Sou a porta das ovelhas

    Celebramos, juntamente com o IV Domingo da Páscoa, o dia de rezar a Deus pedindo santas vocações. Este domingo é conhecido como o Domingo do Bom Pastor. Também temos a graça de nesta Eucaristia rezar pelas vocações, pois é o Dia Mundial da Jornada de Orações pelas Vocações.

    A Liturgia deste domingo é denominada pela figura do Bom Pastor (cf. Jo 10,1-10) que, pelo seu sacrifício, cuidou da vida das ovelhas e as reconduziu ao redil. Quando São Pedro, no meio das primeiras perseguições aos cristãos, lhes escrever para firmá-los na fé, recorda-lhes que Cristo sofreu por eles: por suas chagas fomos curados. Porque éreis como ovelhas desgarradas, mas agora retornastes ao Pastor e guarda das vossas almas. Por isso, a Igreja inteira se enche de júbilo pela ressurreição de Jesus Cristo e pede a Deus Pai que “o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor”. (Parte da Oração da Coleta da Missa do IV Domingo da Páscoa).

    A Liturgia deste domingo convida-nos a meditar na misericordiosa ternura do nosso Salvador, para que reconheçamos os direitos que Ele adquiriu sobre cada um de nós com a Sua morte. É também uma boa ocasião para considerarmos na nossa oração pessoal o nosso amor pelos bons pastores que o Senhor deixou para nos guiarem e guardarem em Seu nome.

    Jesus é o Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas. Em contraste com os ladrões, que andam atrás dos seus interesses e põem a perder o rebanho, Jesus é a porta da salvação que permite encontrar pastagens abundantes a quem a transponha. Existe uma terna relação pessoal entre Jesus, o Bom Pastor, e as Suas ovelhas: Ele as chama a cada uma pelo seu nome, caminha à frente delas, e as ovelhas O seguem porque conhecem a Sua voz. Ele é o pastor único, que forma um só rebanho, protegido pelo amor do Pai. É o pastor supremo!

    É uma catequese sobre a missão de Jesus: conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas, de onde brota a vida em plenitude. O Bom Pastor aparece numa atitude de ternura com as ovelhas… Ele as conhece, as chama pelo nome, caminha com elas e estas O seguem. Elas escutam a Sua voz, porque sabem que as conduz com segurança. Em contraste com o pastor, aparece a figura dos ladrões e dos bandidos. São todos os que se apresentam como Pastor, ou até falam em nome de Cristo, mas procuram somente vantagens pessoais. Além do título de Bom Pastor, Cristo aplica-Se a Si mesmo a imagem da porta pela qual se entra no aprisco das ovelhas, que é a Igreja. Ensina o Concílio Vaticano II: “A Igreja é o redil, cuja única porta e necessário pastor é Cristo”. (LG,6). No redil entram os pastores e as ovelhas.

    “Eu sou o bom pastor” – disse Jesus. O adjetivo grego usado para “bom” significa mais que bom: é belo, perfeito, pleno, bom. Jesus é, portanto, o pastor por excelência, aquele pastor que o próprio Deus sempre foi. Pela boca de Ezequiel profeta, Deus tinha prometido que ele próprio apascentaria o seu rebanho: “Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso”. (34, 11.15). Pois bem: Jesus apresenta-Se como o próprio Deus, pastor do Seu povo!

    Neste Domingo, como já dito, celebramos a 54ª Jornada Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas. O tema escolhido pelo Papa Francisco é: “impelidos pelo Espírito para a missão”, e começa lembrando: “gostaria de me deter na dimensão missionária da vocação cristã. Quem se deixou atrair pela voz de Deus e começou a seguir Jesus, rapidamente descobre dentro de si mesmo o desejo irreprimível de levar a Boa Nova aos irmãos, através da evangelização e do serviço na caridade”.

    Peçamos ao Senhor, Bom Pastor, que dê à Igreja e ao mundo pastores segundo o Seu coração, pastores que, Nele e com Ele, estejam dispostos a fazer da vida uma total entrega pelo rebanho; pastores que tenham sempre presente qual a única e imprescindível condição para pastorear o rebanho do Bom Pastor: “Simão, tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas”! (Jo 21,15s). Eis a condição: amar o Pastor! Quem não é apaixonado por Jesus não pode ser pastor do Seu rebanho! Não se trata de competência, de eficiência, de vedetismo ou brilhantismo; trata-se de amor! Se tu amas, então apascenta! Como dizia Santo Agostinho, “apascentar é ofício de quem ama”.

    O Papa Francisco une este Dia Mundial de Oração pelas Vocações ao próximo Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, e conclui: “Amados irmãos e irmãs, é possível ainda hoje voltar a encontrar o ardor do anúncio e propor, sobretudo aos jovens, o seguimento de Cristo. Face à generalizada sensação duma fé cansada ou reduzida a meros «deveres a cumprir», os nossos jovens têm o desejo de descobrir o fascínio sempre atual da figura de Jesus, de deixar-se interpelar e provocar pelas Suas palavras e gestos e, enfim, sonhar – graças a Ele – com uma vida plenamente humana, feliz de gastar-se no amor”.

    Portanto, o Divino Pastor é quem pode realmente ajudar, salvar e conservar a vida. Ele afirmou: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. (Jo 10, 10). Para distinguir a Voz do Pastor são necessárias algumas coisas: – Uma vida de oração intensa; um confronto permanente com a Palavra de Deus, e uma participação ativa nos Sacramentos, onde recebemos a vida que o Pastor nos oferece.

    Meus irmãos e irmãs, estejamos atentos à voz do Nosso Pastor Jesus Cristo, que nos chama e nos convida a permanecer em Seu redil.

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