3º Domingo da Quaresma
Celebramos no terceiro domingo deste tempo favorável da Quaresma o tema da água. Tema bem próprio de nossa caminhada rumo à renovação de nossas promessas batismais. Continuamos firmes no propósito de nosso retiro quaresmal e passar junto com o Senhor esse tempo de deserto. Durante esse tempo quaresmal, o Espírito Santo nos impele a colocar em prática o jejum, a esmola e a oração. Por meio dessas três práticas penitenciais da quaresma, podemos nos aproximar do sacramento da reconciliação e trilhar um caminho de conversão.
Quem ainda não se aproximou do sacramento da reconciliação, que é a confissão auricular, ainda há tempo de fazer. Normalmente, a partir dessa semana, as paróquias realizam o mutirão de confissão. Prepare-se bem, faça o exame de consciência e se aproxime do sacramento, no momento da confissão auricular quem nos acolhe é o próprio Cristo. O padre nos acolhe e nos dará a orientação necessária para que mudemos a nossa conduta em relação àquele pecado. Não tenha medo da confissão, ela não deve nos amedrontar, mas deve ser um reconforto para nós.
Participemos da Santa Missa neste dia dedicado ao Senhor e escutemos o que Ele tem a nos falar. Estejamos como a mulher samaritana do Evangelho de hoje e dialoguemos com o Senhor. A melhor forma de diálogo com o Senhor é por meio da oração. Na oração não somos somente nós que falamos, mas também deixamos Deus falar conosco. Criemos essa intimidade com o Senhor.
Não esqueçamos da Campanha da Fraternidade escolhida para esse ano sobre a fome, estejamos atentos às necessidades do próximo e partilhemos com generosidade, que com certeza Deus no dará em dobro. Cresçamos espiritualmente sob a graça e proteção de Deus. Somente a solidariedade e a fraternidade transformarão o mundo e o deixará um pouco melhor. Na próxima semana, a Igreja se revestirá da cor rosa, pois se aproxima a Páscoa do Senhor e a festa da nossa redenção. Isso sempre ocorre no terceiro domingo do Advento e no quarto domingo da Quaresma, portanto, nos alegremos junto com a Igreja. Antes desse domingo Laetare temos as 24 horas para o Senhor da sexta ao sábado, 17 e 18 de março, com vigílias, orações, confissões, celebrações. O tema das 24 horas para o Senhor neste ano é inspirado em Lc 18,13: “Tem piedade de mim, pecador”. Esse evento foi criado pelo Papa Francisco e se estende por todo o mundo.
A primeira leitura da missa do terceiro domingo da quaresma é do livro do Êxodo (Ex 17, 3-7), e relata quando o povo de Deus começou a murmurar contra Deus e contra Moisés por estarem no deserto e passarem sede. O povo de Deus era um povo de cabeça dura e que muitas vezes não compreendia os planos de Deus e reclamava muito.
Deus os tinha livrado da escravidão que sofriam no Egito, das garras do Faraó e era necessário eles passarem pelo deserto até chegarem à Terra Prometida. Eles queriam que tudo acontecesse de imediato, que tivessem saído do Egito e logo chegassem à Terra Prometida, mas tudo acontece no tempo de Deus e não no nosso.
A mesma coisa acontece conosco. Reclamamos muito com Deus, sobretudo, se aquilo que pedimos está demorando para acontecer, mas Deus nunca se esquece de nós e sempre quer o nosso melhor. Confiemos na graça de Deus e em sua misericórdia infinita. O que acontece é que muitas vezes somos ingratos e esquecemos de agradecer tantas coisas boas que Deus faz por nós, e só pedimos e não temos tempo de esperar a graça acontecer.
O salmo responsorial é o 94 (95), que diz em seu refrão: Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor! É necessário ouvir mais e falar menos, até mesmo em nossos momentos de oração, temos que falar menos e deixar Deus falar conosco. Ouçamos Deus falar conosco e, por meio do Espírito Santo, conduzir o nosso caminho.
A segunda leitura da missa desse domingo é da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,1-2.5-8). Paulo diz que somos justificados pela fé através do mistério da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio de Cristo, acreditamos que aquilo que aconteceu com Ele também acontecerá conosco. Se Cristo não tivesse ressuscitado dos mortos, vã seria a nossa fé. Essa leitura da carta aos Romanos veio ao encontro do que estamos celebrando nesse tempo quaresmal.
O cristão é aquele que nutre a esperança dentro de si, essa esperança foi derramada sobre nós através do Espírito Santo. A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu e se entregou por nós, e a meta que cada um deve trazer em seu coração é alcançar a vida eterna. Amemos mais os nossos semelhantes e tenhamos mais amor em nosso coração.
O Evangelho desse domingo é de João (Jo 4,5-42 + longa), e relata quando Jesus chega a um território da Samaria. Os judeus não se davam bem com os samaritanos, pois diziam que eles não eram de uma raça pura, mas Jesus, como sempre, vai na contramão daquilo que a sociedade da época pensava e, ao invés de pregar a exclusão, pregava a inclusão de todos.
No local em que Jesus foi, tinha um poço conhecido como “poço de Jacó”, era por volta do meio-dia e ele estava cansado da viagem. Nesse momento, chegou uma mulher da Samaria para tirar água e Jesus disse a ela: “Dá-me de beber”. A mulher fica espantada e diz a Jesus que como Ele sendo judeu pede de beber a uma samaritana. Jesus diz a Ela que se ela soubesse quem estava lhe pedindo água, ela é quem pediria a água e Ele daria água viva.
Quem nos dá a verdadeira água, aquela a qual nunca mais sentiremos sede é Jesus. Peçamos a graça de Deus de sempre beber dessa água. Quando sentirmos “sede”, meditemos a Palavra de Deus e peçamos a Deus a Eucaristia e dessa forma saciaremos a nossa fome e a nossa sede. Somos convidados a dar essa mesma água que saciou a nossa sede para as outras pessoas e dessa forma transformaremos o mundo.
Muitas pessoas estão afastadas da Igrejas e sedentas de Deus. Quem sabe durante esse período quaresmal poderemos oferecer dessa água à muitas pessoas. Jesus tem um diálogo com essa mulher e conta várias coisas acerca de sua vida, e se revela a ela como o Messias que deveria vir ao mundo. Jesus também conhece a nossa vida e a nossa história, desde o ventre materno. Ele nos conhece, nos chama pelo nome, e guia os nossos passos até o dia de nossa morte.
Peçamos ao Senhor sempre dessa água viva que Ele é capaz de nos dar, mantenhamos a nossa fé viva na ressurreição do Senhor e sejamos mais gratos a Deus por tudo o que acontece em nossa vida. Prossigamos essa caminhada de retiro quaresmal, rumo a nossa conversão. Amém.
