SIMPÓSIO DE FORMAÇÃO ECUMÊNICA 2021 REFLETE SOBRE AS PONTES DE DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES IGREJAS E CONFISSÕES RELIGIOSAS

Durante os dias 29 e 30 de janeiro ocorreu, via plataforma Zoom, o tradicional Simpósio Ecumênico organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento contou com a colaboração do setor de Tecnologia da Informação  da entidade.

Com a participação de 205 pessoas, entre agentes de pastoral (leigos e leigas, religiosas, padres, diáconos e bispos), incluindo membros de diferentes igrejas cristãs e tradições religiosas, o Simpósio refletiu sobre o objetivo definido a partir do tema: “Desconstruindo muros e construindo pontes: olhares a partir da Carta Encíclica Fratelii Tutti e da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021″.  

O bispo de Cornélio Procópio (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB, dom Manoel João Francisco, na abertura, destacou os aspectos norteadores do ecumenismo e diálogo inter-religioso. O maestro José Luis Manrique presenteou os participantes com o devocional da manhã que contemplava uma abordagem reflexiva e musical com base no Hino da CFE 2021 e Oração de São Francisco de Assis.

O padre René José, da diocese de São Carlos (SP), considerou que a Carta Encíclica Fratelli Tutti e a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano têm muitos desafios na desconstrução de muros de inimizade construídos pelo fundamentalismo, um movimento que, segundo ele, encontra-se arraigado no seio social e religioso.

“O fundamentalismo é movido pelo medo da perda de identidade, de espaço social, político, financeiro, religioso e tantos outros e, em razão disto, procura identificar inimigos para que assim sejam combatidos e vencidos”, disse.

A representante da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE),  também painelista do simpósio,  Mara Vanessa Fonseca Dutra, abordou a rica diversidade e desafios dos povos indígenas do Brasil, dando voz ao depoimento do cacique Ibã Huni Kuin. O padre Justino Sarmento Rezende, indígena Tuyuka, ampliou o aprofundamento sobre as realidades e identidades indígenas no Brasil.

O padre Marcus Barbosa Guimarães, assessor da Comissão para o Ecumenismo da CNBB, coordenou a mesa que contou ainda com provocações e depoimentos da mãe Flávia Pinto, fundadora do Terreiro de Umbanda Casa do Perdão, e do rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista.

Pontes de respeito à diversidade

O secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, participou da abertura do segundo dia, 30 de janeiro. Ele destacou o quanto é importante não só a derrubada de muros como a construção de novas possibilidades de diálogo entre as igrejas.

O bispo de Ponta de Pedras (PA), dom Teodoro Mendes Tavares, membro da Comissão para o Ecumenismo da CNBB, deu ênfase na importância do ecumenismo e do diálogo inter-religioso no Brasil como caminho para a defesa de todos os povos e da própria dignidade humana. O maestro José Luis Manrique propôs, no devocional da manhã, uma aproximação entre duas realidades musicais distintas: o canto em latim e  cântico guarani.

A teóloga e representante do  Grupo de Reflexão Ecumênica e Diálogo Inter-religioso (Gredire), irmã Raquel de Fátima Colet, provocou o debate sobre as práticas possíveis às Igrejas e  instituições na perspectiva de construção de pontes e no respeito à diversidade. Ela também apresentou experiências que apontam para o que definiu como “ecumenismo de vida” de diálogo inter-religioso entre diferentes igrejas.

Entre os muitos desafios, a painelista disse ser necessário à caminhada ecumênica e ao diálogo inter-religioso reconhecer que as pontes de diálogo se fundamentam na convicção de que a presença de cada igreja no mundo só tem sentido na relação. “Construir pontes tem muito mais a ver com projetos de vida e de sociedade – e todas as dimensões que os abraçam – do que com ações pontuais a serem empreendidas”, disse.

No segundo dia também foram apresentadas as ações históricas da CESE, pelo Antônio Dimas Galvão, e a trajetória no Brasil da Iniciativa das Religiões Unidas  (URI), por Salette Aquino. As falas foram interligadas pelos relatos do padre Elias Wolff, em referência à Rede Ecumênica da Água (REDA). Ele também apresentou a experiência da Família Abraâmica, na cidade de São Paulo (SP), como um testemunho de convivência, respeito e ações fraternas entre famílias cristãs, judaicas e mulçumana.

No encerramento do evento, dom Manoel João Francisco parabenizou à toda equipe e participantes pelas motivações e debates proporcionados. Durante o Simpósio, foi proposta a colaboração espontânea ao Fundo Amazônia, organizado pela regional Norte 1 da CNBB em solidariedade aos estados do Amazonas e de Roraima.

Com a colaboração e fotos de Edoarda S. Scherer

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