Síria: freira descreve reação da comunidade cristã a atentado em Qamishli

O atentado causou cerca de uma dezena de feridos – três dos quais em estado grave

A notícia da explosão de um carro armadilhado na passada quinta-feira, dia 11 de Julho, nas imediações da Igreja Ortodoxa da Virgem Maria na cidade de Qamishli, na Síria, foi seguida com apreensão em todo o país por ter ocorrido numa cidade com uma forte presença desta comunidade religiosa.O atentado, que causou cerca de uma dezena de feridos – três dos quais em estado grave – e seria reivindicado horas mais tarde pelo Daesh, os jihadistras do auto-proclamado Estado Islâmico, causou ainda avultados danos materiais nos edifícios contíguos à Igreja, tendo provocado ainda um incêndio de grandes proporções.

As notícias do atentado espalharam-se por todo o país com alguma rapidez e chegaram também a Qara, onde vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado uma jovem religiosa portuguesa, a irmã Myri.

Segundo relato enviado para a Fundação AIS por Mária Lúcia Ferreira (conhecida como Irmã Myri), mal houve a notícia do atentado, uma pessoa que se encontrava a trabalhar no Mosteiro e que é originária de Qamishli procurou saber o que se tinha passado até por ter familiares a residir precisamente na rua onde se deu a explosão do carro armadilhado.

De Qamishli, diz a irmã Myri, explicaram que “tinha sido um carro armadilhado e que os feridos pediram para serem levadas à igreja antes de serem transportados para o hospital”.

Segundo explicou ainda a religiosa portuguesa – que pertence à Congregação das Monjas da Unidade de Antioquia e vive na Síria desde 2008, após ter passado pela França e pela Terra Santa –, “imediatamente depois do atentado celebrou-se missa na igreja e isto diz bem da fé dos siríaco-ortodoxos”.

No entanto, apesar desta manifestação de fé das pessoas de Qamishli, o violento atentado que só por razões fortuitas não teve consequências mais graves, deixou a comunidade cristã apreensiva em todo o país.

O facto de o atentado bombista ter ocorrido num bairro predominantemente cristão em Qamishli, a cidade capital de uma região autónoma curda no nordeste da Síria, parece indiciar que havia o propósito claro de atingir esta comunidade religiosa numa altura em que a violência está aparentemente a regressar ao país.

No próprio dia 11, recorde-se, um outro violento atentado causou pelo menos 13 mortos em Afrin, uma cidade situada no norte da Síria e que está sob o controle de grupos rebeldes apoiados pela Turquia.

(Departamento de Informação da Fundação AIS)

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