Segundo domingo do advento

    Por vezes, a experiência da vida nos diz que, neste mundo, não há justiça e que jamais haverá. Poderíamos fazer aqui uma série de perguntas para as quais, muito provavelmente, não teríamos como resposta mais do que um movimento de cabeça indicando desesperança. Por que tantos jovens estão envolvidos na violência, nas drogas e na delinqüência? Por que as quadrilhas estão em nossas ruas? Por que a justiça, às vezes, não é aplicada da mesma forma nos ambientes pobres e ricos? Por que, em alguns casos, a lei é aplicada em todo o seu rigor e, em outros, com uma enorme compreensão? Por que há homens que não sabem tratar as mulheres – incluindo aí a sua própria – com o devido respeito? Por que, para alguns – muito poucos – cabe um grande pedaço do bolo do mundo, a outros uma porção tão miserável e, a muitos outros, não lhes cabe nada? Por quê? Por quê? Alguns nos falariam que problemas sociais, políticos, culturais e humanos são a causa de todo esse infortúnio, envolvendo-nos com palavras e longos discursos.  Mas, no final, ainda nos restaria esse último por que dando voltas em nossa cabeça.
    O Advento, o tempo que estamos celebrando agora na liturgia e que nos convida a nos prepararmos para a vinda do Senhor, nos oferece uma resposta. De alguma forma, começa reconhecendo a situação. A primeira leitura, do profeta Isaías(Is 11,1-10), nos fala de alguém que irá chegar. É um galho do tronco de Jessé, um descendente de Davi. Possuirá o Espírito do Senhor para governar segundo seus preceitos. Não julgará pelas aparências, mas fará justiça aos fracos e proferirá sentenças justas. Dizer tudo isso é reconhecer com clareza que a justiça existente  neste momento, em nossa sociedade, não é boa. Não chega a todos por igual. Mas a leitura do profeta Isaías, reconhecendo tal situação, nos convida a viver na esperança, porque haverá um dia em que se fará justiça para todos, um dia em que a violência terá fim e todos nos voltaremos para aquele que tem o Espírito do Senhor. Nele encontraremos a justiça de que necessitamos.
    Mas é preciso um passo intermediário e João Batista, no Evangelho(Mt 3,1-12), nos faz recordar. É necessária a conversão. Se hoje esperamos pelo Senhor, precisamos começar a preparar os caminhos para sua vinda. É indispensável viver, desde já como de Ele estivesse entre nós.  Esta é a melhor preparação. João Batista nos diz claramente: “Modifiquem sua vida e  seu  coração”. Pois é errado queixar-se de que não há justiça se não a praticarmos. Se não começarmos agora mesmo a exercê-la,  talvez seja porque, no fundo não a desejamos e, assim, nos entregamos ao comodismo, que não é benéfico para ninguém.

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