“Um passo atrás na história”. Assim Dom Silvano Maria Tomasi – do Dicastério para o desenvolvimento humano integral – definiu o novo plano nuclear dos Estados Unidos, que relança o projeto atômico de ogivas com potência reduzida, para lançar ataques mirados.
O Papa Francisco, falando recentemente sobre as armas nucleares, alertou que a humanidade corre o risco de um “suicídio”.
“Parece-me que estamos dando um passo atrás na história e se retorna àquela que durante a Guerra Fria era uma competição entre quem tem as armas mais poderosas para buscar ter mais influência na situação internacional”.
“A corrida aos armamentos recomeça e é realmente um passo que perturba profundamente a situação atual”, diz o ex Observador Permanente da Santa Sé na ONU.
“Por um lado, se começa a investir enormes capitais nas armas, ao invés de investir em serviços sociais que são necessários às pessoas que têm necessidade de cuidar da própria saúde ou de comer ou de desenvolver-se. E por outro, criamos uma nova tensão – que não era necessária – entre as potências nucleares”.
“Portanto, neste momento chegamos a uma situação que não promete nada de bom. É uma reafirmação de poder que estimula a competição e aumenta o risco de que por acidente exploda alguma ogiva atômica, criando consequências que não sabemos como antecipar nem como administrar, uma vez que esta cadeia de ataca e responde poderia ter início”.
Para o Pentágono, o novo plano dos Estados Unidos nasce do fato de que é preciso olhar a realidade diretamente nos olhos e ver o mundo como ele é.
“Mas quem é a ameaça?”, pergunta Dom Tomasi, que responde.
“A ameaça nasce da corrida aos armamentos, porque se alguém se mune de instrumento de ataque que são novos e de uma sofisticada tecnologia mais requintada, outros deverão ou irão querer colocar-se em pé de igualdade, se não ter a vontade de superá-la. Assim, o raciocínio torna-se um círculo vicioso”.