Todos os santos

    Talvez já tenhamos ouvido falar do que um processo de canonização. Agora mesmo, no próximo dia 14 de novembro, a Igreja elevará para as honras dos altares um conhecido de todos os mineiros: Cônego Francisco de Paula Victor, virtuoso sacerdote negro nascido na episcopal cidade da Campanha da Princesa, tendo exercido seu ministério virtuosissimamente, com odores de santidade em vida, na cidade de Três Pontas. O Cardeal Amato irá proclamá-lo Beato como exemplo de santidade para todos nós.
    Para que a Igreja declare que uma pessoa seja santa, é preciso um longo processo. É necessário chamar muitas testemunhas e tudo é recolhido por um tribunal especialmente erigido para este caso, diferente dos Tribunais que analisam os processos matrimoniais. Há um advogado que irá defender a causa, mas há também um promotor popularmente chamado de “advogado do diabo”, que trata de destacar os aspectos negativos da vida da pessoa em questão. Depois o tribunal prepara um relatório, que é encaminhado ao Vaticano. Lá, comissões especiais votam a estudar tudo para se ter uma certeza moral em que aquele candidato ou aquela candidata viveram as virtudes heroicas em grau de santidade, sendo necessário um milagre cientificamente comprovado para ser declarado beato e, passado esta fase, mais dois outros milagres cientificamente comprovados para ser declarado santo. No final, é o papa quem toma a decisão. Mas sempre é preciso que sejam atribuídos ao futuro santo dois milagres perfeitamente verificados a partir do ponto de vista da ciência. A conclusão do processo – ou seja, a canonização – realiza-se em uma cerimônia solene.
    No entanto, podemos dizer com toda certeza que nem todos os santos estão incluídos na lista dos canonizados. Há muitas pessoas de todos os países, de todas as culturas e de todas as línguas que, desde o início da história da humanidade até os nossos dias, foram verdadeiras santas, ainda que a Igreja não as tenha submetido a esse processo, nem as declaradas como tais. Isto porque santa é aquela pessoa que, ao longo de sua vida, vai permitindo, pouco a pouco, que a Palavra de Deus chegue ao seu coração, e a vá pondo em prática. Os santos não desde o momento de seu nascimento. Ser santo não significa dizer que jamais cometeram erros ou que jamais pecaram. Os santos são pecadores como o somos todos nós. A diferença é que eles foram perseverantes no seu esforço para melhorar e para viver todos os instantes de suas vidas de acordo com a mensagem de Jesus. Constantes no seu esforço e não nos resultados. É importante nos lembrarmos disto. Os resultados práticos vão chegando aos poucos. O que Deus nos pede é a vontade firme de viver de acordo com o Evangelho. Os resultados práticos dependem de cada pessoa, das circunstâncias em que vive e do seu ponto de partida. Um santo se vai fazendo pouco a pouco, na Fidelidade, na perseverança, na entrega de serviço aos demais, na aceitação da graça de Deus, que nos torna sãos, curando e potencializando o melhor de nossos corações.
    Por isso, uma vez por ano a Igreja celebra Todos os Santos: os públicos canonizados ou beatificados, e os anônimos, a multidão dos homens e das mulheres que, diuturnamente, na vida cotidiana, gastam a sua vida no anúncio da Palavra de Deus e na vivência do Evangelho. Nesta solenidade de todos os santos, que neste ano cai particularmente no seu dia mesmo, o dia primeiro de novembro, nós queremos nos unir a esta comunhão dos santos, da qual todos somos convidados a viver.
    A comunhão dos santos é precisamente a Igreja. Ensina, didaticamente, o Catecismo da Igreja Católica que: «Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem duns é comunicado aos outros […]. E assim, deve-se acreditar que existe uma comunhão de bens na Igreja. […] Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça […]. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, comunicação que se faz através dos sacramentos da Igreja» (506). «Como a Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens por ela recebidos tornam-se necessariamente um fundo comum» (507). “A expressão «comunhão dos santos» tem, portanto, dois significados estreitamente ligados: «comunhão nas coisas santas, sancta», e «comunhão entre as pessoas santas, sancti».
    «Sancta sanctis! (O que é santo, para aqueles que são santos)». Assim proclama o celebrante na maior parte das liturgias orientais, no momento da elevação dos santos Dons antes do serviço da comunhão. Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinônia) e a comunicarem ao mundo”(Cf. Catecismo 947-948)
    Os milagres acrescentam pouco ao processo de canonização ou a uma vida de fidelidade. Tornam-na pública o que, com certeza, não agradaria à maior parte dos santos: ao cristão de verdade não agrada chamar a atenção e nem mesmo virar notícia de imprensa. O seu único desejo é viver sua vida a serviço dos outros, tal como Jesus a viveu.
    Todos os Santos e Santas de Deus Vinde em nosso auxílio e nos faça cada vez mais santos, amém!

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