Sedentarismo espiritual

    Grandes são os males do sedentarismo físico, mas pior ainda são os que causam o sedentarismo espiritual.
    Este se cifra numa frágil união com Deus, pois ocasiona muitos desvios psicossomáticos. Aparta, de fato, da prática efetiva das virtudes e então os vícios tendem a aumentar e fica instalada a desordem interior.
    O espírito de oração é a fonte de todo vigor espiritual.
    A prece é a elevação da alma a Deus e consiste não apenas em súplicas dentro da promessa de Cristo: “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e se vos abrirá, porque aquele que pede recebe e o que procura acha e ao que bate se lhe abrirá” (Mt 7,7).
    Com efeito, o Mestre divino também havia aconselhado: “Tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está presente em lugar secreto; e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará” (Mt 6,6).
    Trata-se da tertúlia com o Criador de tudo, a qual confere a disposição de sair do marasmo para espiritualmente crescer.
    O católico valoroso entrega pela manhã a seu Senhor tudo que vai fazer naquele dia e deseja isto realizar para glória divina e bem do próximo.
    Passa assim a viver em clima de oração e a humildade envolve sua existência, pois tudo atribui ao Ser Supremo, o qual “resiste aos soberbos, mas aos humildes dá a sua graça” (Tg 4,6).
    O sedentarismo fica afastado, sendo que a ordem de Jesus pode ser observada: “Assim brilhe vossa luz diante dos outros, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).
    O serviço ao próximo se torna possível porque tal cristão vê no outro a figura do Filho de Deus e sai sempre de seu comodismo para cumprir, do melhor modo possível, as tarefas cotidianas.
    Fulge para ele o que Cristo falou: “Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos, é a Mim que o fazeis” (Mt 25, 40).
    Quem se livra do sedentarismo espiritual entra então em sintonia com o que o divino Redentor ensinou.
    Isto porque o sedentarismo impede qualquer ascensão dado que quem  se deixa por ele dominar se instala numa enganosa zona de conforto íntimo. Conforma-se com o que é e aquele que  não avança na perfeição retroage e acaba vítima de sua indolência. Esta o joga nas garras do leão infernal, o qual, como alertou São Pedro, está em derredor dos incautos prestes a devorá-los. Nada mais deletério do que a acomodação, caminho seguro para a degradação.
    Os seguidores de Cristo enfrentam um contínuo combate espiritual, mas sua alma é como o monte Sião que nada pode abalar, exatamente porque não admitem, em hipótese alguma, o sedentarismo espiritual.
    Lembram-se de que a vida do cristão neste mundo é uma luta contínua contra os poderes das trevas e estão alertas e nunca ociosos, estagnados.

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