Tradições devocionais da Semana Santa

    Durante a Semana Santa, que tem seu início com a celebração do Domingo de Ramos, considerada a Semana Maior e mais importante para o catolicismo, temos momentos de oração, em especial a Liturgia das Horas, mas também, ações litúrgicas, devocionais         e culturais importantes nesses dias. Os fiéis são impulsionados a participarem ativamente desses momentos, pois a Semana Santa traz uma espiritualidade muita rica e ajuda os fiéis a bem celebrarem a Páscoa, e principalmente, renovarem 7a vida cristã.

    Em algumas tradições de alguns lugares, cada dia da Semana Santa, temos um evento que remonta aos últimos momentos de Jesus antes de sua crucificação, morte e ressurreição. Na segunda-feira da Semana Santa, é costume levar as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores nos locais de onde sairão para a procissão do encontro no dia seguinte. Com isso a semana se inicia com o assim chamados “Sermão do Depósito”, ou em alguns lugares é celebrado o “Sermão da Prisão”. Esses ritos são precedidos de procissão e, logo depois, com todo o povo na Igreja ou defronte da mesma por causa da pandemia da Covid-19, para manter o distanciamento social ainda necessário, faz-se o “sermão”. Normalmente, acontecem de segunda a quarta-feira, porque a partir da quinta-feira ocorrem as celebrações litúrgicas do Tríduo Pascal.

    O Sermão do Depósito ou Prisão do Senhor acontece após a procissão, tendo a imagem do andor do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores. Nessa noite, recorda-se das “trevas” que pairou sobre o mundo no momento da prisão de Jesus. Reflete, ainda, sobre a oração que Jesus fez nesse momento, conhecida como “Agonia no Horto”, que inclusive é um dos mistérios meditados no Santo Rosário. Jesus fez essa oração quando se sentiu sozinho. Todos os discípulos o abandonaram, porque o medo havia se apoderado deles. Nesse momento, Jesus se sentiu sozinho diante daqueles que queriam prendê-lo.

    Esse “depósito” que é o tema central do sermão, quer dizer que nós entregamos o nosso Mestre para ser crucificado e morto por nós. Foi “depositado” entre aqueles que o queriam julgá-lo e matá-lo. Judas Iscariotes, ao entregar Jesus com um beijo, o deposita nas mãos dos inimigos, nas mãos dos guardas romanos. Da mesma que ele vendeu Jesus por trinta moedas de prata.

    Os soldados tinham ordens expressas para prender um homem, só que Jesus era diferente, não usava armas, paus e pedras e nem obrigava as pessoas para segui-lo. Jesus, pelo contrário, encantava a todos através de sua pregação, anunciava o Reino de Deus, que era, sobretudo, o reino do amor. O “crime” que levou à condenação de Jesus à morte foi porque Ele ia na contramão daquilo que a sociedade da época pensava, incluía as pessoas de volta ao convívio social, perdoava os pecadores e prostitutas e acolhia os doentes. Jesus foi condenado à morte porque amava demais e ensinava as pessoas o amor de Deus.

    Jesus foi preso em Jerusalém, que na época era uma das cidades que mais se destacava no médio oriente e estava dominada pelo Império Romano. A partir do momento da prisão, Jesus fica sob o domínio do Império Romano. Os soldados do Império Romano e as autoridades judaicas da época combinaram com Judas as trinta moedas de prata para entregar Jesus. Com isso, Jesus é preso e condenado.

    Nós, de igual modo nos dias de hoje, temos que assumir o nosso batismo e ser profetas. Temos que anunciar a Palavra de Deus e denunciar as injustiças, mesmo que isso irrite algumas pessoas. Na nossa vida, temos que ser verdadeiros com o nosso procedimento cotidiano, nosso trabalho, nossa ação pastoral, nosso engajamento social e com a nossa fé. Que o Espírito Santo nos ajude a vivenciar bem essa Semana Santa e celebrarmos com fé a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Ele foi condenado à morte por amar demais, não está muito diferente do que acontece nos dias de hoje, mas não desistamos e amemos a Deus e ao nosso próximo com todas as forças.

    Jesus era corajoso e falava com autoridade, mesmo diante da condenação que estava por vir e não se abala. Ele sabia que aquilo deveria acontecer e que deveria morrer na cruz e ressuscitar para nos salvar. Mas é claro que a sua condenação não deixou de ser uma injustiça, pois não havia cometido crime algum, pelo contrário, o único “crime” que cometeu foi amar demais.

    Deus não envia o seu filho ao mundo para morrer, se não seria o Deus da morte e não da vida. Deus enviou Jesus ao mundo para anunciar a Boa-Nova aos pobres, libertar os cativos e proclamar o ano da graça, como já havia profetizado Isaías no Antigo Testamento. E, ainda, Jesus ressuscita após a morte, para dizer que a morte não tem a última palavra, mas a vida sempre vence.

    Não nos esqueçamos da Virgem Maria, a Mãe das Dores, que acompanhou Jesus durante todo o seu itinerário até a morte na cruz. Ela meditava e guardava tudo em seu coração e com certeza Maria sentiu muita dor nesse momento, ao ver seu filho ser condenado e morto. Lembremo-nos nesse momento de todas as mães que perderam seus filhos, para que através da fé, tenham o seu coração confortado e acreditem que seus filhos estão com Deus e ressuscitarão com Ele no último dia. Maria também nos acompanhará durante todas essas celebrações da Semana Santa.

    Portanto, irmãos e irmãs, celebremos com fé e piedade essa Semana Santa e participemos de todas as celebrações. Só existe uma Semana Santa no ano inteiro, participemos ativamente dela. Ela nos ajuda a seguir todos os passos de Jesus, desde o calvário até a glória da ressurreição. Se ainda não tivemos a oportunidade, realizemos durante essa semana, a nossa confissão auricular sacramental.

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