Semana da Pátria

     

    Pode-se questionar como a Semana da Pátria deve ser realizada, qual programação, quem deve ser destacado, quais fatos devem ser celebrados, etc. Isto é muito salutar, pois reflete a multiplicidade e a complexidade de um país no qual, como diz a Constituição todos são iguais. Se no modo de organizar e celebrar a Semana da Pátria não existe convergência, creio que não se pode duvidar da importância de uma semana cívica. A quantidade e a gravidade dos problemas existentes no país não podem ser só assunto das autoridades constituídas, mas são temas para todos os brasileiros.

    Qual é a situação da nossa pátria no presente? Por que o Brasil está assim? Qual Brasil queremos construir? Que modelo de país respeita e inclui todos os cidadãos? Qual a responsabilidade das autoridades constituídas e qual a responsabilidade dos cidadãos? São algumas perguntas entre tantas outras necessárias a serem feitas.

    Uma análise de conjuntura verdadeira e objetiva é o ponto de partida. Quem faz a análise de conjuntura sempre parte de seu ponto de vista e as conclusões terão esta marca. Confrontar a própria leitura com a visão de outros leitores é uma atitude inteligente e sábia. Talvez os pontos de vista diferentes não sejam excludentes, mas podem ser complementares ou até gerar uma visão mais ampla. Uma leitura adequada da realidade presente permite projetar o amanhã. A quantidade de problemas a serem enfrentados não tem solução fácil, imediata, como também os recursos existentes são limitados.

    O ensinamento social da Igreja tem alguns princípios para a construção da sociedade. O primeiro e fundamental princípio que agrega todos os outros é “a dignidade da pessoa humana”. A pessoa humana é o centro e a finalidade de toda estrutura estatal, da política e da economia. Nenhuma pessoa pode ser instrumentalizada e nem ser diminuída a sua dignidade.

    Da dignidade, unidade e igualdade de todas as pessoas derivam os outros princípios: bem comum, destinação universal dos bens, subsidiariedade, participação, solidariedade, caridade e os valores fundamentais da vida social: verdade, liberdade e justiça. Os princípios servem de norte para os planos a serem definidos, como também critério de avaliação da qualidade das propostas.

    Se todos os cidadãos são responsáveis pela nação, o princípio da subsidiariedade merece destaque. Diz o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 185: “É impossível promover a dignidade da pessoa sem que se cuide da família, dos grupos, das associações, das realidades territoriais locais, em outras palavras, daquelas expressões agregativas de tipo econômico, social, cultural, desportivo, recreativo, profissional, político, às quais as pessoas dão vida espontaneamente e que lhes tornam possível em efetivo crescimento social”.

    Outra postura fundamental na construção da pátria é a participação do cidadão na vida cultural, econômica, política e social; seja ela individual ou de forma associativa. A participação é um dever a ser conscientemente exercido por todos em vista do bem comum.

    A busca da verdade, como valor fundamental da vida social, é um direito e dever de todos os cidadãos. Prestar informações verdadeiras, mesmo que não sejam agradáveis, são fundamento para a resolução dos problemas e da construção do futuro.

     

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