Ser sal e luz na comunidade!

    Vamos vivendo o tempo ordinário, sendo que a cada domingo a Mãe Igreja nos coloca diante do mistério de Cristo Ressuscitado. O Senhor Ressuscitado faz de nós sal e luz para servir ao mundo, transfigurando toda a realidade humana pela força do seu amor e do nosso testemunho.

    A Palavra de Deus deste 5º Domingo do Tempo Comum convida-nos a refletir sobre o compromisso cristão. Aqueles que foram interpelados pelo desafio do “Reino” não podem remeter-se a uma vida cômoda e instalada, nem se refugiar numa religião ritual e feita de gestos vazios, mas têm de viver de tal forma, comprometidos com a transformação do mundo, que se tornem uma luz que brilha na noite do mundo e que aponta no sentido desse mundo de plenitude que Deus prometeu aos homens – o mundo do “Reino”.

    No Evangelho (Mt 5,13-16), Jesus exorta os seus discípulos a não se instalarem na mediocridade, no comodismo, no “deixa andar”, e pede-lhes que sejam o sal que dá sabor ao mundo e que testemunha a perenidade e a eternidade do projeto salvador de Deus. Também os exorta a serem uma luz que aponta no sentido das realidades eternas, que vence a escuridão do sofrimento, do egoísmo, do medo e que conduz ao encontro de um “Reino” de liberdade e de esperança.

    No Sermão da Montanha, conjunto dos ensinamentos mais elaborados e harmoniosos do Novo Testamento, Jesus ilustra, a partir de duas imagens, a missão dos discípulos: sal da terra e luz do mundo! Sal que tempera o mundo com a caridade evangélica. O discípulo, o sal, necessariamente, serve para ser e fazer a diferença! Se o discípulo se comporta e age da mesma forma que os outros, que diferença faz? O testemunho cristão é lâmpada acesa no candeeiro da casa humana. O mundo, quando iluminado por obras e palavras semelhantes as de Jesus, vê as boas obras do discípulo-testemunha e louva ao “Pai que está nos céus”, convertendo-se à Boa-Nova do Filho. Quais são as obras que manifestam o discípulo como sal e luz do mundo?

    A primeira leitura (Is 58,7-10) apresenta as condições necessárias para “ser luz”: é uma “luz” que ilumina o mundo, não quem cumpre ritos religiosos estéreis e vazios, mas quem se compromete verdadeiramente com a justiça, com a paz, com a partilha, com a fraternidade. A verdadeira religião não se fundamenta numa relação “platônica” com Deus, mas num compromisso concreto que leva o homem a ser um sinal vivo do amor de Deus no meio dos seus irmãos. Por isso, em todos os tempos, Jesus exige de nós: alimentar o faminto, acolher os pobres e os peregrinos, vestir o nu, destruir os instrumentos de opressão, abandonar todo autoritarismo e palavras maldosas. Por isso mesmo, devemos assim agir: “se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia” (Is 58,10).

    A segunda leitura avisa que ser “luz” não é colocar a sua esperança de salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas é identificar-se com Cristo e interiorizar a “loucura da cruz” que é dom da vida. Pode-se esperar uma revelação da salvação no escândalo de um Deus que morre na cruz? Sim. É na fragilidade e na debilidade que Deus Se manifesta: o exemplo de Paulo – um homem frágil e pouco brilhante – demonstra-o. Com São Paulo, vamos aprender a colocar nossa confiança no Espírito e no poder da cruz. O Evangelho é a boa notícia da cruz e esta manifesta que a força do Evangelho não vem da sabedoria das pessoas, mas de Deus.

    Ser sal e luz é fazer que os outros vejam e glorifiquem o Pai. Para ser sal na terra é difícil, porque o sal para fazer o seu efeito ele desaparece. O cristão, na sociedade, para ser sal precisa fazer o trabalho silencioso e generoso. A lamparina produz a luz, mas o azeite é que se consome. O cristão católico só será portador de sentido na medida em que se “consumir” em benefício dos outros. Ser sal e luz significa nos mover ao encontro da valorização da vida de todos.

    Por isso, nós católicos, somos chamados a sermos felizes não se fechando em si mesmo, mas vivendo no meio da sociedade. Sendo sal e luz, proporcionando vida e otimismo à comunidade – brilhando como luz, dando sentido e sabor à vida, sendo sal na convivência humana. Sejamos, neste mundo, “sal da terra e luz do mundo” quando colocamos em prática as bem-aventuranças anunciadas por Jesus!

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