Sinais dos tempos

    “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado!” (Sl 24,1). Com a Eucaristia deste primeiro domingo, estamos iniciando um novo Ano Litúrgico e também o Tempo do Advento, que nos prepara para o Natal do Senhor. Durante este novo ano (C), aos domingos escutaremos sempre trechos do Evangelho segundo Lucas. E neste primeiro domingo deste novo tempo, a Igreja, o salmo responsorial (24) nos faz repetir no refrão: “Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma”. A Igreja ergue os olhos, o coração, a alma para o Senhor, reconhecendo-se pobre, pequena e necessitada. “Confio em vós, que eu não seja envergonhado!” Estas palavras exprimem qual deve ser nossa atitude neste santo Advento: atitude de quem se reconhece necessitado de um Salvador; de quem se sabe pequeno e incapaz de caminhar sozinho! A humanidade, sozinha, não chega à plenitude, não encontra a felicidade: precisamos que Deus venha e nos estenda a mão, que Ele nos eleve e nos salve!
    O Advento tem uma dinâmica própria, que nos faz esperar o Senhor que virá no final dos tempos e, na última semana deste tempo nos prepara para a celebração dAquele que veio e que nós comemoramos no Natal. Isso tudo nos faz pensar que um dia o Senhor virá em sua glória para levar à plenitude sua obra de salvação. Ele veio, Ele virá, Ele vem! E é este tempo presente que nos insere no contexto do Advento. É um tempo de vigilância, de súplica, de alegre esperança no Senhor que veio em Belém, vem no mistério celebrado no Natal, virá no final dos tempos e vem a cada dia nos grandes e pequenos momentos, nos sorrisos e nas lágrimas. A liturgia nos ajuda a viver bem este tempo com símbolos próprios desta época: a cor roxa, que significa sobriedade e vigilância; o “Glória”, que não será rezado na Missa, para recordar que estamos nos preparando para cantá-lo a plenos pulmões no Natal; a ornamentação sóbria da igreja; a coroa do Advento cujas velas serão acesas durante os 4 domingos; as leituras e cânticos próprios, sempre pedindo a graça da Vinda do Senhor; a memória dos personagens que nos ensinam a esperar o Messias: Isaías, João Batista, Isabel e Zacarias, José e, sobretudo, a Virgem Maria.   
    Neste tempo, cuidemos de meditar mais na Palavra de Deus tanto nas leituras da Missa diária quanto no livro do Profeta Isaías. Procuremos também o sacramento da confissão. Nesta época ocorrem os mutirões de confissões nas Paróquias, quando os padres de uma mesma região se reúnem para atender as confissões de uma paróquia vizinha. Quando neste domingo o Papa abre a porta do jubileu em Bengui, na República Centro Africana, nós somos chamados a olhar para as várias situações de periferia do mundo e deixar-nos converter para viver como cristãos autênticos. É também o tempo da Campanha para a Evangelização em nosso país: “Sede Misericordiosos” para Evangeli Já. Portanto, abramos nosso coração Àquele que vem!
    No Evangelho deste domingo (Lc 21,25-28.34-36), o Senhor nos recorda a necessidade da vigilância: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse Dia não caia de repente sobre vós; pois esse Dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes da Terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem!” (Lc 21,35-36). Aquele cuja vinda celebraremos no Natal, cuja vinda esperamos no final dos tempos, e que vem a nós constantemente! Somente numa atitude de oração e vigilância, de sobriedade e de expectativa amorosa é que poderemos reconhecê-Lo e acolhê-Lo. É nossa atitude agora que determinará nossa sorte quando Ele vier no final dos tempos. Com uma linguagem impressionante e simbólica, Jesus quer nos dizer hoje que sua manifestação final vai co-envolver todas as coisas: a criação toda, a história humana toda e cada um de nós. Ninguém escapará do Dia do Cristo; tudo será passado a limpo pelo Filho do Homem glorioso: “Verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com grande poder e glória” (Lc 21,27). Esta vinda será discriminatória, pois discriminará bons e maus: será manifestação da salvação para quem O acolheu… e será perdição para quem O rejeitou! Daí a advertência séria, o apelo quase que dramático que Jesus nos faz: “Quando estas coisas começarem a acontecer levantai a cabeça, porque a vossa libertação se aproxima” (Lc 21,28); “ficai atentos para terdes força de escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes diante do Filho do Homem!” (Lc 21,36b). Os sinais que o Senhor nos dá acontecem sempre, em cada geração, como um convite insistente à vigilância.
    É preciso que compreendamos que este Dia final que o Senhor nos prepara – Dia da sua Vinda, da sua Manifestação, da sua Aparição – será Dia de salvação: “Eis que virão dias em que farei cumprir as promessas de bens futuros… Naqueles dias, farei brotar de Davi a semente de justiça… (Jr 33,15) e Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante” (Jr 33,16). Deus nunca pensou o mal para nós! Mas é necessário que nos abramos para o Bem que o Senhor nos prepara; este Bem é Aquele que veio em Belém, que nos vem em cada Eucaristia e que nos virá no final de tudo: “este é o nome com que será chamado: Senhor-nossa-justiça” (Jr 33,16b). Este Bem é Jesus-Salvador! Por isso mesmo, na segunda leitura desta Missa (1Ts 3,12-4,2), o Apóstolo nos convida a buscar a santidade aos olhos de Deus, nosso Pai, preparando-nos para “o Dia da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” (1Ts 3,13), e nos pede insistentemente que façamos “progressos ainda maiores”. Portanto, “ficai atentos aos sinais e orai a todo momento”.

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