Outubro termina com a brisa sufocante de calúnias e difamações contra o Papa e sua Igreja, contra a ação missionária sempre límpida e coesa de uma instituição não só milenar, mas também atemporal, acima de toda e qualquer picuinha das instituições e politicagens mundanas. Tinha mesmo que ter um brasileiro nesta história? A vergonha nacional está enlutada, enlameada, ridicularizada no meio diplomático e religioso das nações ditas cristianizadas, cônscias de seus deveres e comportamentos minimamente civilizados.
Atribuir a um representante de Cristo na Terra a peja de vagabundo, safado, ou generalizar a prática de pedofilia como exclusividade clerical, vai além do bom senso e da ética política ou social. Nenhuma facção político-partidária chegou tão perto do ridículo público na defesa de suas ideias segregacionistas e sua política armamentista, que visa apenas a defesa de seus poderes instados no acaso das circunstâncias. O poder político é cíclico. O religioso perene. Mas a doutrina que nos deixou o Mestre está além e acima de qualquer instituição humana, transitória. Não vagueia entre poderes armados para falar do poder maior entre os homens, a prática do amor. A busca da verdadeira pátria, aquela constituída nas hastes do amor, não do ódio, não das armas. “Pátria amada, não armada”.
Receber a peja de vagabundo não é de todo ofensivo quando aprofundado seu significado etimológico e não apenas pejorativo. No Brasil é um insulto aos que vagueiam sem rumo. Mas também se refere aos que estão cheios de sede, de fome… Foi o foco do filme “Um adorável vagabundo” (1987), dirigido pelo cineasta Stuart Paul, que nos trouxe uma belíssima interpretação da moral cristã presente nas ações de um mendigo, mais um errante pelas ruas das nossas cidades. A amizade de uma criança com aquele “vagabundo” é reveladora da prática fraterna que nos ensina a fé cristã. Seu subtítulo dá nome ao filme em inglês: NO NAME (sem nome). Lido de traz pra frente temos outro nome: EMANON (Emanuel, o nome do vagabundo, cujo significado é Deus Conosco!). Eis, pois, nossa triste descoberta: o vagabundo que desprezamos, muitas vezes, é o próprio Cristo no meio de nós! O Papa é a figura maior que representa essa presença mística. Muitas vezes as instituições mundanas ignoram tudo isso para defender seus privilégios de poder.
Atacar publicamente uma instituição religiosa sem aprofundar as razões que permeiam sua ação, é um ato de ignorância e infantilidade pura e simples. Um tiro no pé, pela culatra! Um suicídio político. Pobre deputado, que, em defesa de seus projetos de perpetuação política, esqueceu-se da defesa de sua maior riqueza: a perpetuação da dignidade mínima, da ética, da moral, do respeito ao que é sagrado! Que reconheça o mal que fez, não ao Papa, não ao arcebispo, nem aos bispos brasileiros ou ao padre da periferia existencial que mal conhece, mas a si próprio, aos seus planos mínimos de poder político. Fora os noves! Sua equação de carreira acaba aqui. O “safado” da história lhe deu uma rasteira quase cômica! Seu nome logo cairá no esquecimento, será outro “sem nome” na vida política desse país, mas Emanon, o vagabundo “com fome e sede de justiça”, o Deus Conosco continuará sua peregrinação “no meio de nós”, a nos indicar novos rumos, os albores políticos e sociais de uma nova terra, Pátria amada, não armada. Senão aqui, ao menos a Pátria Celestial…