inevitáveis a seres contingentes são obstáculo intransponível. É quando o cristão percebe ainda mais claramente que felicidade perfeita é só lá no céu e que neste vale de lágrimas o combate é ininterrupto. Aceita com muita humildade sua condição de peregrino nesta terra e  continua renunciando ao mundo como inimigo de Deus. Afasta qualquer tipo de idolatria da riqueza, das aberrações sexuais,  abominando tudo que, ainda de longe, se configure como uma ofensa ao Criador. Tudo que conspurca a dignidade do ser humano apresentado nos meios de comunicação social são execrados e jamais  o   seguidor de Cristo se expõe às ocasiões de pecado. Dá-se uma marcha firme rumo à Casa do Pai, superando as trevas do erro. Deste modo, os obstáculos da restauração em Cristo são afastados, resultando uma sublime configuração com Ele (Ef 1,4-10). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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