Treze dias com São Sebastião

    São Sebastião, soldado do Império Romano no final do séc. III e início do séc. IV. Sebastião sofreu o martírio em Roma em virtude da sua fidelidade a Cristo e à Igreja. Em 1565, há 450 anos, foi colocado como Padroeiro de nossa cidade, para cujos fiéis é modelo de fé, coragem, constância e disponibilidade. São Sebastião foi um grande missionário do seu tempo, levando o nome de Jesus a todos, fortalecendo os que estavam cansados e abatidos pela perseguição religiosa daquela época.
    São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O Imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas, até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, Sebastião apresentou-se novamente para o Imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288 foi duramente martirizado.    
    Chamamos de Trezena os treze dias de preparações e orações.  Existem outros momentos de trezenas, como também muitas novenas, tríduos e tantas formas de vivermos o tempo de espera. A expectativa da celebração do dia 20 de janeiro em nossa “cidade maravilhosa” nos ajuda a ver nossa missão em servi-la, e, com o exemplo do nosso Padroeiro, seguir a Cristo dando testemunho de nossa fé cristã.
    A trezena deste ano tem como lema: “São Sebastião, anunciador da misericórdia de Deus!” “De fato, quando ao ler a vida de São Sebastião, percebemos que mesmo tendo sido tão cruelmente deixado para morrer, ele retorna ao Imperador e o conclama à conversão, manifestando o amor de Deus até mesmo ao mais renhido pecador. Desse modo, não há como não reconhecer o amor misericordioso, gratuito e zeloso de Deus, que vai até e principalmente aos maiores pecadores” (cf. “Com Misericórdia olhou para Ele e o Escolheu”, Carta Pastoral para o Ano da Misericórdia, 13 de dezembro de 2015, n. 112, 1).
    Iniciamos quinta-feira, dia 7 de janeiro, a Trezena de São Sebastião. O tema que nos acompanha este ano é o do Jubileu da Misericórdia: “São Sebastião, anunciador da misericórdia de Deus”. A experiência de iniciar o novo ano com a caminhada com o nosso padroeiro pelas ruas e avenidas da cidade, a cada ano nos proporciona oportunidades novas ao ver os desafios de levar a nossa grande cidade a ser um lugar de paz e fraternidade. Vemos sempre belos sinais e exemplos, e pedimos a Deus que sejam multiplicados.
    A Trezena, embora não faça parte da liturgia oficial da Igreja, nos prepara, no entanto, para a liturgia e para a vida de unidade eclesial. Caminhamos juntos na mesma fé, e, ao pedirmos a intercessão de São Sebastião, devemos querer imitar as virtudes de sua vida no seguimento ao Evangelho de Jesus Cristo. A passagem da peregrinação pelas ruas dessa grande cidade suscita também reações, em geral de piedade, levando pessoas a voltarem a participar de sua comunidade, procurando vivenciar suas tradições católicas.
    A Trezena também é um momento oportuno para nos colocar em sintonia com a nossa família espiritual, a Igreja. Com ela nos unimos aos nossos irmãos, aumentando o nosso sentimento de comunidade, de povo de Deus orante. A nossa comunhão com todos os que anseiam por tempos melhores, respeitando a liberdade de opção e de pensamento, sem pressões contrárias e confiando no progresso da paz e da fraternidade. A vivência cristã nos leva a construir, com a graça de Deus, um mundo mais justo e humano diante de uma sociedade que perde os valores da própria vida humana.
    Acolher o exemplo de São Sebastião, vivendo como cristão autêntico, é também saber acolher o outro, ser solidário com o outro e, em especial neste Ano da Misericórdia. Devemos, a exemplo de São Sebastião, saber amar e ser misericordioso um para com o outro.
    Com atitude materna, a Igreja deve estender a misericórdia a muitas categorias. O Papa Francisco convida a Igreja a dirigir o seu olhar solícito especialmente àqueles que estão nas periferias existenciais. “Neste Ano Santo, podemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimentos presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos”. (Papa Francisco – Misericordiae Vultus. n. 15).
    A palavra chave desta trezena é a preparação do nosso coração e de todo o nosso ser. Preparemos as nossas almas para a exigência da confiança, da humildade e da perseverança, três qualidades importantes na oração cristã. E que a imagem peregrina, única réplica da histórica de São Sebastião, aqui trazida por Estácio de Sá, peregrinando pela cidade do Rio de Janeiro, seja penhor de graças para todo o nosso amado povo!
    Aproveito aqui para convidar a todos para que façam com fervor e devoção a Trezena do nosso Padroeiro. A programação da nossa trezena está no site da Arquidiocese. Vamos rezar com nosso Padroeiro e vamos fazer a Trezena em nossas comunidades, paróquias, comércio, locais públicos e particulares, pedindo sempre a proteção de São Sebastião em favor da amada cidade do Rio de Janeiro.

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