Transtorno de Personalidade Borderline

    O que é o Transtorno de Personalidade Borderline?

    É um padrão de comportamento anormal caracterizado por instabilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na imagem de si próprio e instabilidade emotiva. Em muitos casos observa-se comportamentos de risco e autolesão. A pessoa pode também debater-se com uma sensação de vazio e medo intenso de abandono emocional. Os sintomas podem ser espoletados por eventos aparentemente normais. O comportamento tem geralmente início no início da idade adulta e ocorre em diferentes contextos. Em muitos casos a condição está associada a outras perturbações, como abuso de substâncias, depressão e perturbações alimentares. Estima-se que prevalência média seja de 1,6%, mas pode chegar a 5,9% da população mundial. Cerca de 75% dos pacientes diagnosticados com esse transtorno são mulheres. Até 10% das pessoas afetadas morrem por suicídio.  

    O termo “borderline”, que em inglês significa “fronteiriço”, teve origem na psicanálise: esses pacientes não podiam ser classificados como neuróticos (ansiosos e exagerados), nem como psicóticos (que enxergam a realidade de forma distorcida), mas estariam em um estado intermediário entre esses dois espectros. O primeiro autor a usar o termo foi o psiquiatra e célebre psicanalista americano Adolph Stern (1879-1958), em 1938, que descreveu o transtorno como um tipo de “hemorragia psíquica” diante das frustrações.

    Causas

    Estresses durante a primeira infância podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno de personalidade borderline. História infantil de abuso físico e sexual, negligência, separação dos cuidadores e/ou perda de um pai é comum entre pacientes com transtorno de personalidade borderline.

    Certas pessoas podem apresentar tendência genética de ter respostas patológicas ao estresse do meio-ambiente e o transtorno de personalidade borderline parece claramente ter um componente hereditário. Parentes de primeiro grau de pacientes com transtorno de personalidade borderline são 5 vezes mais propensos a ter a doença do que a população em geral.

    A maioria dos pesquisadores concorda que um trauma na infância pode ser um fator que contribui para o desenvolvimento do transtorno.

    Sintomas

    • Esforços desesperados para evitar o abandono (real ou imaginado)
    • Relacionamentos intensos e instáveis que se alternam entre idealização e desvalorização da outra pessoa
    • Autoimagem ou senso do eu instável
    • Impulsividade em: 2 áreas que pode prejudicá-los (p. ex., sexo inseguro, compulsão alimentar, dirigir de forma imprudente)
    • Comportamentos, gestos ou ameaças repetidos de suicídio ou automutilação
    • Mudanças rápidas no humor, normalmente durando apenas algumas horas e raramente mais do que alguns dias
    • Sentimentos persistentes de vazio
    • Raiva inadequadamente intensa ou problemas para controlar a raiva
    • Pensamentos paranoicos temporários ou sintomas dissociativos graves desencadeados por estresse

     

    Comportamento

    Comportamento impulsivo é comum, incluindo: abuso de substâncias e alcoolismo, transtorno alimentar, sexo de risco ou indiscriminado com múltiplos parceiros, gastar dinheiro e dirigir imprudentemente.

    Comportamento impulsivo também pode incluir abandonar empregos e relacionamentos, fugir e se automutilar.

    Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) agem impulsivamente pois isso lhes dá alívio imediato de sua dor emocional. Entretanto, a longo prazo, as pessoas com TPB sofrem de uma crescente vergonha e culpa que seguem esse tipo de ação. Tais pessoas sentem dor emocional por conta dos sentimentos de vergonha e culpa e então experimentam uma maior compulsão por se engajar em um comportamento impulsivo para aliviar a nova dor. Conforme o tempo passa, o comportamento impulsivo pode se tornar uma resposta automática diante a dor emocional.

    O Dr. Sérgio Ricardo Hototian, psiquiatra no Hospital Sírio-Libanês e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), afirma: “O ambiente muda muito o humor dessas pessoas, que, em geral, reagem mal quando são contrariadas”. “Quando a crise é acompanhada de forte paranoia, elas podem chegar a cometer violências físicas contra outras pessoas”,

    Relacionamentos interpessoais

    Pessoas com TPB podem ser muito sensíveis ao modo como outros a tratam, sentindo intensa alegria e gratidão diante do que percebem como expressões de bondade, e intensa tristeza e raiva ao que entendem como uma crítica ou ofensa.

    Combinado com os distúrbios do humor, idealização e desvalorização podem minar relacionamentos com a família, amigos e colegas de trabalho. A autoimagem também pode mudar rapidamente do positivo para o negativo. As pessoas com TPB tendem a ter dificuldade em ver uma imagem clara de sua própria identidade. Em particular, eles tendem a ter dificuldade em saber o que valorizam e apreciam.

    Embora desejando fortemente a intimidade, as pessoas com TPB tendem a ser inseguras, esquivas ou ambivalentes, ou terrivelmente preocupadas com padrões de apego em relacionamentos e muitas vezes veem o mundo como perigoso e mau. O TPB está ligado ao aumento dos níveis de estresse crônico e aos conflitos nos relacionamentos amorosos, diminuição da satisfação dos parceiros românticos, abuso doméstico e gravidez indesejada. No entanto, estes fatores parecem estar ligados aos transtornos de personalidade em geral.

    Manipulação psicológica para obter carinho é considerada uma característica comum de TPB por muitos que tratam o transtorno, bem como pelo DSM-IV. A última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais versão IV (DSM-IV) – o guia americano amplamente usado por médicos à procura de um diagnóstico de doenças mentais – define o TPB (código do DSM-IV-TR: 301.83) como: “um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, autoimagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos”.

