Temor a Cristo

    O que norteia todo o texto de Ef. 5,21-32 é esta expressão: “Sejam submissos uns aos outros por temor a Cristo”. Cristo, portanto, é o ponto de partida para todo tipo de relacionamento entre as pessoas. Temer a Cristo significa que Ele se pôs a serviço de todos, desceu ao nível social último, fez-se servo obediente até a morte na cruz. A encarnação de Jesus é, pois, o modo pelo qual nos aproximamos das pessoas. É por isso que São Paulo insiste na expressão “como a Cristo.” Ele é o salvador de todos e será também o juiz de todos. E o critério será o do serviço até a doação da vida.
    O texto da segunda leitura do vigésimo domingo do Tempo Comum mostra qual é a tarefa do marido: “Que os maridos amem as esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, Assim devem os maridos amar suas esposas como a seus próprios corpos. Quem ama sua esposa ama a si mesmo”, de modo que os dois formem uma só realidade.
    Ao falar da missão do marido em relação à esposa, o autor da carta aos Efésios quer apontar para uma relação mais profunda e misteriosa, a de Cristo com a Igreja. Ele a amou e se entregou por ela, purificando-a na água e pela palavra. Assim, Ele quer que a Igreja se apresente diante dele gloriosa, sem mancha, nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Cristo não quer uma Igreja de beleza estética, mas purificada na água (Batismo) e pela palavra que a chama à conversão e ao compromisso com o seu projeto. O Cristo certamente não agrada uma Igreja feita de ritos e sim uma Igreja que seja seu corpo, mãos, pés, olhos, ouvidos e coração. A fim de ouvir e ver o que Ele ouviu e viu, e fazer o que Ele fez. Em síntese, uma Igreja servidora no temor de Cristo.

    Temer a Cristo é servir até a doação da vida e, assim, na liberdade e alegria, servir ao Deus verdadeiro.