Testemunhemos o Ressuscitado!

    A Festa da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

    Jesus, subindo aos céus, abre para nós as portas da eternidade e leva nossa humanidade consigo à presença do Pai. Hoje também recorramos o 57º. Dia Mundial das Comunicações Sociais com o tema: “Falar com o coação”. Também vivemos esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Movidos pelo Ressuscitado, somos impelidos a levar a Boa-Nova da Salvação ao coração do mundo.

    A  Ascensão de Jesus não é sua ausência, mas sua presença discreta e amorosa por meio do Espírito Santo. Presença consoladora, fortalecedora e iluminadora. Estando Ele, em Jerusalém com seus discípulos, depois de realiza sua missão desde a Galiléia, foi levado pelo Pai aos céus, deixando agora a missão “nas mãos” dos discípulos. Sob a luz do Espírito Santo, dado em Pentecostes, os discípulos deverão fazer com que o Evangelho seja anunciado desde Jerusalém até os confins da terra.

    O Evangelho (Mt 28,16-20) apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora-O e recebe d’Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do “Reino”.

    Os discípulos interrogam a Jesus se seria naquele momento a restauração política do reino de Israel. Jesus responde, mas responde em outra perspectiva. Em sua resposta, aponta para outra realidade mais importante e consonante com a sua própria missão e com a dos discípulos. Aludindo à sua parusia ou retorno glorioso, Jesus lhes diz: “Não vos cabe saber os tempos e os momentos em que Pai determinou com a sua própria autoridade”. O necessário é que “recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, e até os confins da terra”. A tarefa dos primeiros apóstolos se prolonga pelos séculos através da Igreja, que, hoje, somos nós” Igreja em estado permanente de missão, na qual seus membros participam e testemunham juntos, em sinodalidade e comunhão, a pessoa de Jesus e seu Evangelho da paz, da salvação, da fraternidade e da solidariedade. Contudo, a Igreja não age apenas com suas próprias forças e capacidades humanas. Conta com a presença e a colaboração de seu Senhor e dela necessita, por isso prometeu a presença do Espírito Santo e a sua própria ao lado de seus missionários: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”(Mt 28-20).

    Na primeira leitura (At 1,1-11), repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo “caminho” que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projeto de Jesus. Antes de se despedir dos seus discípulos, Jesus os convida a dar continuidade à missão por ele iniciada. Eles devem aguardar a descida do Espírito Santo, que vai confirma-los na missão. Após o relato da ascensão, os discípulos são instados pelos “homens vestidos de branco” a não ficarem extasiados, olhando para o céu. Eles devem pôr mãos a obra.

    A segunda leitura – Ef 1,17-23 – convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa “esperança” de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside no seu “corpo” que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos homens. A ressurreição de Cristo é a raiz e o fundamento da esperança dos cristãos. Em clima de oração, o autor convida os fiéis a contemplar o poder de Deus, que se revela na exaltação de Cristo. Nesta os fiéis tem a garantia da vitória sobre a morte. A esperança cristã não é fuga do mundo, mas transformação das realidades mediante a ação de Deus.

    Tenhamos, pois, um olhar atentamente voltado para o céu, aonde Cristo subiu, encontrando-se sentado à direita do Pai, somos impelidos a dar continuidade aos nossos passos na árdua missão de testemunhar as bem-aventuranças do Evangelho. Ainda que nossas capacidades e recursos sejam limitados, confiamos na ação do Espírito vivificador. Sua luz nos permite visualizar caminhos novos, em consonância com a justiça do Reino, para fazermos frente aos desafios da realidade cotidiana.

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