Tiago 5, 1-6

    A perícope de Tiago 5,1-6 é a mais severa condenação dos ricos encontrada no Novo Testamento. Nele, os ricos são declarados ímpios, isto é, praticantes de injustiça, em frontal contraste com os pobres, que temem a Deus. Mas não é simples justaposição de categorias sociais. A carta mostra por que há pobres e quem é a causa da miséria dessa gente.
    Não se sabe se os ricos que a carta condena são cristãos ou não. Mas isso pouco importa, porque o objetivo da carta não é só a denúncia da injustiça: quer, isto sim, mostrar as raízes da pobreza e da miséria de tantos. E a raiz dessa situação é a ganância dos ricos. Pertençam ou não à comunidade cristã, são sempre culpados enquanto fonte de injustiça e desumanidade.
    Os ricos que a carta condena são aqueles que enriqueceram à custa do sacrifício de outros, às custas do seu sofrimento, do seu trabalho mal remunerado, do seu empobrecimento. Eles são condenados porque confiaram na riqueza como segurança absoluta para suas vidas. São insensatos porque desfrutam das riquezas injustas, enquanto o dia do Senhor está se aproximando.
    Mas, segundo São Tiago, as riquezas não os salvarão, pois a traça – inseto tão pequeno – é capaz de roer suas roupas finas enquanto a ferrugem consome suas riquezas. Deus intervém porque é o Deus dos pobres e oprimidos, que clamam sem ter quem os defenda. E quem oprimiu os aliados do Senhor é inimigo de Deus, com quem deverá acertar contas.
    Em resumo, São Tiago questiona as riquezas que encobrem a injustiça. Não incrimina aqui aquele que adquiriu uma vida melhor através do seu trabalho, do seu esforço, mas condena a grande maioria que injusta e gananciosamente apodera-se dos bens que deveriam ser distribuídos para usufruir sozinho desses bens.

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