    Familiares

    As pessoas com TPB tendem a sentir raiva e afastamento de seus familiares. Por sua vez, os familiares muitas vezes sentem raiva e desamparo pela forma como o membro da família com TPB se relaciona com eles. Um estudo de 2003 descobriu que quanto mais os membros da família sabem sobre TPB maiores são suas sensações de fardo, sofrimento emocional e hostilidade com relação a pessoa com TPB (1).

    Mães Borderline

    Segundo relatos descritos por pacientes, (2) uma das características marcantes da mãe borderline é a escolha de um homem calmo, passivo e submisso como cônjuge ou parceiro. Quando a mãe borderline possui um ou mais filhos, apenas com relação a um único, o tratamento é diferenciado da seguinte maneira:

    • Distorção de frases ditas pelo filho ao relatá-las
    • Distorção de acontecimentos realizados pelo filho ao relatá-los
    • Distinção no tratamento do filho com relação aos irmãos
    • Tratamento do filho com alto tom de voz
    • Descontrole e fúria no tratamento do filho
    • Destruição de pertences do filho
    • Ação de constrangimento do filho perante amigos e familiares
    • Ação de isolamento afetivo do filho por meio do ciúme e possessão do cônjuge, irmãos e demais familiares.
    • Sensação de incômodo na privacidade do filho
    • Sensação de incômodo nolivre-arbítrio do filho
    • Ação de busca e leitura de objetos pessoais do filho
    • Simulação de tentativa de suicídio, usando como argumentos características do filho

    Adolescência

    O aparecimento dos sintomas ocorre tipicamente durante a adolescência ou no início da vida adulta, embora sintomas que sugerem o transtorno possam ser as vezes observados na infância. Os sintomas entre adolescentes que indicam o desenvolvimento de TPB na fase adulta podem incluir problemas com imagem corporal, extrema sensibilidade a rejeição, problemas de comportamento, automutilação não suicida, tentativas de encontrar relacionamentos exclusivos e grave vergonha.  Muitos adolescentes experimentam esses sintomas sem mais tarde desenvolverem TPB, mas aqueles que os experimentam tem 9 vezes mais chances de desenvolver TPB. Eles também tem mais chances de desenvolver outras inaptidões sociais de longo prazo (3).

    Os clínicos são desencorajados a diagnosticar TPB antes dos 18 anos de idade, devido aos altos e baixos naturais da adolescência e de uma personalidade ainda em desenvolvimento. Entretanto, o TPB as vezes pode ser diagnosticado antes dos 18 anos, nesse caso os sintomas devem estar presentes de maneira consistente por pelo menos 1 ano.

    Tratamento: Psicoterapia e Fármacos

    Psicoterapia

    O principal tratamento para o transtorno de personalidade borderline é a psicoterapia. Muitas intervenções psicoterapêuticas são eficazes para reduzir comportamentos suicidas, melhorar a depressão e a função em pacientes com esse transtorno.

    Fármacos

    Fármacos funcionam melhor quando usados com moderação e sistematicamente para sintomas específicos.

    Os seguintes fármacos são eficazes para atenuar os sintomas do transtorno de personalidade borderline:

    • Estabilizadores de humorcomo a lamotrigina: para depressão, ansiedade, labilidade de humor e impulsividade.
    • Antipsicóticos atípicos (de 2ª geração): para ansiedade, raiva e sintomas cognitivos, incluindo distorções cognitivas transitórias relacionadas a estresse (p. ex., pensamentos paranoicos, pensamento maniqueísta, desorganização cognitiva grave) (4).

    Conclusão

    O Transtorno de Personalidade Borderline tem causado prejuízos gravíssimos de quem dele é portador. Relacionamentos destruídos, incompatibilidade familiar, escândalos, perda de emprego, de amigos, causador de inimizades, agressividade, aventuras perigosas, luxúria e vícios. Tal portador não consegue lidar com opiniões contrárias, desaprovação, rejeição ou abandono, causando um estresse muito mais intenso do que o normal diante dessas situações. Todo esse quadro pode ser mudado com o tratamento e viver muito bem na dimensão comportamental e emocional.

    Dr. Inácio José do Vale

    Psicanalista Clínico, PhD.

    Qualificado em Psicologia Clínica e Educacional

    Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea-SBPC.

    SBPC é reconhecida e cadastrada na Organização das Nações Unidas ONU – (United Nations Department of Economic and Social Affairs).

    Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica

    Fonte e Bibliografia:

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_personalidade_borderline

    https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-borderline-tpb

    https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=es&u=https://es.wikipedia.org/wiki/Adolph_Stern&prev=search&pto=aue

    https://hospitalsiriolibanes.org.br/sua-saude/Paginas/transtorno-personalidade-borderline-provocar-euforia-depressao-num-mesmo-dia.aspx

    (1) Hoffman PD, Buteau E, Hooley JM, Fruzzetti AE, Bruce ML (2003). «Family members’ knowledge about borderline personality disorder: correspondence with their levels of depression, burden, distress, and expressed emotion». Fam Process. 42 (4): 469–78.

    (2) SILVA, Ana Beatriz Barbosa (2012). Corações descontrolados: o jeito borderline de ser. Rio de Janeiro: Objetiva.

    (3) Gunderson, John G. (26 de maio de 2011). «Borderline Personality Disorder». The New England Journal of Medicine. 364 (21): 2037–2042.

    (4)https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-borderline-tpb

    DALGALARRONDO, P.; VILELA, W. A. Transtorno Borderline: História e Atualidade. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. II, cap.2, p. 52-71.

    CAVALHEIRO, C. V.; MELO, W. V. Relação Terapêutica Com Pacientes Borderlines Na Terapia Comportamental Dialética. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 22, n.3, p. 579-595, dez. 2016.

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